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10 entrevistas imperdíveis da Híbrida com personalidades LGBTQIA+ em 2023

As melhores entrevistas com personalidades LGBTQIA+ feitas pela Híbrida em 2023

Confira a retrospectiva completa da Híbrida com as pessoas, momentos, filmes, séries, músicas, beijos e entrevistas LGBTQIA+ que marcaram 2023
Confira a retrospectiva completa da Híbrida com as pessoas, momentos, filmes, séries, músicas, beijos e entrevistas LGBTQIA+ que marcaram 2023

O ano de 2023 foi repleto de momentos importantes para a população brasileira LGBTQIA+ na política, na cultura e no esporte. Vivemos um período de retomada que pôde ser visto e sentido em vários aspectos da sociedade.

Como uma revista independente feita por e para a comunidade, a Híbrida esteve sempre atenta aos fatos mais relevantes, trazendo um ponto de vista diferente e focado na nossa população. E trouxe também, com orgulho, entrevistas exclusivas com personalidades LGBTQIA+ que furaram a bolha e engrandeceram o debate.

Em mais um episódio da nossa Retrospectiva 2023, relembramos abaixo algumas das entrevistas exclusivas e imperdíveis que mais bombaram no site e nas nossas redes sociais ao longo do ano.

Um dos nomes mais reverenciados na cena LGBTQIA+ nacional, Ikaro Kadoshi chegou a um novo patamar de reconhecimento como apresentador do Caravana das Drags, reality show do Prime Video que apresentou ao lado de Xuxa Meneghel.

“Uma das magias do Caravana é mostrar o Brasil e a drag queen brasileira. Eu mesmo aprendi muito sobre as culturas dos estados. E dentro de uma competição… Penso que, além de tudo, estamos educando as pessoas e levando informações que elas talvez não tivessem. É muito lindo fazer parte disso”, contou Ikaro.

A queen também abordou sua vida pessoal, a infância difícil no interior de São Paulo, seu início na montação e o reconhecimento na cena em mais de 20 anos de carreira. “Quando decidi ser drag queen, perdi todos os meus amigos. Naquela época, era queimação de filme. Achavam lindo no palco, mas ninguém queria ser visto perto ou andar de mãos dadas.”

Ikaro Kadoshi fala sobre “Caravana das Drags”, Xuxa e homofobia (Foto: Divulgação)

Com apenas 22 anos, a britânica Arlo Parks já foi descrita pela crítica e por seus pares como uma das principais vozes dessa geração graças à sinceridade brutal e à vulnerabilidade direta de suas letras. Em maio, ela esteve pela primeira vez no Brasil para se apresentar no C6 Fest e falou com exclusividade à Híbrida sobre sua sexualidade e as influências musicais do disco My Soft Machine.

“Gosto de ler meus livros e ficar passeando por florestas, essa é mais a minha vibe. Mas sabe, sinto que sempre haverá pessoas que desafiam quem você é. Especialmente pra mim, mesmo que seja sobre eu ser uma mulher na música, ou uma pessoa negra ou uma pessoa queer. Sempre vai existir alguém que tem uma opinião sobre quem você é. Mas eu sei quem eu sou, então não me importo de verdade”, disse.

Arlo Parks: “Gosto de ler meus livros e ficar passeando por florestas, essa é mais a minha vibe” (Foto: Divulgação)

Em uma rara entrevista, o dermatologista Thales Bretas falou à nossa 8ª edição, DESEJO, sobre os desafios da paternidade solo, o orgulho de ser uma referência para boa parte da comunidade LGBTQIA+ e o luto pela perda do marido, o ator Paulo Gustavo, vítima do coronavírus.

“Por muito tempo, evitei falar (sobre ele). Não gostava. Mas, hoje, entendo também que isso ajuda a lidar com a perda. O Paulo foi o grande amor da minha vida, meu parceiro. Eu sinto que vivi um luto muito pesado, porque era minha perda e de muita gente junto”, refletiu Thales, que também lançou dois podcasts autorais este ano.

