Confira a retrospectiva completa da Híbrida com as pessoas, momentos, filmes, séries, músicas, beijos e entrevistas LGBTQIA+ que marcaram 2023
Confira a retrospectiva completa da Híbrida com as pessoas, momentos, filmes, séries, músicas, beijos e entrevistas LGBTQIA+ que marcaram 2023

Da TV aberta ao streaming, a Híbrida reúne abaixo os momentos mais marcante para a comunidade LGBTQIA+ em 2023, selecionando o melhor e o pior das novelas, séries, reality shows, apresentações e especiais. Confira.

Terra e Paixão (Globo)

A novela de Walcyr Carrasco estreou com a responsabilidade de levantar a baixa audiência deixada por sua antecessora, Travessia. Com vários medalhões globais e um casal inesperado, Terra e Paixão conseguiu o sucesso do público. Mas o casal inesperado não são os protagonistas Aline e Caio, personagens de Bárbara Reis e Cauã Reymond, mas sim Kelvin e Ramiro, interpretados pelos estreantes Diego Martins e Amaury Lorenzo.

A história do capanga bronco que é atraído pelo garçom afeminado do bar da cidade conquistou até mesmo a audiência “do sofá”, como é conhecido o espectador mais velho, tradicional e que não acompanha tanto as tendências das redes sociais. A torcida pelo casal foi enorme desde o início, mas ainda assim, foram precisos 188 capítulos para o primeiro beijo #Kelmiro.

Pelo menos não foi só um selinho, mas sim um beijão que fez os noveleiros vibrarem.
Dias depois, foi a vez do casal Menah e Mara, interpretadas pelas atrizes Camilla Damião e Renata Gaspar. Uma cena linda, com direito a declaração de amor e pedido de casamento, do jeitinho que as sáficas gostam. Um beijo muito comemorado por Renata, que há poucas semanas tinha reclamado publicamente sobre o apagamento das personagens na trama. (Por Lívia Muniz)

Tha Last Of Us (HBO)

Inspirada no jogo de mesmo nome, a série The Last Of Us fez sucesso no primeiro trimestre deste ano por retratar personagens LGBTQIA+ e fazer a internet se apaixonar em massa pelo ator Pedro Pascal, além de dar destaque à atriz não-binária Bella Ramsey. Na trama distópica, acompanhamos como, 20 anos após a infestação de um fungo que destruiu a civilização moderna, Joel (Pascal), um sobrevivente experiente, é contratado para contrabandear Ellie (Ramsey), uma menina de 14 anos, para fora de uma zona de quarentena opressiva.

Além de toda a trajetória de Ellie e a forma como ela e o público vão descobrindo sua orientação sexual ao longo da trama, foi o terceiro episódio, “Long, Long Time”, que causou o maior fervor e choro coletivo da temporada, a tempo de conquistar até os que não gostavam ou se interessavam pela série. A história de amor vivida por Bill (o sempre ótimo Nick Offerman) e Frank (Murray Bartlett, queridinho da HBO) foi uma das melhores em todo o ano, com um roteiro que não teve só eficiência ao contar o arco de um casal gay, mas também conseguiu fazer isso de forma sensível, terna e respeitosa. (Por João Ker)

BBB 23 (Globo)

O ano começou com uma nova edição do reality show mais amado do país e cinco participantes LGBTQ+. Fred Nicácio e Bruno Nogueira eram abertamente homossexuais, enquanto Aline Wirley, Gabriel Santana e Sarah Aline eram bissexuais. Logo na primeira semana, Fred e Gabriel trocaram beijos em uma festa, mas a pauta LGBTQIA+ ficou em segundo plano, após casos de racismo religioso e assédio sexual que culminaram na expulsão de dois participantes: Antônio Cara de Sapato e MC Guimê. As eliminações movidas por torcidas organizadas fanáticas fizeram a audiência despencar, e a final – uma das menos assistidas da história – foi tão esquecível quanto sua campeã Amanda Meirelles. (Por Lívia Muniz)

Yellowjackets (Paramount+)

Na segunda temporada de Yellowjackets, retomamos algumas explicações sobre o mistério central que ronda a queda de um avião repleto de líderes de torcida e jogadoras de futebol adolescentes nos anos 1990. Algumas personagens importantes para a trama também aparecem adultas pela primeira vez, como a queridinha Van, que agora é uma lésbica dona de uma locadora queer e vivida pela sempre incrível Lauren Ambrose (Six Feet Under).

