Uma das principais e mais aguardadas atrações na 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, Pabllo Vittar subiu às 15h deste domingo (11) no trio da Amstel para um show apoteótico que passeou por seu vasto catálogo de sucessos. Antes, a drag queen mais seguida do mundo recebeu a Híbrida no camarim para falar sobre a importância de se apresentar no evento, do qual já se tornou presença cativa nos últimos anos.

“A diferença maior é a busca que temos pelos nossos direitos, por mais empregabilidade. Porque nos outros shows a gente não vai atrás de emprego, né, vai atrás de putaria mesmo”, afirma Pabllo, sem perder o bom humor mesmo quando fala sério.

O tema escolhido para a Parada deste ano é Queremos políticas sociais para LGBT+, por inteiro e não pela metade. Em coletiva de imprensa na última segunda-feira (5), a presidente da organização responsável pelo evento, Claudia Garcia, reforçou que o mote busca dar visibilidade à exclusão da comunidade às políticas sociais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS): “Precisamos ter acesso a esses serviços, que esquecem a nossa comunidade. Cobrem seus direitos”.

Para Pabllo, o evento é mais do que apenas uma festa para celebrar o Orgulho LGBTQIA+: “A Parada é um ato político. Mais que um ato político, é uma luta pelas nossas vidas, por nossos direitos e por mais respeito”, afirma. “Por aceitação eu nem digo, porque a gente já se aceita. Mas a gente quer emprego e respeito.”

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As reivindicações políticas da comunidade LGBTQIA+ voltaram ao centro da discussão na Parada de São Paulo deste ano. No início do evento, discursos acalorados da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), do ministro Silvio Almeida e da secretária nacional Symmy Larrat frisaram a importância de lembrar que a data é de celebração, mas também de luta.

O Orgulho LGBTQIA+ é celebrado ao longo de todo o mês graças à Revolta de Stonewall, em Nova York, que em 28 de junho de 1969 marcou o que muitos historiadores consideram o início do movimento articulado na luta pela cidadania e pelos direitos dessa população. O episódio foi liderado pela ativista transexual Marsha P. Johnson, morta em 1992.

Ao longo do show neste domingo, a artista esbanjou vocais, brincou com o público, se debruçou sobre as grades do trio e executou com energia invejável as muitas coreografias que acompanharam sucessos como “Problema seu”, “Modo Turbo” e “Seu Crime”. Mas ela também fez questão de aproveitar o espaço para mencionar o protagonismo da população trans na luta pelos direitos LGBTQIA+.

“Quero aproveitar que estamos aqui hoje para agradecer às travestis. Se não fosse vocês, a gente não teria Parada, não teria Pabllo Vittar”, disse. Em outro momento, ela pediu aplausos para “as manas que vieram antes, as travestis”.

Pabllo conta que a construção do seu próprio orgulho em ser LGBTQIA+, entretanto, começou na infância, graças ao carinho da mãe, a técnica de enfermagem Verônica Rodrigues. “Desde a minha casa, minha mãe sempre me ovacionou como a pessoa que sou hoje. Eu me respeito desde criança. Quando a gente tem pais que acolhem os filhos LGBTQIA+, tudo fica mais fácil.”

A artista, que cresceu sem ter contato com seu pai biológico, ainda deixa um recado para quem tem filhos LGBTQIA+: “Por isso que eu falo: apoie seus filhos, abrace seus irmãos, seus amigos…”, aconselha. “Assim fica mais fácil para a nossa cabeça e para o coração.”