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Maioria das trans eleitas na política sofrem violência no Brasil

Maioria de trans eleitas passam por violência no Brasil [Foto: Reprodução]

Maioria de trans eleitas passam por violência no Brasil [Foto: Reprodução]

Segundo um novo levantamento realizado pela Folha de S. Paulo e publicado na última terça-feira (17), a maioria das travestis e transexuais eleitas para as Casas legislativas no Brasil relataram ter passado por situações de violência política transfóbicas, enquanto outra grande parte sofreu ameaças de agressão e morte. A equipe da Folha entrevistou 24 das 27 parlamentares transexuais com um cargo eleito na política nacional, incluindo Filipa Brunelli (PT), Erica Malunguinho (PSOL), Benny Briolly (PSOL), Erika Hilton (PSOL), Duda Salabert (PDT), dentre outras.

Das 27 pessoas trans exercitando um mandato legislativo em Câmaras Municipais no Brasil, 24 responderam a pesquisa do jornal. Dessas, 17 afirmaram ter recebido algum tipo de ameaça no exercício do mandato.

Os dados demonstram que, embora o número de transexuais na esfera política brasileira tenha crescido nos últimos anos e não seja exatamente uma novidade, já que Kátia Tapety foi a pioneira nesse aspecto, ainda no início da década de 1990, a realidade que elas enfrentam é bem diferente das demais pessoas eleitas, “a ponto de algumas não entrarem pela porta da frente das Casas legislativas e andarem em carro blindado”, como destaca a reportagem.

Ameaças de morte personalizadas com o endereço das parlamentares ou dirigidas a familiares delas se tornaram uma rotina frequente durante o mandato da maioria das participantes da pesquisa. Os efeitos desse estado constante de perigo são sentidos de forma diferente por cada uma delas, enquanto algumas afirmam que precisaram sair do País ou parar, mesmo que temporariamente, de frequentar os locais de trabalho.

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Os principais ataques ou atos de preconceito relatados pela pesquisa foram: ameaças de morte, xingamentos transfóbicos, uso proposital do gênero masculino com mulheres trans, boicote a projetos de lei propostos e “perseguição política”. Das 24 entrevistadas, 12 relataram ter registrado queixas por algum desses ataques.

“Infelizmente, a gente não tem o privilégio de sentar na nossa mesa, ler os projetos, votar. Não. Além de tudo isso, a gente tem que pensar na integridade física dos nossos corpos”, disse Filipa Brunelli à reportagem da Folha. “Eu não quero ser um mártir, uma nova Marielle [Franco], quero fazer o meu mandato, continuar sendo a liderança das minhas.”

No ano passado, a vereadora Erika Hilton, Samara Sosthenes, do mandato coletivo Quilombo Periférico (PSOL-SP), e Carolina Iara, da Bancada Feminista (PSOL-SP), foram alvos de ataques e tentativas de intimidação em menos de uma semana exercitando seus respectivos mandatos no Estado de São Paulo. As três parlamentares registraram boletins de ocorrência sobre os casos e, em abril, Hilton obteve uma sentença favorável do Tribunal de Justiça de SP para quebrar o sigilo de dados de 49 dos 50 perfis que ameaçaram sua integridade física pelo Twitter e pelo Facebook.

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Benny Briolly, a primeira vereadora trans eleita em Niterói, teve de deixar o País por causa das constantes ameaças de morte que vinha recebendo em 2021. Hoje, ela tem mais de 20 processos e investigações correndo sobre ameaças à sua integridade física.

“Paralelo a isso, uma série de incidentes de segurança tem nos deixado cada vez mais alerta. As instituições que atuam na proteção de defensoras de direitos humanos e têm acompanhado esses acontecimentos estão cada vez mais preocupadas com o aumento do risco”, declarou Benny à época.

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Ainda segundo o levantamento da Folha, 7 das 11 parlamentares ameaçadas não tiveram qualquer tipo de apoio ou proteção do Poder Legislativo e a maioria dos ataques acontece quando elas propõem algum projeto de lei referente a proteção ou promoção dos direitos e visibilidade LGBTI+.

Confira a reportagem completa aqui.

 

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