Sobre a criação dos gêmeos Gael e Romeu, Thales enfatiza que o diálogo é o melhor caminho para lidar com o preconceito contra famílias homoafetivas: “Eles já me perguntaram sobre a ‘mamãe’ deles, aí eu expliquei que eu e papai Paulo pegamos uma barriga emprestada para tê-los. Não gosto de mentir, de inventar. A figura materna é importante, mas a paterna também é, e acredito que tenho cumprido bem esse papel”.

Thales Bretas fala sobre a paternidade solo e o luto coletivo por Paulo Gustavo

Criador do canal Ora Thiago, o comunicador Thiago Guimarães falou com a Híbrida sobre os bastidores dos seus vídeos, os efeitos danosos dos algoritmos nas redes sociais e sua vivência na comunidade LGBTQIA+.

“As plataformas estão nos empurrando a ficarmos isolados, sem vermos o que acontece ao redor. Não temos noção do estado que estão as coisas, do estrago que elas causam no imaginário coletivo, no ecossistema político. Quando percebemos, levamos um susto”, avaliou Thiago.

Com mais de 115 mil inscritos e vídeos que ultrapassam 200 mil visualizações, o Ora Thiago conta com um público fiel, que é levado em consideração pelo criador até mesmo na hora de colaborar com alguma marca: “Eu não posso ter um posicionamento num vídeo específico e no próximo estar endossando uma marca que tenha posicionamento exatamente oposto. Preciso ter uma certa coerência e devo uma certa satisfação à minha audiência”, ressalta.

Thiago Guimarães, do canao Ora Thiago, fala sobre o impacto das redes e suas vivências como youtuber LGBTQIA+

Ator e produtor de conteúdos adultos gay, Petrick Garcia contou com exclusividade também à 8ª edição da Híbrida, DESEJO, como se preparou para a cena pornô mais falada do ano: um gangbang com outros 28 atores ativos. “Meu medo era os meninos ficarem tão à vontade que iam querer enfiar com tudo, pra mostrar aquela pegada de dominador ali, e me machucar. Enfiar de uma vez, seco. Essa era a minha preocupação maior”, revelou.

Nascido em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, o ator ainda detalhou sua relação com a família, o início da carreira como garoto de programa e por que topou fazer a cena que viralizou em 2023. Spoiler: tem a ver com o nome da nossa última edição.

Petrick Garcia conta os bastidores da cena pornô mais comentada do ano

Jornalista, cineasta e escritor consagrado, João Silvério Trevisan é, aos 79 anos, um decano do movimento LGBTQIA+ no Brasil, já cimentando como ícone da nossa comunidade e reverenciado por todos que o conhecem. Ele recebeu o colunista Pedro Stephan em seu apartamento, no centro de São Paulo, para uma entrevista exclusiva em que não se fez de rogado, demonstrando um raciocínio brilhante e rápido ao discorrer sobre os mais variados temas: literatura, política, as novas gerações e… homens!

“O conceito de ancestralidade é desconhecido e não muito aceito na comunidade LGBTQIA. Ancestralidade é confundida com velharia. A bicha velha é ‘maricona’, a lésbica velha é ‘sapatão velho’, a travesti velha tem que ir prum asilo etc. Não há nenhum conceito de que existe riqueza no passado.

É muito claro que, para a comunidade LGBTQIA+ jovem, tudo começou ontem à tarde. ‘Eu inventei a pólvora porque uso este tipo de roupa’, ‘fulano de tal se acha revolucionário porque produz uma festa noturna’ etc. Esses são os conceitos: tudo baseado na novidade e na juventude, que se acha muito original.”

João Silvério Trevisan fotogrado por Pedro Stephan em seu apartamento, no centro de São Paulo (Foto: Pedro Stephan | Híbrida)

Se você se enquadra na categoria de pessoas “cronicamente online”, especialmente no Twitter/X, com certeza já deve ter cruzado com o perfil Claudette Gregótica na sua timeline. Mas quem está por trás dessa mente mágica?

