Híbrida
REVISTA

24 destaques que mercaram o universo LGBTQIA+ em 2024

Retrospectiva Híbrida: 24 destaques que marcaram a comunidade LGBTQIA+ em 2024

Aqueles que não acreditam em numerologia tiveram uma surpresa e tanto em 2024. Do carnaval ao Natal, o “ano do viado” rendeu uma série de momentos já inesquecíveis para o universo LGBTQIA+, movimentando a cultura e o comportamento da nossa comunidade (e até do mainstream) como poucos. Abaixo, a equipe da Híbrida faz uma retrospectiva dos principais nomes, acontecimentos, desafios e vitórias que marcaram esses 12 meses e já entraram para a memória.

Retrospectiva 2024: Anitta, Chappell Roan, show de Madonna no Rio, musical de Priscilla e o brat summer de Charli xcx marcaram o ano dos LGBT+
Retrospectiva 2024: Anitta, Chappell Roan, show de Madonna no Rio, musical de Priscilla e o brat summer de Charli xcx marcaram o ano dos LGBT+

Divas invadem, dominam e reinventam os gêneros musicais

Neste ano, as divas pop não só dominaram como redefiniram alguns dos gêneros musicais mais tradicionais, unindo talento e versatilidade enquanto celebravam suas raízes. Beyoncé surpreendeu todos com seu álbum completamente country, o eclético Cowboy Carter, no qual explorou suas origens e entregou mais uma obra íntima, poderosa e revolucionária que já é considerada um marco subversivo no gênero.

No Brasil, Pabllo Vittar incendiou as pistas com Batidão Tropical 2, uma sequência vibrante que reviveu os clássicos do forró e do tecnobrega com a energia única da cantora maranhense, que cfresceu regada aos maiores sucessos desses ritmos. Já Anitta, após flertar com diversos estilos ao longo da carreira, fez um retorno triunfal ao funk, o gênero que a revelou, com Funk Generation, um álbum que reafirmou seu status como uma das maiores artistas não só nacionais, mas globais. Do Texas às favelas do Rio, 2024 foi o ano que a música pop definitivamente rompu barreiras.

Renascer e a representatividade trans 

O remake da novela Renascer marcou um momento histórico para a representatividade LGBTQIA+ na teledramaturgia brasileira. A história de Buba (Gabriela Medeiros) levou pela primeira vez ao horário nobre da Globo uma narrativa séria e emocionante sobre pessoas trans e, melhor ainda, protagonizada por elas. No mesmo núcleo, Gabriela Loran, Galba Gogóia e Bianca DellaFancy brilharam como Maitê, Natasha e Janaína, respectivamente, entregando interpretações que trouxeram profundidade às tramas e abordaram questões reais enfrentadas por pessoas transgênero no Brasil. A decisão do diretor Gustavo Fernandez e do autor Bruno Luperi de priorizar a diversidade atualizou a narrativa da obra para o contexto contemporâneo e reforçou a importância de dar espaço a vozes historicamente excluídas desse formato.

A inescapável presença de Chappell Roan

A recepção a The Rise and Fall of a Midwest Princess, primeiro álbum de Chappell Roan lançado em 2023, foi extremamente calorosa. Presença imperativa em diversas listas de fim de ano, o disco, que trouxe os singles “Pink Pony Club”, “Casual” e “Red Wine Supernova”, rapidamente consolidou a jovem de então 25 anos como uma das promessas mais revigorantes da indústria. Sua combinação única de persona drag e a forma autêntica com que aborda os dilemas de uma mulher lésbica cativaram uma base de fãs fiéis. Ainda assim, ninguém poderia prever a ascensão meteórica que ela viveria em 2024. Além de viralizar com “Good Luck, Babe!” – também essencial nas retrospectivas anuais –, ela fez uma multidão entoar o refrão de “Hot To Go” no Coachella, abriu shows para Olivia Rodrigo e até causou alarde ao defender sua privacidade contra fãs invasivos. Neste ano, foi impossível escapar de Chappell Roan, e, para 2025, nossa torcida é para que ela não só inspire novos talentos, mas também continue seu domínio, à sua maneira.