Melanie Lynskey, Juliette Lewis, Christina Ricci e Tawny Cypress seguem no elenco, enquanto as cenas grotescas e aterrorizantes de canibalismo continuam não deixando a desejar. Exibida inicialmente no Paramount+, a série também entrou para o catálogo da Netflix na reta final do ano, o que deve aumentar ainda mais a sua base de fãs por aqui. (Por Maria Eugênia Gonçalves)

Vai na Fé (Globo)

A novela de Rosane Svartman trouxe tudo que o público ama ver no horário das 19h. Com um elenco majoritariamente preto, a identificação foi enorme e levou Vai Na Fé a bater recorde de audiência. Uma das subtramas mais queridas foi o romance de Clara e Helena, interpretadas por Regiane Alves e Priscila Sztejnman, respectivamente. Mas apesar de conquistarem os fãs e as redes sociais, as cenas dos beijos entre as duas eram simplesmente cortadas na edição.

Ainda assim, graças ao apelo do público, #Clarena teve seu final feliz, ao contrário de Yuri e Vini, personagens de Jean Paulo Campos e Guthierry Sotero. O único beijo do casal foi mais rápido que seu desenvolvimento na trama, já que Vini viajou para outro país e Yuri terminou com Guiga, personagem de Mel Maia que começou a novela com uma vilãzinha que despejava preconceitos racistas e elitistas, inclusive contra Yuri.

No fim, todos os casais heteronormativos tiveram mais destaque que Clara e Helena, Yuri e Vini, ou Anthony Verão e Vitinho, personagens de Orlando Caldeira e Luis Lobianco que só tiveram seu acerto na reta final. (Por Lívia Muniz)

Caravana das Drags (Prime Video)

Comandada por Xuxa Meneghel e Ikaro Kadoshi, a aposta do Prime por aqui imprimiu personalidade e brasilidade numa competição encabeçada por dez drag queens de destaque no cenário nacional (Chandelly Kidman, DesiRée Beck, Enme Paixão, Frimes, Gaia do Brasil, Hellena Borgys, Morgante, Ravena Creole, Robytt Moon e Slovakia), além de jurados especiais a cada episódio, incluindo Ingrid Guimarães, Mateus Carrilho e Daniela Mercury.

Apesar de ter recebido críticas primeiro pela participação de Xuxa e, depois, pela edição confusa dos episódios, Caravana das Drags merece seus louros por ser mais uma plataforma de visibilidade para as queens brasileiras, pelo carisma das apresentadoras e competidoras e por ter inovado um formato que, em tentativas recentes, se mostrou cansativo e pouco convincente. (Por João Ker)

Amor Perfeito (Globo)

Escrita por Duca Rashid e Júlio Fisher, a novela das 18h tinha como trama principal a prisão injusta da mocinha Marê (Camila Queiroz) pela madrasta Gilda (Mariana Ximenes), que subornou e chantageou autoridades para escapar dos crimes que cometeu. Uma delas era Erico, advogado interpretado por Carmo Dalla Vecchia, chantageado justamente por ser homossexual.

Como Amor Perfeito se passava entre as décadas de 30 e 40, ser homossexual era visto como uma patologia, uma aberração, uma vergonha. E na metade final da novela, Erico inicia sua “cura gay”: engata um romance com a amiga Veronica (Ana Cecília Costa), casa e tem uma filha com ela. Até então descrito como um “invertido”, nome pejorativo dado aos gays na época, sua eventual bissexualidade não havia sido abordada e a mudança brusca do personagem gerou muitas críticas.

No último capítulo, Erico ainda se encontra com o antigo parceiro Romeu (Domingos Alcântara), mas afirma que seu grande amor é na verdade Verônica, com quem termina a novela em família heteronormativa e “feliz”. (Por Lívia Muniz)

"Amor Perfeito": beijo entre Erico e Romeu chegou a ser escrito, mas ficou de fora da novela (Foto: Reprodução)
“Amor Perfeito”: beijo entre Erico e Romeu chegou a ser escrito, mas ficou de fora da novela (Foto: Reprodução)

And Just Like That… (HBO)

Mais de 17 anos após o final de Sex and the City na televisão, Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) e Charlotte York (Kristen Davis) retornaram para uma nova saga em Nova Iorque com And Just Like That… A readaptação da série de sucesso segue explorando a amizade das protagonistas, agora na faixa dos 50 e poucos anos, com um novo elenco de apoio formado por Seema Patel (Sarita Choudhury), Nya Wallace (Karen Pittman) e a podcaster não-binárie Che Diaz (Sara Ramirez).

