Morreu na manhã desta quinta-feira (6) o dramaturgo José Celso Martínez Côrrea, o Zé Celso, aos 86 anos. Ele estava internado em estado grave na UTI do Hospital das Clínicas, São Paulo, desde terça-feira (4), após ter sido vítima de um incêndio em seu apartamento, que comprometeu 53% do seu corpo e, por fim, resultou na falência de seus órgãos.

Zé Celso foi um dos líderes e criadores do Teatro Oficina na década de 1960 ao lado de Renato Borghi, Etty Fraser, Fauzi Arap, Ronaldo Daniel e Amir Haddad. O grupo, revolucionário na cena teatral nacional, afrontou a ditadura militar através da linguagem provocante, deboche e reinvenção da cultura brasileira em peças como O Rei da Vela, Um Beijo no Asfalto e o espetáculo Roda Viva, escrito por Chico Buarque.

Estrelada por Marieta Severo, Heleno Prestes e Antônio Pedro em sua primeira temporada e por Marília Pêra, André Valli e Rodrigo Santiago durante a segunda fase, “Roda Viva” foi censurada em 1968 por ser considerada “degradante” e “subversiva”. À época, os atores foram agredidos e o cenário no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, destruído.

Em 2018, a peça foi remontada e atualizada sob direção de Zé Celso, trazendo, desta vez, críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e menções à tecnologia do século XXI.

O dramaturgo deixa o marido, o diretor Marcelo Drummond, de 60 anos. Juntos há mais de três décadas, eles se casaram em junho deste ano, no Teatro Oficina, numa cerimônia que contou com a presença de amigos e personalidades como Daniela Mercury, Marina Lima e Mariana Morais.

Marcelo e os atores Ricardo Bittencourt e Victor Rosa também estavam no apartamento e seguem em observação pela inalação de fumaça. A causa do incêndio ainda está sendo investigada, mas acredita-se que foi um aquecedor que causou o acidente.

O corpo será velado no Teatro Oficina. De acordo com a assessoria, ainda não há informações sobre horário e data.

Nas redes sociais, políticos e figuras públicas como o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, a deputada federal Erika Hilton, o cantor Gilberto Gil e o diretor Kleber Mendonça Filho lamentaram a perda de um dos principais nomes da cena artística nacional.