A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta segunda-feira (18) o relatório Conflitos no Campo – Brasil 2021, em cerimônia realizada na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. De acordo com o documento, houveram 1.768 conflitos no campo e 35 assassinatos sobre questões ligadas à terra, à água e aos direitos trabalhistas no último ano, com dois destes classificadas como massacres (com mortes de três pessoas ou mais). Entre as principais vítimas, estão indígenas, LGBTIs e trabalhadores sem-terra.

Pessoas LGBTI+ – sendo quatro identificadas como sem-terras e uma indígena -, também foram vítimas de violência, em episódios que incluíram humilhação; prisão; assassinato; intimidação e tortura. Esta é a primeira vez que o documento apresenta informações quanto à orientação sexual das vítimas.

Apesar de as disputas terem decaído 13,92% com relação ao ano anterior, os homicídios apresentaram uma alta de 75%, com 80% destes registrados somente na região da Amazônia (28 dos 35 totais). Rondônia, Maranhão, Tocantins e Rio Grande do Sul aparecem em seguida como os estados com o maior número de mortes.

O relatório também prestou homenagem à Terra Indígena Yanomami (TIY) que, em 2021, registrou 109 mortes em decorrência de conflitos por garimpo ilegal – 100 a mais que no ano anterior. De acordo com o documento, mortes motivadas por essa prática se diferem dos homicídios.

O território Yanomami se tornou um dos mais afetados pela exploração clandestina no País. Segundo dados coletados pelo MapBiomas, entre 2016 e 2020, houve um aumento de 3.350% na área de garimpo de ouro e, neste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou um decreto chamado de “mineração artesanal” que deve estimular as práticas ilegais na região.

Confira o relatório “Conflitos no Campo – Brasil 2021” no site da CPT.