A segunda temporada estreou este ano e trouxe o retorno de Aidan Shaw (John Corbett), antiga paixão de Carrie, além de uma aparição surpresa e muito aguardada da icônica Samantha Jones (Kim Cattrall). A recém-descoberta atração de Miranda por outros gêneros também teve destaque central nos novos episódios, mesmo que a contragosto de muitos fãs e, ao final, da própria personagem. (Por Maria Eugênia Gonçalves)

The White Lotus (HBO)

Caótica e satírica, a primeira temporada de The White Lotus já tinha recebido seus louros por terminar mostrando uma rara cena de beijo grego e adolescentes crueis e reais demais. Agora, nesta segunda temporada, hóspedes e funcionários do resort continuam a seguir a bússola mais imoral possível no litoral da Itália. Seja pela jornada sáfica entre a gerente Valentina (Sabrina Impacciatore) e Mia (Beatrice Grannò), a simples presença de Aubrey Plaza como uma mulher escanteada (Harper) ou o inesquecível arco de Jennifer Coolidge como Tanya e os gays que querem matá-la, a série conseguiu aumentar ainda mais seu próprio hype, criando altas expectativas para a já confirmada 3ª temporada. (Por João Ker)

RuPaul’s Drag Race Brasil (Paramount+ e MTV)

A edição brasileira do reality criado por RuPaul foi um dos momentos mais aguardados do ano. E já podemos dizer que nós entregamos entretenimento de qualidade à franquia!
A escolha de Grag Queen como apresentadora foi um dos maiores acertos. A queen já tinha mostrado sua potência como campeã do Queen of The Universe e conseguiu levar a missão de comandar DRBR com charisma, uniqueness, nerve and talent.

Houve problemas na edição, como os escolhidos para o pit crew e para a banca de jurados, mas as 12 participantes tiveram vários momentos memoráveis, como nos episódios do Snatch Game e o Ball inspirado no Maracatu, Parintins e Bate-bola. A guerra entre os fandoms trouxe uma energia tóxica, com comentários racistas, sorofóbicos e elitistas inundando as redes na reta final. A vitória de Organzza veio com questionamentos, mas a carioca segue mostrando que não vai abaixar a cabeça para os haters. A coroa e os 150 mil reais são dela! (Por Lívia Muniz)

A Vida Pela Frente (Globoplay)

A série original do Globoplay mostra os desafios do fim da juventude e o início da vida adulta, acompanhando um grupo de amigos no Rio de Janeiro de 1999. A temática LGBTQIA+ é essencial para o desenvolvimento da trama, com a amizade colorida entre Beta (Flora Camolese) e Liz (Nina Tomsic), a descoberta da sexualidade e a abordagem sobre saúde mental. Com um elenco majoritariamente jovem e talentoso, A Vida Pela Frente ainda conta com nomes de peso como Stella Rabello, ngelo Antônio e Leandra Leal, que é também uma das criadores e diretoras da série de 10 episódios. (Por Lívia Muniz)

Glamorous (Netflix)

Quem sente saudades de Samantha Jones em And Just Like That… pode ter o sabor de ver Kim Cattrall novamente no papel de uma mulher empoderada e poderosa em Glamorous, comédia autoral da Netflix na qual ela vive a ex-modelo e atual empresária Madolyn Addison. Na série, que infelizmente foi cancelada pela Netflix com apenas uma temporada, ela é a chefe e heroína de Marco (Ben J. Pierce), jovem gay que corre atrás do sonho de trabalhar com moda e aceita a vaga de estagiário em seu império de cosméticos. A produção tem ares de O Diabo Veste Prada, mas ainda mais gay, se é que isso é possível. (Por Maria Eugênia Gonçalves)

O encontro de ícones LGBT+ dos anos 1990 no Criança Esperança

O Criança Esperança de 2023 marcou um evento único na vida de milhões de crianças viadas: o encontro inédito de Angélica, Xuxa e Eliana no palco. As três loiras fizeram uma apresentação histórica, em que cada uma cantou uma música própria. Angélica e sua “Vou de Taxi” abriram o show, seguida por Xuxa com “Ilariê” e, depois, Eliana com “Dedinhos”. A apresentadora do SBT também fez um discurso sobre sororidade e a amizade entre as três, que terminaram o medley cantando “Lua de Cristal” juntas. Foi um encontro icônico que sem dúvidas ajudou a aumentar as doações para as instituições apoiadas pelo Criança Esperança, uma parceria da Globo com a UNESCO. (Por Lívia Muniz)

Heartstopper (Netflix)

Neste romance colegial, acompanhamos as delícias, surpresas, dúvidas e momentos desengonçados de descobrir seu primeiro amor gay no ensino médio e ter que lidar com isso em um dos contextos sociais mais confusos e homofóbicos possíveis. A série, inspirada no livro de mesmo nome criado por Alice Oseman, ganhou uma segunda temporada que continuou a explorar as dificuldades de pessoas LGBTQIA+ na vida escolar, sem deixar de lado o romance e o humor. (Por Maria Eugênia Gonçalves)

Novo Beija Sapo (Pluto TV e MTV)

Um dos programas mais icônicos da televisão brasileira voltou em 2023 em uma coprodução da Pluto TV com a MTV, dessa vez com a carioca Valentina Bandeira como apresentadora, função que era de Daniella Cicarelli. Se nos anos 00s, o Beijo Sapo quebrava tabus ao mostrar beijos entre LGBTs de forma natural na TV aberta, a nova versão também seguiu esse caminho. Logo no primeiro episódio, a princesa a ser conquistada é Tuitabi, cantora e gamer bissexual, que precisa escolher entre duas mulheres e um homem como seus pretendentes.

