Chegamos à nossa segunda edição, às vésperas do carnaval e no início de um ano novo que promete ser estressante, no mínimo, com os brasileiros tendo que passar pelos ânimos de eleições presidenciais e uma Copa do Mundo que, por sinal, será em um dos países mais perigosos para os LGBTs em todo o mundo.

Pensando no verão e na máxima de que “o fervo também é luta”, o tema da nossa edição não poderia deixar de falar sobre ORGULHO. Carnaval é pluralidade e alegria, é o melhor exemplo de anomia que Émile Durkheim poderia ter sonhado: quando toca o tambor, não importa raça, orientação, gênero ou classe social, o brasileiro não consegue ficar parado e as regras morais e sociais, se não invertidas, ficam ausentes. Nas palavras memeáticas de Dinho Ouro Preto, o Carnaval “é o verdadeiro Norvana“, unindo todas as tribos por quatro (ou muito mais) dias utópicos onde o uniforme é substituído pelo glitter.

No nosso suplemento especial de carnaval, estrelado pelos meninos do Sereias da Guanabara, reunimos cuidadosamente as melhores festas, blocos, trios e desfiles para os LGBTs curtirem a folia com respeito, diversão e democracia de estilos. Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Olinda e Salvador trazem opções que vão do samba de raiz ao pop com funk, e aqui é possível conferir o roteiro feito diretamente por quem entende do assunto (e frequenta os rolês).

Também ao longo dessa edição, vocês poderão conhecer histórias de resiliência e de gente que bate no peito pra assumir aquilo que é. Até porque, é possível ser outra coisa? O Orgulho LGBT é visto como sinônimo de festa, mas existe muito mais por baixo dessa celebração. Que bi, gay, lésbica ou trans nunca foi xingado ao passar na rua? Discriminado por, simplesmente, existir da forma que bem entende? Demonstrar o seu orgulho é o poder de usar todas as ofensas e subvertê-las como expressões de sua individualidade. É o famoso: “Sou sim, e daí?”.

Nas matérias que você encontra em nossa 2a edição, temos Mc Xuxú, que usou o sonho de ser artista para vencer na vida e superar os estigmas de uma travesti negra e periférica, para passar adiante esse orgulho a outras mulheres como ela. Temos também as bichas da LiGay, entrando em campo com muito close e vontade de peitar a heteronormatividade do esporte. Da mesma forma, as drag queens do Rival Rebolado dão continuidade à história política da Cinelândia, criticando os desgovernos do Brasil com muito lace e lip-synch.

Provando que orgulho é luta, também é possível conhecer o histórico de censura e resistência do “Queermuseu”, que após ser atacado nas redes vem apostando no financiamento coletivo para provar que o público carioca quer sim o acesso à arte, precisa sim discutir gênero e acredita sim na liberdade de expressão. Da mesma forma, podemos conhecer a história do curso de culinária de acolhimento oferecida em São Paulo por Paola Carosella, que pretende aumentar o percentual de pessoas transexuais com emprego formal.

Por fim, ainda temos entrevistas extensas com Caio Braz e Milton Cunha, dois homens gays que, apesar de virem de duas gerações diferentes, saíram de casa em busca dos seus sonhos, conquistaram seus respectivos espaços, e ainda assim nunca deixaram de assumirem a bandeira LGBT.

Leia esses textos, conheça essas histórias e, por fim, orgulhe-se de quem é, porque ninguém será igual a você. E a graça da vida é essa.

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