A Híbrida conversou com João Gabriel Mota, soteropolitano de 22 anos que se tornou sensação na bolha LGBTQIA+ com estáticos associados aos mais variados assuntos, desabafos, hot takes e conteúdos sobre cultura pop. “Tenho noção de que tudo dito ali pode ser interpretado e levado às avessas. Sou responsável por aquilo que digo. A forma que o outro vai interpretar, codificar, é dele. Ao mesmo tempo que você tem ciência disso, quando toma como forma de autocensura, não coloca nada pro mundo. Às vezes me irrito. Tenho a noção que aquilo é desenhado pro caos”, revelou.

João Gabriel, a Claudette Gregótica do Twitter/X [Foto: Reprodução]

A primeira Secretária Nacional de Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat falou em uma entrevista exclusiva à Híbrida sobre o impacto da reforma ministerial na promoção de políticas para a comunidade, a omissão do Legislativo sobre nossa população e a impunidade dos discursos de ódio feitos por André Valadão e Nikolas Ferreira. “Quando dizemos que o Brasil quer fazer algo, não estamos mentindo. Nós queremos e vamos fazer, independente daqueles que se desresponsabilizam sobre isso. Se o Legislativo, como parte do Estado, se desresponsabiliza sobre isso, não podemos ficar omissos”, afirmou.

A ativista travesti também falou sobre o Projeto de Lei 580/2007, que foi resgatado pela bancada conservadora para tentar derrubar o direito ao casamento civil homoafetivo, uma conquista reconhecida desde 2011 pelo Supremo Tribunal Federal. “No caso desse projeto, a inconstitucionalidade é muito nítida. Esse PL não chega ao Plenário. Eu tenho convicção. Ainda passa por (Comissão de) Direitos Humanos e CCJ. É de uma ousadia muito grande. Precisamos constituir uma nova estratégia para não dar o palco midiático que eles querem.”

Symmy Larrat fala sobre impacto da reforma ministerial em política LGBTQIA+, omissão do Legislativo sobre a comunidade e impunidade dos discursos de ódio feitos por André Valadão e Nikolas Ferreira (Foto: Clarice Castro |MDHC)

A carioca Clarice Falcão lançou seu quarto álbum de estúdio em agosto e falou com a Híbrida sobre os elementos criativos e referências de Truque, no qual reeditou uma parceria com o produtor Lucas de Paiva. “Fui sentindo que esse é o disco que mais me representava como um todo. Acho que explorei várias facetas durante os dez anos da minha carreira (me datando muito), e sinto que esse é o (trabalho) mais completo, como se todos esses lados meus estivessem convivendo em harmonia”.

Na entrevista, Clarice ainda abriu o jogo sobre sua saúde mental, os traumas da família, por que gosta de fazer “músicas de bad” e as vezes que chorou na boate por algum desencontro amoroso ou euforia instantânea. Ao longo da conversa, ela manteve a mesma franqueza e bom humor autodepreciativo com que se declara “podre” em uma de suas músicas e responde os fãs (ou haters?) no Twitter/X.

Após um hiato de cinco anos, Jaloo retomou sua carreira solo com tudo lançando MAU, disco que compôs, cantou e produziu completamente sozinha, que teve a melhor música do ano segundo a Híbrida e que, nas suas próprias palavras, mostra uma vontade de “sair do casulo e olhar pra fora”. A artista paraense se identifica com o gênero fluido e falou sobre como suas mudanças externa e interna influenciaram a forma como vive, se relaciona e faz arte.

“No começo da minha carreira, tinha muito medo de desapontar as pessoas. A maneira como elas se aproximavam, queria que tivessem a melhor experiência possível. Nesses últimos anos, comecei a pensar mais em mim. O que é saudável pra mim? Antes, acho que pensava mais no artista, não no ser humano. Agora, me poupo mais e tento me proteger”, declarou.

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