Os ataques do pastor Silas Malafaia contra a participação de Thammy Miranda em uma ação da Natura para o Dia dos Pais lhe rendeu pelo menos duas representações no Ministério Público do Rio de Janeiro por transfobia, equiparada ao racismo pelo Supremo Tribunal Federal em 2019. As denúncias foram entregues ao procurador-geral da Justiça do Rio no final da última semana e ambas dizem respeito às ofensas do líder religioso contra a identidade de gênero do empresário.
Na terça-feira (28), Malafaia pediu que seus seguidores boicotassem a Natura por colocar “uma mulher para fazer papel de homem no Dia dos Pais”, o que ele considera uma “afronta aos valores cristãos”. Dois dias depois, o pastor voltou a chamar Thammy de “mulher” e “aberração”. Na quinta, após a notícia de que seria denunciado ao Ministério Público, ele voltou às redes sociais e ameaçou: “Vocês vão ter que preparar milhares de ações”, afirmando que a campanha tinha virado meme e seus comentários eram “liberdade de expressão”.
Ambas as representações protocoladas pedem que os ataques de Malafaia sejam enquadrados no crime de racismo. Na primeira, apresentada pela Aliança Nacional LGBTI e pelo Grupo Arco-Íris, as entidades afirmam que o pastor “cometeu deliberadamente, dolosamente e conscientemente o crime de transfobia”, incitando o ódio às pessoas transgêneras e “utilizando conceitos religiosos para, paradoxalmente, reproduzir opressões”.
A segunda, assinada por seis organizações voltada à proteção da população LGBTQ, afirma que as ofensas do pastor configuram “um ataque a toda a comunidade de homens trans, e não apenas a Thammy Miranda, pelo fato de que o ataque teria sido feito qualquer que fosse o homem transexual que participasse da propaganda”.
Assinam esta última representação a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), a Associação Brasileira de Famílias HomoTransAfetivas (ABRAFH), o Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero (GADvS), a Associação Mães pela Diversidade e o CIDADANIA Diversidade, juntamente com a Dra. Maria Eduarda Aguiar da Silva.
Enquanto Malafaia continua tentando que seu boicote vingasse, as ações da Natura chegaram a crescer mais 10% no mercado brasileiro em apenas dois dias, apenas na quarta-feira em que o pastor iniciou seus ataques. É importante também frisar que a campanha oficial da marca (veja abaixo) foi produzida com imagens de pais reais, enquanto Thammy e outras celebridades como Babu Santana Henrique Fogaça e Rafael Zulu foram contratados apenas como influenciadores para divulgarem a hashtag #MeuPaiPresente.