A energia caótica de Valentina Bandeira também trouxe mais humor para o programa. Por mais que pareça escandalosa e exagerada, Valen tem carisma e ainda entrega looks bafônicos, com direito a Miu Miu, Vivienne Westwood e Louboutin. Não é à toa que ela se tornou queridinha das redes no último ano. (Por Lívia Muniz)

The Morning Show (Apple TV+)

Protagonizada por Jennifer Aniston e Reese Witherspoon no papel de duas jornalistas âncoras de TV, a série surpreendeu boa parte do público ao abordar a bissexualidade de Bradley, vivida por esta última. Apesar de o foco central continuar nos bastidores podres das megacompanhias de mídia, o romance adulto entre Bradley e Laura Peterson (Julianna Margulies) trouxe novas dinâmicas e dilemas sobre a descoberta da sexualidade na vida adulta e como isso pode ou não influenciar a carreira de pessoas públicas. (Por João Ker)

A Fazenda 15 (Record)

O reality show da Record é sempre controverso, cheio de subcelebridades e personagens questionáveis. A edição deste ano, óbvio, não foi diferente. Logo nos primeiros dias, o então cancelado Lucas Souza acabou ganhando a simpatia do público por sofrer ataques homofóbicos de outros participantes, que insistiam em questionar a sua sexualidade com deboches e indiretas.

Se lá dentro tentavam tirar Lucas do armário, aqui fora sua ex-mulher Jojo Toddynho revelou que o término aconteceu após ela flagrar Lucas conversando com outros homens pelo celular. Mesmo com boas chances no jogo, o participante não resistiu às acusações de que teria casado com Jojo por interesse e preferiu abandonar o reality. Nesse meio tempo, Marcia Fu se tornou um ícone online e encerrou o ano como uma das personalidades mais adoradas do programa.

A Queda da Casa de Usher (Netflix)

A cada nova produção, Mark Flanagan se firma mais como o novo Ryan Murphy desta geração, no sentido de que sabe como poucos captar o zeitgeist e empacotá-lo em uma história de terror que é essencialmente queer, sexy e aterrorizante. A Queda da Casa de Usher segue esse mesmo enredo e outra marca registrada do cineasta, que é distribuir um elenco de queridinhos em papeis mais complexos e deliciosos que o trabalho anterior, desta vez como membros de uma família amaldiçoada que vai morrendo de forma trágica, um por um.

Assim, sua esposa Kate Siegel vive a ambiciosa e inescrupulosa Camille, uma agente de relações públicas que é um deleite de assistir e a principal responsável por trazer as referências contemporâneas da história. Além dela, estão de volta também o galã Rahul Kohli (Leo), T’Nia Miller (Victorine), Samantha Sloyan (Tamerlane) como membros do clã Usher, além de Carla Gugino em uma performance excelente como a entidade que dá lida a toda a história.

A Queda da Casa Usher é uma mistura de terror, suspense e romance com incontáveis referências a histórias, personagens e mitos criados ou vividos pelo mestre Edgar Allan Poe. É também mais uma produção de Flanagan que torna praticamente impossível não engolir todos os episódios de uma vez e, novamente, se surpreende com um final que não deixa pontas soltas e amarra uma história bem contada como poucos criados têm conseguido na era do streaming. (Por João Ker)

Companheiros de Viagem (Paramount+)

Protagonizada por Matt Bomer e Jonathan Bailey, Companheiros de Viagem (Fellow Travelers) chamou atenção antes mesmo de estrear apenas pela possibilidade de ver os dois atores como um casal. As cenas explícitas de sexo foram um atrativo a mais, mas não se deixe enganar: além da nudez, a série traz uma importante lição de história como pano de fundo para um romance desquelibridado, emocionante e épico. (Por João Ker)

Sex Education (Netflix)

A quarta e última temporada de Sex Education segue a reta final dos amigos Eric (Asa Butterfield), Otis (Ncuti Gatwa) e companhia em sua jornada descobrindo os altos e baixos dos relacionamentos românticos e sexuais pelo ensino médio. A série encerra trazendo mais do mesmo, o que nesse caso está longe de ser algo negativo, uma vez que ela soube como poucas abordar as esquisitices, empolgações, dilemas e peculiaridades dos adolescentes.