2024, um ano especial para a visiBIlidade

Este foi um ano e tanto para a visibilidade bissexual na cultura pop. Estrelado por Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor, o filme Rivais (Challengers, Luca Guadagnino) colocou um triângulo amoroso cheio de idas e vindas no centro das conversas e foi um dos maiores fenômenos na primeira metade do ano, com destaque especial para uma aguardada e celebrada cena de beijo triplo que se tornou instaneamente clássica. Na TV, Bridgerton voltou com tudo em sua terceira temporada, trazendo mais diversidade ao explorar a sexualidade de Benedict (Luke Thompson), agora interessado também por pessoas do mesmo gênero. E, claro, é impossível não lembrar Billie Eilish, que resolveu abrir o jogo publicamente sobre sua orientação sexual, assumindo à Variety que gosta “de meninos e meninas”. Que 2025 não decepcione!

Retrospectiva 2024: cena do beijo triplo em “Rivais” foi um dos momentos mais marcantes do ano para o cinema LGBTQIA+ (Foto: Reprodução)

Uma retrospectiva amarga e inevitável para George Santos

Uma das figuras mais emblemáticas dos últimos anos, o ex-deputado dos EUA George Santos, filho de brasileiros, pode pegar até 22 anos de cadeia após ter confessado crimes de fraude no país. Durante uma audiência judicial realizada em Nova York em agosto, ele assumiu duas das 23 acusações feitas contra ele pelo FBI. A confissão de culpa veio após uma série de negociações com os promotores de Justiça estadunidense.

“Entendo que minhas ações traíram meus apoiadores. Estou comprometido em fazer reparações e aprender com esta experiência”, disse Santos na ocasião. O político também mentiu sobre sua origem acadêmica, experiência profissional e escondeu até mesmo sua identidade como a drag queen Kitara Ravache.

Megashows internacionais fazem história nos palcos brasileiros 

Quatro anos após o fim da pandemia, o mercado de shows no Brasil segue pulsando mais forte do que nunca, especialmente para o público LGBTQIA+ e os fãs de música pop. Dois nomes gigantes roubaram a cena em 2024: Madonna e Mariah Carey. Em maio, a Rainha do Pop trouxe sua aguardadíssima Celebration Tour ao país para um evento histórico realizado na Praia de Copacabana, onde reuniu uma multidão para celebrar sua longeva carreira e, como é de praxe, polemizou o país inteiro.

Madonna no Rio: uma celebração da diversidade e uma carta de amor ao Brasil de verdade

Meses depois, foi a vez de Mariah, que retornou ao Brasil após mais de uma década, entregando dois shows impecáveis: um em São Paulo e outro no Rock in Rio, emocionando fãs que aguardavam esse momento há anos. Ainda vivemos também a maratona de apresentações do brasileiro honorário Bruno Mars, o Bruninho, e o evento conceitual do The Weeknd, que chamou Anitta ao palco para uma performance inesquecível e instantaneamente viral.   

O melhor é que 2025 promete manter o ritmo: Kylie Minogue, Christina Aguilera e Katy Perry já estão confirmadas por aqui, enquanto um possível show gratuito de Lady Gaga no Rio, aos moldes do que Madonna fez, já é dado como certo. 

Chegamos à nossa 10ª edição! 

Lançada em 2017, a Híbrida finalmente conseguiu chegar neste ano à sua 10ª edição, FUTURO. E a estrela escolhida para incorporar esse clima de celebração foi Jaloo, a multiartista paraense que a essa altura da sua carreira já tem um lugar garantido na história da cultura queer brasileira. Jaloo representa o futuro que nós da Híbrida idealizamos: livre das amarras e expectativas sociais sobre gênero e sexualidade, com liberdade para ser e viver o que quiser. 

No ensaio fotográfico que ilustra a edição, ela revisita e abandona o passado para debutar como seu novo eu. Na entrevista, ela revela que passou por um período difícil de autoaceitação nos últimos anos. “Acho que morri um pouco nesse terceiro disco para renascer.”

“FUTURO”: Jaloo estrela a capa da 10ª edição da Híbrida

Priscilla, o musical mais comentado

Você pode até não ter gostado, mas a megaprodução musical de Priscilla, a Rainha do Deserto foi indiscutivelmente um dos assuntos mais comentados do ano e alcançou sessões esgotadas semana após semana. Por um lado, a escalação de Reynaldo Gianecchini para viver a drag queen Mitzi causou revolta online entre algumas pessoas LGBTQIA+; por outro, a forma como o ator se propôs a desconstruir sua imagem de galã para mergulhar na personagem foi um processo lindo de acompanhar. 

