Na última sexta-feira (1º), o mundo conheceu os grupos da primeira fase da Copa do Mundo FIFA de 2022, que acontece entre novembro e dezembro deste ano, no Catar. Em meio a análises esportivas e à expectativa de grandes jogos, quase passou despercebida a decisão da organização de banir bandeiras LGBTI+ no evento.

Segundo o major-general Abdulaziz Abdullah Al Ansari, um dos dirigentes de segurança do comitê organizador do Mundial, o país vai permitir a entrada de turistas e torcedores da comunidade, mas não aceitará bandeiras do arco-íris dentro dos estádios.

LEIA TAMBÉM —> Copa do Mundo 2022: FIFA vai peitar a LGBTIfobia do Catar?

“Se um torcedor levantar uma bandeira de arco-íris e eu tirá-la de sua mão, não será porque eu quero ou porque o estou insultando. Será para protegê-lo. Porque se eu não fizer isso, alguém poderá atacá-lo. Não posso garantir o bom comportamento de todos. E vou dizer ao torcedor: ‘Por favor, não é necessário levantar a bandeira neste local'”, disse à Associated Press.

O argumento foi visto por muitos como um forma de não ir contra as diretrizes da FIFA, já que a entidade máxima do futebol garante ter tolerância zero com qualquer forma de discriminação. Ao mesmo tempo, inibe qualquer tipo de apoio expresso à diversidade, no maior torneio mundial de um dos esportes mais hostis à comunidade LGBTI+.

O Catar, por sinal, é um país conhecido por suas leis anti-LGBTI+ inspiradas na Xaria, o direito islâmico. Por isso, mesmo sendo considerado um país progressista dentro do Oriente Médio, o casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda é estritamente proibido.

Durante a Copa do Mundo de 2018, sediada na Rússia, problemas similares foram registrados antes mesmo de a bola rolar. O ativista britânico Peter Tatchell foi detido em Moscou, horas antes da cerimônia de abertura, por ter levantado um cartaz com os dizeres “Putin falha ao agir contra as torturas de pessoas LGBTs na Chechênia“.

À época, o mundo estava em choque com as denúncias de que a Chechênia mantinha “campos de concentração” onde prendia, torturava e assassinava cidadãos acusados de serem homossexuais (relembre na nossa matéria especial aqui). O tratamento seria aprovado por Vladimir Putin, que também já deu suas próprias declarações homofóbicas em mais de uma ocasião.