Playlist: Os melhores lançamentos LGBTI+ de novembro

Na coluna deste mês com os principais lançamentos LGBTI+ de artistas nacionais e internacionais em novembro, o colunista Fabiano Moreira* comenta os novos discos de Danny Bond e Black Eyed Peas, o novo EP de Urias, além dos novos singles de A Travestis e Marley no Beat, Rihanna, Gominho e Kafé, Pabllo Vittar com Pedro Sampaio, Linn da Quebrada, Kim Petras, Gaby Amarantos e Rohma.

Abaixo, confira a seleção. E não deixe de seguir a nossa playlist logo aqui para ouvir também outros lançamentos que saíram ao longo do ano:

Danny Bond – “Caceteira”

A alagoana Danny Bond surpreendeu a todos com o lançamento relâmpago de Caceteira, seu segundo álbum, com participações de Kaya Conky, Potyguara Bardo, Getúlio Abelha e Chau do Pife. O disco chegou junto ao clipe de “Vai maluca”. Obcecada por Nicki Minaj, objeto de várias paródias, ela faz referências à artista em “Traz o B”. Cria da favela do Bolão, periferia de Maceió, ela é conhecida como “Rainha do Jacintinho”, bairro onde morou na adolescência. Ela estourou, há quatro anos, com o hit “Tcheca”, que está quase batendo cinco milhões de plays no YouTube, e também participou de “Barbie”, com Rebecca, Lexa e Pocah. Neste novembro, ela também brilhou com “Kama Surta Remix”, ao lado de Dornelles, que já apareceu aqui em abril, com a versão original da track, e em janeiro, com “Queimado”.

Black Eyed Peas – “Elevation”

O Black Eyed Peas sempre curtiu o Brasil e não é diferente na divulgação de seu novo álbum, Elevation, que tem faixa com a nossa musa Anitta, “Simply the best”, com direito a dançarinas com shortinho jeans de funkeira e imagens da icónica escadaria Selarón, na Lapa, cartão postal do Rio. E, se é pra divar, o álbum traz Shakira em “Don’t you worry” e participações de David Guetta, Ozuna, El Alfa, Anuel Aa, Marshall Jefferson, Nicky Jam e Nicole Scherzinger, dentre outros. Seis vezes ganhadores do Grammy, o trio de Los Angeles formado por Will.i.am, Apl.de.Ap e Tabooeles continua fazendo música para agitar as pistas, com uma mistura de hip-hop, ritmos latinos, R&B, eletrônica, trap e mais. É como eles avisam na faixa “Jump”, que escolhi pra playlist aqui da Híbrida: “when you play this song all the girls will go loca”.

Urias – “Her Mind, PT 2”

Meu amigo de soundcloud Maffalda está maior do que nunca em Her mind, PT 2, o segundo da trilogia que irá formar o segundo disco da artista trans Urias. O EP segue os passos do primeiro, como contei na coluna de junho, flertando com house, trance e eletrônico experimental, na melhor escola de Arca. Todas as composições são assinadas por Maffalda, Number Teddie e Urias. Confesso que sinto falta da língua portuguesa, tão bela, a última flor do Lácio.

Gominho – “Drink de Gin”

Celebridade e cheio de bons amigos em Salvador, aonde está morando, o carioca Gominho deu uma festa daquelas no clipe de sua primeira música, o delicioso chicletinho “Drinque de Gin”, cheio de balanço e perfume charme. O single anuncia seu disco de estreia, que está vindo aí, ainda este ano. Tem várias pessoas que eu gosto no clipe, todos da novíssima cena de música de Salvador, como a bela Tertuliana Lustosa, do projeto A Travestis, que entrevistei pra Sexta Sei aqui, Nininha Problemática, Nêssa, cantora que foi repostada por Chloe Bailey por se vestir como a artista no Halloween, Kafé, que é o produtor da faixa e do disco, e todo um “agloremou” de pessoas transantes. Amo o final, com o culto à planta mágica, “prismáática”, que garante o “verdin” que já tá “bolado” da letra. Adorei tudo. 

Rohma, Fairy Adams, Telefunksoul, DJ Werson e Fall Clássico – “Manda Nudes”

Eu já falei do italiano radicado no Rio Rohma nas colunas de julho, quando saiu o clipe viciante com Letrux de “Kobra”, e de agosto, quando foram lançados o disco, @rroboboy, e o clipe para “SOLO IO”, versão drama de “Esquinas”, de Djavan. Assim como o clipe de “Kobra”, indicado na categoria de “Inovação em vídeo nacional”,  do Music Video Festival, o filme foi feito em animação 3D. “Pro alfa heterotop / Que na mão da trans delira / Pra  quem se diz ativo / Mas na hora sempre vira”, diz a letra da música, que ganhou versão remix assinada pelos DJs baianos  Telefunksoul (amoooooooo), DJ Werson e Fall Clássico. Dirigido por Francisco Salles, o clipe presta homenagem à Madonna, aos trinta anos do livro SEX e do disco Erotica, maior influência no trabalho do Rohma, que faz umas dancinhas muito engraçadas, ahahaha, “manda!”.

