O Grammy 2023 trouxe a “noite mais importante da música” para as telas do púbico ao longo da noite e madrugada deste domingo (5), enquanto prometia mais um duelo de grande nomes pelos principais prêmios da noite. Apesar de menos empolgante do que o prometido e com poucas apresentações interessantes, a 65ª edição do evento ainda teve seus destaques, que frizamos abaixo.

“Unholy”, a parceria de Kim Petras e Sam Smith que levou uma artista trans ao topo da Billboard 100 pela primeira vez, também fez as duas ganharem o gramofone dourado de Melhor Colaboração Pop, desbancando nomes como Camila Cabello, Ed Sheeran e Doja Cat. É a primeira vez que uma artista trans e um astro não-binárie vencem uma das principais categorias do Grammys, e Kim fez questão de homenagear aquelas e aquelas que vieram antes dela em seu discurso, incluindo principalmente a produtora SOPHIE, que morreu há dois anos.

A dupla não ganhou só o prêmio, mas teve uma performance do hit “Unholy” (nossa 3ª melhor música internacional do ano passado) apresentada por ninguém menos que Madonna. “Vocês estão prontos para um pouco de controvérsia?”, questionou a Rainha do Pop ao chamar a apresentação. Bom, se a própria Madge acha que você está levantando controvérsias, não há como ir mais longe que isso enquanto artista LGBTQIA+.

“Então, aqui está o que eu aprendi depois de quatro décadas na música. Se te chamam de chocante, escandaloso, problemático, provocador… Ou de perigosos… Você definitivamente está no caminho de algo certo. […] Para todos os rebeldes aí, forjando um novo caminho e levando a bronca por tudo isso, vocês precisam saber que a sua coragem não segue ignorada. Vocês são vistos, escutados e, acima de tudo, apreciados. Agora, falando em controvérsia, eu tenho muito prazer em anunciar dois artistas incrivelmente talentosos que conseguiram se erguer acima do barulho, das dúvidas, dos críticos, e se tornarem algo lindamente profano”, disse Madonna.

Não satisfeitas com todo o bapho da performance, Kim e Sam ainda chegaram ao evento trazendo duas drags que também questionam o binarismo de gênero. Basta ver no vídeo abaixo, em que elas passam pelo tapete vermelho do Grammy com Gottmilk e Violet Chachki, duas das preferidas dos elenco recentes de RuPaul’s Drag Race.

Ainda assim, foi Beyoncé quem teve a principal conquista no Grammy, ao se tornar a artista mais premiada na história do evento, com 32 gramofones de ouro, quatro deles conquistados nesta edição. No domingo, a di-va de Houston, Texas, baby, agradeceu à comunidade queer (“Que inventou esse gênero musical”) e ao seu tio Johnny, vítima do HIV que serviu de inspiração para o Renaissance e que ela disse estar “aqui em espírito”.

 

Mesmo com o recém-lançado remix derretido de “CUFF IT”, Beyoncé mais uma vez foi roubada das categorias principais, mas pelo menos levou Melhor Gravação e Melhor Álbum de Dance/Eletrônica, respectivamente com “Break My Soul” e Renaissance. O disco, que foi um divisor de águas nas gays do ano passado, ainda levou Melhor Música de R&B exatamente por “CUFF IT”, queridinha nos virais de TikTok, e Melhor Performance de R&B Tradicional, com os malabarismos vocais de “PLASTIC OFF THE SOFA”.

Em outras notícias, Viola Davis finalmente tornou-se uma EGOT ao ganhar o Grammy de Melhor Livro de Áudio, Narração ou Storytelling. Ela levou o gramofone pela versão narrada de sua autobiografia, Finding Me, e se tornou uma das 22 pessoas no mundo a ser coroada com o status máximo das artes dramáticas e ter na estante, além do prêmio deste domingo, um Emmy, um Oscar e um Tony.

A maior das nossas esperanças de brasileiros, Anitta também acabou não levando o prêmio de Melhor Artista Nova, que foi para a jazzista Samara Joy, de apenas 23 anos. Apesar da decepção, a esnobada abre caminho para que a Garota do Rio vença em outra categorias no próximo ano, como Melhor Álbum Urbano ou Melhor Álbum Latino/Alternativo, prêmios dados este ano a Bad Bunny e Rosalía.

Ainda assim, o Brasil foi lembrado pelo menos durante o tributo do Grammy aos ícones que nos deixaram ao longo do último ano. Neste momento, houve espaço para lembrar não só a perda de Gal Costa como também de Erasmo Carlos, ambos mortos no fim do ano passado.

Confira os vencedores das principais categorias no Grammy 2023:

  • Gravação do Ano
    “About Damn Time” — Lizzo
  • Álbum do Ano
    “Harry’s House” — Harry Styles
  • Música do Ano
    “Just Like That” — Bonnie Raitt
  • Melhor Artista Revelação
    Samara Joy
  • Melhor Álbum de Pop Vocal
    “Harry’s House” — Harry Styles
  • Melhor Performance de Duo ou Grupo Pop
    “Unholy” — Sam Smith and Kim Petras
  • Melhor Performance de Pop Solo
    “Easy on Me” — Adele
  • Melhor Álbum de Dance/Eletrônica
    “RENAISSANCE” — Beyoncé
  • Melhor Gravação de Dance/Eletrônica
    “Break My Soul” — Beyoncé
  • Melhor Música de R&B
    “CUFF IT” — Denisia “Blu June” Andrews, Beyoncé, Mary Christine Brockert, Brittany “Chi” Coney, Terius “The-Dream” Gesteelde-Diamant, Morten Ristorp, Nile Rodgers & Raphael Saadiq, songwriters (Beyoncé)
  • Melhor Álbum de Música Urbana
    “Un Verano Sin Ti” — Bad Bunny
  • Melhor Álbum de Rock Latino ou Alternativo
    “MOTOMAMI” — Rosalía