Com a alta expectativa em torno de Renaissance, disco que marca o retorno de Beyoncé para o pop dançante, algumas lojas na Europa se anteciparam e começaram a vender o álbum antes de sua estreia oficial, à meia-noite desta quinta-feira (28). Além de ter provocado o vazamento online das faixas, o descuido também serviu para que os fãs tivessem acesso antecipado ao encarte do projeto, cujas imagens confirmam uma teoria que já circulava entre os fãs da Queen B: uma das inspirações por trás do trabalho é seu tio gay, Jonny Knowles.

Conhecida por não dar muitas entrevistas na última década e raramente falar sobre vida pessoal, Beyoncé já havia mencionado o tio durante seu discurso no GLAAD Awards de 2019, quando foi homenageada pela organização por seu histórico de luta e defesa dos direitos LGBTI+.

“Ele foi o homem gay mais fabuloso que eu já conheci, e ajudou a criar eu e minha irmã. Ele viveu sua verdade, foi corajoso e destemido numa época em que esse país não era tão receptivo”, disse Beyoncé, visivelmente emocionada naquele evento.

Na mesma oportunidade, ela declarou com lágrimas nos olhos que o tio morreu muito cedo por complicações do HIV: “Seja entre nossos fãs, nossos amigos ou nossas famílias, a comunidade LGBTQ sempre esteve aqui para nos apoiar. Nós estamos aqui para promover o amor a todo ser humano. E a mudança começa com aqueles mais próximos a você. Então vamos dizer a essas pessoas que elas são amadas. Vamos lembrá-las que elas são lindas, vamos protestar e protegê-las. E pais, vamos amar nossos filhos da forma mais verdadeira possível.

No encarte de "Reinassance", Beyoncé agradece ao seu tio Jonny, "o homem gay mais fabuloso" que ela já conheceu e inspiração para o disco (Foto: Reprodução)
No encarte de “Reinassance”, Beyoncé agradece ao seu tio Jonny, “o homem gay mais fabuloso” que ela já conheceu e inspiração para o disco (Foto: Reprodução)

Agora, no encarte de Renaissance, Beyoncé volta a mencionar seu tio na página dedicada aos agradecimentos: “Um grande obrigado ao meu tio Jonny. Ele foi minha madrinha e a primeira pessoa a me expor a muitas das músicas e cultura que servem de inspiração para esse álbum”, escreveu a artista, depois de ter citado o marido Jay-Z e os três filhos, Blue Ivi, Rumi e Sir.

“Criar esse álbum me permitiu um lugar para sonhar e para encontrar escapismo durante um tempo assustador para o mundo. Ele permitiu que eu me sentisse livre e aventureira em uma época que poucas coisas estavam se movendo. Minha intenção era criar um lugar seguro, um lugar sem julgamentos. Um lugar para ser livre do perfeccionismo e da obsessão. Um lugar para gritar, se soltar, sentir a liberdade”, continua.

O trabalho, explica Beyoncé, é dividido em três atos e foi criado durante o isolamento da pandemia de covid. “Uma época para ficar parada, mas também uma época em que me descobri criativa ao máximo.”

Segundo Beyoncé, Renaissance também é dedicado “a todos os pioneiros que originaram a cultura, a todos os anjos caídos cujas contribuições não têm sido reconhecidas por muito tempo”. Como deu para perceber na primeira música de divulgação, “Break My Soul”, o disco é inspirado na house music, no ballroom e, como de praxe, em uma penca de artistas negros que criaram e ajudaram a moldar as manifestações sonoras e estéticas dessa cultura, com participações de nomes como Big Freedia, James Brown, Grace Jones, Prince e Donna Summer.

Abaixo, assista a parte do discurso de Beyoncé durante a cerimônia do GLAAD Awards 2019, quando ela foi reconhecida com o prêmio Vanguarda, já entregue a outros nomes como Mariah Carey, Britney Spears, Cher e Elizabeth Taylor.