Faz pouco tempo que Gianecchini dividiu com o público sua pansexualidade e, agora, parece que ele se viu pronto para correr atrás do tempo perdido e se aprofundar na cultura queer, com direito a maquiagem, lip synch e stiletto. O restante do elenco, que tem nomes como Veronica Valenttino, Diego Martins e Wally Ruy, torna o musical ainda mais imperdível. Fica aqui o nosso desejo para uma nova temporada em 2025.

Reynaldo Gianecchini, Diego Martins e Verónica Valenttino integram o elenco do musical “Priscilla, a Rainha do Deserto” [Foto: Pedro Dimitrow | Divulgação]

Supremacia twink

Ainda que muitas vezes problemática, a predileção por twinks parece ter atingido seu ápice em 2024, pelo menos de acordo com os levantamentos do Grindr e do Pornhub. “Twink” foi o principal termo de busca e a principal categoria visitada pelos usuários gays da plataforma de vídeos adultos, enquanto se destacou também entre os usuários do aplicativo de pegação. O Brasil, por sinal, é um dos países com a maior concentração dos twinks, como contamos aqui.

Brasil é um dos países com maior concentração de “twinks” no mundo (Foto: Stock | Reprodução)

brat-tudo

Neste ano, o verão no Hemisfério Norte ganhou uma nova alcunha para chamar de sua: brat summer”, um movimento liderado pelo sucesso estrondoso do último álbum de estúdio de Charli xcx. A cantora, que há mais de uma década vem revolucionando a música pop, passou boa parte de sua carreira sob o rótulo de “artista de nicho”, mesmo tendo hits que alcançaram o mainstream vez ou outra, como Boom Clap” (2014) e Speed Drive” (2023). Em 2024, isso finalmente mudou. Além do sucesso crítico, brat – e Charli, por extensão – se tornaram uma das principais – se não a principal – narrativa cultural do ano, virando assunto nos mais diversos âmbitos possíveis: das dancinhas do TikTok para “Apple” à presença inusitada na campanha eleitoral de Kamala Harris às eleições presidenciais dos EUA. O “brat summer” pode ter acabado, mas o impacto de Charli segue mais vivo que nunca.

A indecisão do Papa Francisco

Sempre na corda bamba, o Papa Francisco começou o ano de forma promissora, defendendo em sua autobiografia que pessoas LGBTQIA+ fossem acolhidas pela Igreja Católica em sua autobiografia. Não demorou muito e no mês seguinte ele criticou as cirurgias de readequação de gênero para pessoas trans, chamando os procedimentos de “grave violação da dignidade humana”. Logo depois, veio a notícia de que ele usou termos homofóbicos em reuniões do Vaticano. Em suma, o pontífice repetiu em 2024 o mesmo comportamento ambíguo de sempre, cumprimentando a comunidade com uma mão e batendo com a outra.

10 declarações recentes do Papa Francisco sobre pessoas LGBT+

Novo surto de Mpox

O surgimento de uma nova cepa da mpox no continente africano provocou o segundo maior surto da doença no mundo, atrás apenas do inicialmente registrado em 2022. Apesar de ter provocado menos mortes e casos, o vírus manteve o perfil epidemiológico dos mais afetados pelo vírus continuou sendo a população “HSH – homens que fazem sexo com homens”, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde. O susto foi grande, o estrago foi menor, mas o alerta continua importante: ainda hoje não há tratamentos nem vacinas disponíveis para proteger a população da mpox.

Retrospectiva 2024: Liniker, vitória do Vôlei de Praia nas Olimpíadas, Wicked e ascensão de Alex Consani marcaram o ano dos LGBT+

A dualidade das Eleições 2024

O ano de 2024 foi um ano importante na política do Brasil e no mundo. Aqui, as eleições municipais tiveram um recorde de candidaturas LGBTQIA+ eleitas, com 225 representantes em 190 cidades por todo o Brasil, um total quase três vezes superior aos 78 representantes da comunidade eleitos no último pleito municipal. Os novos mandatos marcam um avanço significativo na representatividade política da comunidade para a promoção de direitos humanos, a luta contra a discriminação e a busca por políticas inclusivas.

Já nos EUA, a corrida presidencial terminou com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, após uma vitória histórica contra a candidata democrata Kamala Harris. A volta do republicano, entretanto, pode significar um retrocesso também histórico e sem precedentes para os LGBTQIA+, uma vez que especialistas preveem o avanço de medidas restritivas em áreas como direitos reprodutivos e da comunidade. Ainda assim, a eleição de 12 candidatos LGBTAQIA+ para a Câmara dos Representantes trouxe um pouco de esperança para os próximos quatro anos.

