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BRASIL

Veja 10 fake news criadas contra a comunidade LGBTQ

As eleições 2018 que levaram Jair Bolsonaro, então candidato pelo PSL, à Presidência, tiveram uma enxurrada  de fake news direcionadas à comunidade LGBTI+ e disseminadas à exaustão pelo disparo em massa do Whatsapp. Aqui na Hibrida, nós falamos na nossa 1ª edição sobre como essa indústria é financiada pela extrema direita ao redor do mundo e também atentamos para os casos específicos do Facebook e das correntes de desinformação que se seguiram ao assassinato de Marielle Franco.

Agora, nós listamos abaixo 10 fake news criadas para difamar a comunidade LGBTI+, direta ou indiretamente. E, na imagem abaixo, confira a nossa cobertura das eleições 2022 e todas as candidaturas da comunidade mapeadas até então.

Eleições 2022: Veja todas as propostas de candidatos à Presidência para a comunidade LGBTI+ (Foto: Revista Híbrida)
Eleições 2022: Veja todas as propostas de candidatos à Presidência para a comunidade LGBTI+ (Foto: Revista Híbrida)
Eleições 2022: Veja todas as candidaturas LGBTI+ divididas por Estado

Governo quer usar dinheiro público para distribuir “kit gay” em escolas 

Falso: O Ministério da Educação teria desenvolvido, com dinheiro público, um “kit gay” para ser distribuído em escolas e doutrinar as crianças a se vestirem e se portarem como o gênero oposto, aos moldes da tal ideologia de gênero (veja abaixo).

Verdadeiro: O “kit gay”, na verdade, é um apelido pejorativo usado pela bancada religiosa para designar o programa “Escola Sem Homofobia”, desenvolvido em 2011 com  três vídeos, um DVD e guias de orientação a professores para aprenderem a lidar com a diversidade sexual e de gênero no âmbito escolar.

Durante uma entrevista no “Jornal Nacional”, ainda na disputa pelo primeiro turno das eleições 2018, Jair Bolsonaro usou o termo “kit gay” para falar sobre um livro que teria teor sexual e seria distribuído em escolas públicas do Brasil como parte do programa “Escola Sem Homofobia”. Mas, na verdade, o livro em questão é “Aparelho sexual & Cia.”, uma publicação da editora Companhia das Letras, que nunca chegou a ser distribuído em escolas públicas. Nesta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ordenou que todos os vídeos referindo-se a tal publicação como “kit gay” fossem retirados da internet, por “gerar desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político”.

Bolsonaro segura livro “Aparelho sexual & Cia.”, da Companhia das Letras, e diz que publicação foi distribuída em escolas públicas (Foto: Reprodução)

Governo promoveu “Seminário LGBT infantil”

Falso: Na mesma entrevista que condenou o “kit gay” distribuído pelo Brasil, Jair Bolsonaro também condenou um suposto “Seminário LGBT infantil”, que teria ocorrido na Câmara dos Deputados com o intuito de converter crianças heterossexuais em LGBTs.

Verdadeiro: O evento mencionado pelo candidato foi, na verdade, o 9º Seminário LGBT no Congresso Nacional – Respeito à diversidade se aprende na infância, evento periódico com temática que muda a cada edição e que, em 2012, discutiu formas de combater a violência contra crianças.

“A deputada Teresa Surita, da Frente Parlamentar Mista de Direitos da Criança e do Adolescente, e o deputado Jean Wyllys, da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, durante o 9º Seminário LGBT no Congresso Nacional – “Respeito à Diversidade se Aprende na Infância” (Foto: Elza Fiúza | Agência Brasil)

“Ideologia de gênero” é uma forma de ensinar meninos a serem meninas e vice-versa

Falso: Discutido desde 2014, quando o estudo sobre gênero foi vetado de entrar para o Plano Nacional de Educação (PNE), o debate sobre a chamada “ideologia de gênero” ganhou ainda mais força com projetos como o “Escola Sem Partido” e as ideias enviesadas sobre o que isso seria. De acordo com alguns grupos conservadores, a “implementação” da ideologia de gênero nas escolas seria uma forma de ensinar às crianças que a própria ideia de gênero não existe e que elas poderiam escolher se querem ser homem ou mulher quando atingissem certa idade. Nas palavras de Jair Bolsonaro, a discussão também seria uma forma para “ensinar meninos a brincarem de boneca”.

Verdadeiro: A proposta de discutir gênero nas escolas não passa pela “doutrinação de gênero” (até porque isso seria impossível), mas diz respeito sim a uma educação não-sexista e discriminatória, não só para LGBTs, mas também para mulheres. Dentre os princípios de educação sobre gênero está o papel da mulher na sociedade e como ela é encarada como “mais apta” para tarefas domésticas e não para raciocínios lógicos, por exemplo – construções meramente sociais e sem qualquer evidência científica/biológica. Outro ponto levantado é a própria educação, abordando o funcionamento do sistema reprodutivo, doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos.

Outro exemplo que podemos citar é como a educação sexual e sobre gênero ajuda as escolas a identificarem casos de abuso sexual em crianças e adolescentes, muitas vezes registrando no próprio âmbito familiar desses/as alunos/as, como mostrado abaixo. A importância dessas discussões é tanta que, de acordo com pesquisa do Ibope, 84% dos brasileiros apoiam que o tema seja tratado em ambiente escolar.

