Após séculos de arte homoerótica, imperadores abertamente gays e, mais recentemente, um investimento no turismo LGBTQIA+, a Grécia finalmente legalizou na última quinta-feira (15) o casamento homoafetivo. Com isso, o país europeu se tornou o primeiro de população majoritariamente cristã ortodoxa a garantir esse direito.

A decisão foi tomada pelo Parlamento grego no que muitos consideram uma vitória histórica para a Grécia e para a região, onde os direitos humanos de pessoas LGBTQIA+ ainda são amplamente negados. Dos 300 parlamentares, 176 votaram a favor do casamento homoafetivo, enquanto outros 76 votaram contra.

“O voto foi aprovado: a partir desta noite, a Grécia tem orgulho de se tornar o 16º país da União Europeia a legalizar o casamento igualitário”, disse o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, em suas redes sociais. “Este é um marco fundamental para os direitos humanos, que reflete a Grécia de hoje – um país progressista e democrático, apaixonadamente comprometido com os valores europeus.”

“A reforma transforma a vida de muitos dos nossos cidadãos para o melhor, sem tirar nada das vidas dos outros”, continuou Mitsotakis. “O casamento nada mais é do que a culminação do amor de duas pessoas que escolhem estar juntas ao assumirem um compromisso entre elas, o estado e a sociedade como um todo.”

Há quase uma década, a Grécia já reconhecia a legitimidade dos casais homoafetivos na esfera civil. Mas, apesar de poderem adotar, apenas o pai ou mãe biológico era considerado um guardião legal da criança. Com a nova lei, ambos os membros do casal são reconhecidos como responsáveis.

“Nós começamos como uma comunidade invisível, marginalizada. Nós continuamos votando. Pagamos nossos impostos. Fizemos campanha. A legislação garante uma base legal para expandirmos no futuro. Ela é particularmente significante para os casais mais jovens”, disse Andrea Gilbert, um dos membros fundadores da organização Athens Pride, à CNN.

Mesmo com o avanço, a Grécia ainda pertence ao enorme grupo de nações da Europa que proíbem a inseminação artificial em seu território, apesar de reconhecer a legitimidade de crianças geradas em outros países.

Nas redes sociais, ativistas que aguardavam o resultado da votação na porta do Parlamento grego comemoraram a vitória, enquanto algumas pessoas apontaram a ironia de um país que é notoriamente conhecido há milênios por suas figuras e práticas homossexuais ter apenas agora legalizado o casamento homoafetivo.