Um novo mandato de Donald Trump como presidente dos EUA pode significar um grave retrocesso aos direitos LGBTQIA+

A fruta do ano foi o Caju

Caju chegou para marcar o ano de Liniker – e o de seus fãs – de um jeito único. Além de sucesso de crítica e público, o disco garantiu à cantora o prêmio de Melhor Álbum no Prêmio Multishow e na publicação anual da revista Rolling Stone Brasil. Nas palavras da própria artista, Caju é um “processo de cura que mistura suas vivências com a vontade de se libertar”. A sonoridade do álbum, que transita entre MPB, soul e eletrônico, fez com que Liniker fosse mais do que uma artista: ela virou uma referência para quem busca se entender e se afirmar.

O retorno da Banda Uó

Mais de seis anos desde que entrou em hiato, a Banda Uó decidiu voltar à cena com sua formação original. Davi Sabbag, Mel Gonçalves e Mateus Carrilho fizeram alguns shows pontuais pelo Brasil e até lançaram uma música inédita com Gaby Amarantos, mas parece que faltou sangue nos olhos e/ou uma estratégia melhor que fizesse mais barulho sobre o retorno de um dos principais atos da música queer brasileira que foi fundamental em abrir as portas para a proliferação de artistas LGBTQIA+ que vivemos na cena de hoje.

Atletas LGBTQIA+ brilham nas Olímpiadas de Paris

Os Jogos Olímpicos de Paris trouxeram muitos momentos emocionantes para a comunidade, da abertura com as divas Céline Dion e Lady Gaga ao recorde brasileiro de medalhas. Este último só foi possível graças ao ouro no Vôlei de Praia feminino, com a dupla Duda e Ana Patrícia, que foi uma das atletas abertamente LGBTQIA+ que disputaram o evento, o mais diverso da história, com 195 representantes da comunidade.

Outra história marcante das Olimpíadas foi protagonizada por Imane Khelif, a boxeadora que sofreu ataque transfóbicos, apesar de ser uma mulher cis. A argelina foi alvo de ataques por não ter passado em um teste de gênero que não é reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que permitiu sua participação nos Jogos. Com apenas 25 anos, Imane sofreu uma retaliação massiva por parte da extrema-direita no mundo inteiro, mas com o apoio da Argélia – país que criminaliza a transexualidade -, ela seguiu na competição e conquistou a medalha de ouro para seu país.

A família de Tom Daley, a medalha de Imane Khelif e a abertura de Céline Dion foram alguns dos destaques LGBTQIA+ nas Olimpíadas de Paris 2024

STF reconhece mais um direito da comunidade LGBTQIA+ 

Em uma importante decisão histórica, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou em março que ambas as mães de um relacionamento homoafetivo têm direito à licença-maternidade e à licença-paternidade, independente de quem foi a responsável pela gestação do bebê. A decisão da Suprema Corte foi unânime e tomada com base no caso de uma mãe, servidora pública, que teve a licença-maternidade negada pela Prefeitura de São Bernardo do Campo, em São Paulo, por não ter gestado o bebê, ainda que tenha doado os óvulos para a fertilização na companheira.

Relator do caso, o ministro Luiz Fux defendeu uma “interpretação não reducionista do conceito de família” e criticou como as leis sobre o tema são baseadas em um “modelo tradicional de família centrado na heteroafetividade e no vínculo indissolúvel do casamento”. “A Constituição reconhece como legítimo modelos de famílias independentes do casamento e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus dependentes”, disse Fux. “Mãe também é essa que forneceu os óvulos para que a outra pudesse gestar o filho que nasceu.” A decisão de repercussão geral criou jurisprudência para que o mesmo entendimento seja aplicado em todos os casos similares julgados nas instâncias inferiores.

Pluralidade e realidade nas telonas 

Além do protagonismo bissexual, 2024 também foi um ano marcante para a representatividade LGBTQIA+ geral nos cinemas. Exemplos não faltaram: Emilia Pérez fez história em Cannes ao garantir o prêmio de Melhor Atriz para suas três protagonistas, incluindo Karla Sofia Gascón, atriz trans que já coleciona uma indicação ao Globo de Ouro e é forte candidata ao Oscar.