Exemplo de como a discussão sobre gênero ajuda a identificar casos de abuso sexual em crianças e adolescentes (Foto: Reprodução Facebook | Camila Mossi de Quadros)

 

Fernando Haddad vai mudar o gênero de crianças de 5 anos

Falso: Uma foto de Haddad foi divulgada na internet, com uma suposta frase dita pelo candidato do PT à presidência: “Ao completar 5 anos de idade, a criança passa a ser propriedade do Estado! Cabe a nós decidir se menino será menina e vice-versa! Aos pais cabe acatar nossa decisão respeitosamente! Sabemos o que é melhor para as crianças!”.

Verdadeiro: Através de sua assessoria, Fernando Haddad esclareceu que nunca disse a frase abaixo atrabuída a ele. Ainda em setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ordenou que imagens com tal declaração fossem retiradas da internet, por serem falsas.

Fala de Fernando Haddad sobre decidir o gênero de crianças de 5 anos é falsa (Foto: Reprodução Facebook)

Jean Wyllys vai criar lei para obrigar casamento gay em igrejas

Falso: De acordo com boatos espalhados pelas redes sociais, Jean Wyllys (PSOL) teria sido convidado por Fernando Haddad para assumir o Ministério da Educação (outros rumores apontam Jean como um futuro Ministro da Juventude). Não obstante, outras versões mais “completas” da “notícia” afirmam que o deputado federal criaria um projeto de lei Marielle Franco, no qual obrigaria igrejas de qualquer religião a realizarem casamentos homoafetivos.

Verdadeiro: Jean nunca foi convidado para assumir um ministério em um possível mandato de Haddad e o projeto de lei que obrigaria igrejas a celebrarem casamentos gays nunca existiu, como o próprio deputado já afirmou em nota oficial à imprensa.

Jean Wyllys nunca teve projeto de lei para obrigar igrejas a casarem gays e nunca foi convidado por Haddad para assumir ministérios em uma possível presidência do petista (Foto: Divulgação)

Fernando Haddad postou foto segurando um pênis de borracha

Falso: Uma imagem divulgada no Twitter mostrou Fernando Haddad segurando um suposto dildo, enquanto o autor questionava “a moral e capacidade” do candidato petista de governar.

Verdadeiro: A imagem original mostra Fernando Haddad segurando uma garrafa de catuaba Selvagem, como provado pela Agência Lupa.

À esquerda, Fernando Haddad segurando garrafa de catuaba; à direita, imagem manipulada na qual o candidato do PT é visto com um pênis de borracha na mão (Foto: Reprodução)

Fernando Haddad vai distribuir mamadeira erótica em creches brasileiras

Falso: Fernando Haddad e o PT estariam distribuindo mamadeiras com o bico em formato de pênis, como parte de um plano para lutar contra a homofobia e ensinar a “ideologia de gênero” nas escolas.

Verdadeiro: Em seu site oficial de combate a fake news, o Partido dos Trabalhadores refutou a possibilidade de estar distribuindo qualquer material similar à mamadeira abaixo. No último dia 5, o próprio TSE ordenou a remoção do vídeo originou tal “denúncia” de todas as plataformas digitais, alegando: “A publicação tem a clara intenção de desvirtuar as concepções do candidato representante, disseminando informações manifestamente inverídicas sobre sua atuação perante as creches”.

Suposta mamadeira erótica distribuída em creches pelo PT e por Fernando Haddad para combater a homofobia era fake news (Foto: Reprodução)

Manuela D’Ávila usou camiseta com estampa “Jesus é Travesti”

Falso: Uma imagem falsa de Manuela D’Ávila durante uma sabatina de julho deste ano, em Minas Gerais, viralizou nas redes sociais. Na foto, a candidata aparece usando uma camisa com a estampa “Jesus é travesti”.

Verdadeiro: A estampa original da camiseta  é “Rebele-se” e não “Jesus é travesti”.

Foto de Manuela D’Ávila usando camiseta com estampa de “Jesus é travesti” foi manipulada para criar fake news contra a candidata (Foto: Reprodução Instagram)

Pedófilos fazem parte da comunidade LGBT+

Falso: No Twitter, Eduardo Bolsonaro divulgou a imagem de um cartaz no qual é possível ver a adição do “P” na sigla LGBT, como uma suposta inclusão de pedófilos na comunidade.

Verdade: A imagem verdadeira foi publicada no site 4chan, em 2017,  como parte de um fórum da extrema-direita criado especificamente para produzir notícias falsas que difamassem a comunidade LGBT.

Cartaz que inclui pedófilos na comunidade LGBT foi criado em site de extrema-direita com o objetivo de difamar a comunidade (Foto: Reprodução)

Em Juiz de Fora, drag queen é contratada para ensinar ideologia de gênero a crianças

Falso: Um vídeo de Femmenino brincando com alunos de uma escola foi divulgado pelo MBL, com a legenda: “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo com nossas crianças”. No trecho, a drag queen mineira é vista conversando com um garoto, quando este afirma que separar “brinquedo de menino e de menina é preconceito!”. A fala foi suficiente para que a página acusasse Femmenino de estar ensinando “ideologia de gênero” nas escolas.

Verdadeiro: O clipe de 15s faz parte do programa “Na hora do lanche”, produzido pela própria UFJF, que se posicionou favorável ao resultado. No episódio em questão, um especial para o Dia das Crianças, Femmenino visitou o Colégio de Aplicação João XXIII e conversou com crianças sobre uma infinidade de assuntos, quando o próprio aluno do vídeo grita que separar brinquedos de meninos e de meninas “é preconceito”.

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