A Travestis e Marley no Beat – “Murro na Costela” (Bregafunk)

Hit LGBTQIPA+ desde 2019, com mais de três milhões de visualizações, “Murro na Costela”, do projeto baiano A Travestis, capitaneado pela mulher trans Tertuliana Lustosa, acaba de ganhar remix bregafunk com participação do recifense Marley No Beat, ícone do ritmo. “Pede pro maloca dar murro na sua costela / É só uma brincadeira, diga: vai, machuca ela“, diz a letra sobre a prática sexual que já conquistou Gloria Groove e Pabllo Vittar, que inseriram coreôs sutis do soquinho em “Triste com T” e “Bonekinha”. Pabllo, inclusive, já cantou o hit com Tertuliana, no carnaval de Salvador. A gata já apareceu aqui na coluna várias vezes, incluindo na lista dos dez melhores discos LGBTQIA+ de 2021, e também teve entrevista na Sexta Sei. Sou muito fã. Viram Gominho no clipe gravado no Santo Antônio Além do Carmo e também no Elevador Lacerda, pontos tradicionais e populares de Salvador? E viva o protagonismo queer.

Rihanna – “Lift Me Up” e “Born Again”

As gays tanto imploraram que conseguiram um retorno de Rihanna, que lançou single, a baladona sentimental e poderosa “Lift Me Up”, faixa presente na trilha sonora do filme Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, uma homenagem a Chadwick Boseman, morto em 2020. A track marca seu retorno à música, após seis anos de hiato, grande parte cuidando de sua marca de beleza, a bem-sucedida Fenty, que teve performance da Anitta em recente show da linha de lingerie, a Savage X Fenty. As gays enlouqueceram, no Twitter, dizendo que ela lançará disco, mas a gata já avisou que dá trabalho e que é pra gente pensar em outras coisas, por hora, que ela está preocupada em ser mãe, bilionária e feliz. Ela tem mais uma faixa na trilha sonora do filme, “Born Again”.

Gaby Amarantos – “Não vou te deixar“

Imagens da TV Pará de 2007 ilustram o clipe de “Não Vou Te Deixar”, versão tecnomelody de “I Don’t Want To Get Hurt”, de Roxette, que Gaby Amarantos gravou, como resgate às origens da carreira na Banda TecnoShow, que foi fundada em 2002 sob sua liderança. Com produção do gênio e guitarrista Félix Robatto, o single antecipa o lançamento, em dezembro, do projeto TecnoShow, com faixas da época da banda que misturam riffs acelerados de guitarra brega com batidas eletrônicas. Músicas do projeto serão apresentadas no show da cantora nos dez anos do Festival Psica, no dia 17 de dezembro.

Kim Petras – “If Jesus Was a Rockstar“

A mulher trans alemã Kim Petras segue entre o sagrado e o profano, segurando um crucifixo na capa do seu último single, “If Jesus Was A Rockstar”, que chegou na esteira do tremendo sucesso de “Unholy”, feat estouradaço com Sam Smith que passou por aqui nos lançamentos de setembro. “If Jesus was a rockstar / Living like a party everyday / And diving off the stage”, diz trecho de letra. No lyric vídeo com direção de Eli Sheppard, as escrituras estão no corpo de um homem tatuado. A faixa é resultado da mistura de balada com a festa dos sintetizadores reminiscentes dos anos 90.

Pabllo Vittar, Urias, Honey Dijon, Pedro Sampaio, Linn da Quebrada – “Everybody”, “Sal”, “Back in Bahia”

Esse é o terceiro mês consecutivo que a drag Pabllo Vittar entra aqui na seleção para a Híbrida, fruto de muito trabalho da boneca, que não descansa. Ela começou o mês lançando “Sal” com o DJ Pedro Sampaio, que dividiu opiniões. A música é mesmo bem fraquinha, como todas da carreira fundada em autotune dele, mas o clipe é bem bacana, com destaque para os looks glaciais. Pabllo também participou, a convite do Spotify, da série Atemporais, que homenageou os 80 anos de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Gilberto Gil com regravações de novos nomes. Enquanto Pabllo gravou “Back in Bahia”, Linn da Quebrada fez a sua versão para “Babá Alapalá”, ambas reverenciando Gil. Pra encerrar, Pabllo Vittar e Urias participam de álbum da DJ estadunidense Honey Dijon, Black Girl Magic, na faixa house “Everybody”. Honey Dijon trabalhou com Beyoncé em três faixas do álbum Renaissance.

*Fabiano Moreira é jornalista desde 1997 e já passou pelas redações de O Globo, Tribuna de Minas, Mix Brasil, RG e Baixo Centro, além de ter produzido a festa Bootie Rio. Atualmente, é colunista da Sexta Sei.