Dua Lipa usou suas redes sociais na última semana para desmentir que teria qualquer envolvimento na Copa do Mundo do Catar, após terem surgido boatos de que a cantora se apresentaria na cerimônia de abertura do torneio. A popstar disse ainda que pretende visitar país sede do campeonato mundial quando houver “respeito aos direitos humanos“.
“Eu vou torcer pela Inglaterra de longe e estou ansiosa para visitar o Catar quando ele tiver cumprido todos os compromissos com os direitos humanos que fez quando ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo”, escreveu Dua Lipa em suas redes sociais. A popstar reforçou ainda que “nunca estive envolvida em nenhuma negociação para me apresentar”.
Dua Lipa é dona de um dos maior sucessos musicais no mundo do futebol com “One Kiss”, sua parceria com Calvin Harris que se tornou um hino não-oficial do Liverpool. Esta, entretanto, não é a primeira vez que a cantora britânica se afasta de empresas ou pessoas condenadas por homofobia e descaso com os direitos humanos.
Ainda no ano passado, Dua Lipa removeu das rádios o remix de “Levitanting” com DaBaby, após o rapper ter gritado ofensas homofóbicas sobre pessoas que vivem com HIV em um de seus shows. Outros nomes como Anitta, Elton John e Madonna também condenaram as falas do rapper.
“Estou surpresa e horrorizada com os comentários de DaBaby. Eu realmente não reconheço isso como a pessoa com quem eu trabalhei. Eu sei que meus fãs sabem onde meu coração está e que eu me solidarizo 100% com a comunidade LGBTQ+. Nós precisamos nos unir para lutar contra o estigma e a ignorância em torno do HIV/AIDS”, publicou Dua no Instagram à época.
Ainda na semana passada, o embaixador da Copa do Mundo, Khalid Salman, disse que a homossexualidade é um ‘dano mental” durante entrevista à TV alemã ZDF. “Durante a Copa, muitas coisas virão para o nosso país. Vamos falar de gays, por exemplo. Mas o mais importante é que todos aceitarão que eles venham aqui. No entanto, eles precisarão aceitar nossas regras”, acrescentou.
O Catar é um país árabe conservador que segue a Sharia, conjunto se leis islâmicas baseadas no Alcorão. Por isso, ser homossexual é considerado um crime, com possibilidade de prisão e até pena de morte.
Em abril, o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, um dos dirigentes de segurança do comitê organizador do Mundial, disse que o Catar vai permitir a entrada de turistas e torcedores da comunidade LGBTI+, mas não aceitaria bandeiras do arco-íris dentro dos estádios.
“Se um torcedor levantar uma bandeira de arco-íris e eu tirá-la de sua mão, não será porque eu quero ou porque o estou insultando. Será para protegê-lo. Porque se eu não fizer isso, alguém poderá atacá-lo. Não posso garantir o bom comportamento de todos. E vou dizer ao torcedor: ‘Por favor, não é necessário levantar a bandeira neste local'”, disse à Associated Press.
Já em julho, o diretor da Federação Galesa de Futebol, Noel Mooney, pediu “bom senso” aos torcedores LGBTI+ que forem ao Mundial. “Temos uma comunidade LGBTQ muito forte entre nossos torcedores e um bom número vai viajar, com certeza. Falaram que haverá tolerância, mas mesmo um casal heterossexual não pode mostrar afeto publicamente nas ruas. Pode ser visto como provocação”, disse.
Ainda no mês passado, a FIFA disse que permitiria bandeiras LGBTI+ nos estádios e que “dá as boas-vindas a todos em seus eventos”. Por sua vez, alguns capitães de seleções europeias como França, Alemanha e Inglaterra pretendem usar braçadeiras com as cores da bandeira LGBT e a frase “One Love”, uma mensagem direta contra a discriminação, usada também por Dua Lipa ao final de sua publicação no Instagram.
A FIFA ainda não esclareceu como pretende garantir na prática a segurança dos torcedores LGBTI+ no Catar durante o Mundial ou evitar que a presença de bandeiras do arco-íris gerem retaliação nos estádios. Segundo a Canarinhos, a organização enviou uma série de esclarecimentos sobre o tema ao coletivo, que pretende divulgar as indicações completas nos próximos dias.