Zoe Saldaña e Karla Sofía Gascón protagonizam o musical “Emilia Pérez” (Foto: Divulgação)

Do Brasil, Baby brilhou como um sucesso de crítica e arrebatou prêmios em festivais, reafirmando o talento nacional no audiovisual. Já na reta final do ano, Wicked trouxe às telonas o encantamento de uma das histórias mais celebradas da Broadway, conquistando de vez o coração do público queer com seu elenco estrelado, performances emocionantes de músicas irresistíveis e uma narrativa universal sobre inclusão e autoaceitação.

A safra de 2024 ainda contou com destaques como Queer (leia aqui a nossa crítica do filme), Motel Destino, Love Lies Bleeding, Rivais, Eu Vi o Brilho da TV, dentre muitos outros. Entre grandes produções e obras intimistas, o cinema LGBTQIA+ teve um ano vibrante e diverso, reafirmando seu impacto aqui e lá fora.

Marielle, presente!

Após seis anos de investigações, a Polícia Federal prendeu três homens responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A Operação Murder Inc. foi realizada em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Procuradoria Geral da República e teve como alvo Chiquinho Brazão, deputado federal pelo União Brasil; seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro; e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio. Eles são apontados como os mandantes do crime que chocou o país em 2018. 

Irmã de Marielle, a ministra de Igualdade Racial Anielle Franco falou sobre a operação que prendeu os irmãos Brazão e agradeceu o empenho da PGR, do MP-RJ e da PF para a elucidação do caso: “É um dia histórico para a democracia brasileira e um passo importante na busca por justiça no caso de Marielle e Anderson. Todas as prisões são preventivas e ainda há muita coisa a ser investigada e elucidada, principalmente sobre o esclarecimento das motivações de um crime tão cruel como esse”, declarou à época.

Domingos Brazão, seu irmão Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Os três foram presos pelo envolvimento com o assassinato de Marielle Franco (Foto: Alerj, ABr e Câmara Deputados)

Mais pluralidade nas telinhas 

Seja pelo aumento da concorrência no streaming, pelo perfil comportamental das novas gerações ou simplesmente o efeito de uma evolução natural, fato é que  hoje há uma proliferação de narrativas e personagens LGBTQIA+ em séries e seus derivados, nacionais e internacionais. A safra de produções que retratam a nossa comunidade tem aumentado a cada ano, empurrando pouco a pouco os limites do que pode e deve ser abordado ou não.

Em 2024, a Marvel finalmente chutou a porta do armário e finalmente lançou uma série que realmente mostra personagens LGBTQIA+ com naturalidade e no centro da narrativa. Agatha Desde Sempre foi um passo importante que o império bilionário do MCU deu na direção certa, como contamos aqui. 

Um dos maiores sucesso de crítica e público este ano foi Bebê Rena, criação de Richard Gadd para a Netflix que conta a história de um homem que é perseguido por uma stalker enquanto tenta superar o medo de se relacionar com mulheres trans. Já Hacks, uma das comédias mais elogiadas dos últimos anos, explorou ainda mais a sexualidade e afetividade lésbica de Ava (Hannah Einbinder), uma das protagonistas.

No Brasil, a série Da Ponte Pra Lá (Max) trouxe um protagonista preto e trans para as telas com Victor Liam, enquanto a segunda temporada de Justiça (Globoplay) mostrou o complexo caso de amor entre duas mulheres como uma das suas tramas centrais. Há uns anos seria impossível sequer cogitar uma lista como a que fizemos aqui.

“Feud: Capote vs The Swans”, “Justiça” e “Ripley” fazem parte do nosso guia de séries LGBTQIA+ lançadas em 2024

Mais um recorde de assassinatos 

Pelo 17º ano consecutivo, o Brasil se manteve como o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, correspondendo a 30% dos 350 homicídios registrados pelo levantamento da Transgender Europe. A essa altura, boa parte do país parece ter se acostumado com essa realidade brutal, mas é inaceitável continuar por tempo indeterminado sem ações concretas de combate a esses crimes. 

Modelos trans tomam as passarelas e o protagonismo

Em 2024, a indústria da moda foi marcada por um nome que transcendeu o universo fashion para conquistar as redes sociais. Alex Consani, jovem de apenas 21 anos, despontou como a sensação do momento: com vídeos carismáticos no TikTok, ela atraiu atenção global e ainda integrou o squad de Charli xcx no clipe de “360”. No último trimestre, tornou-se a primeira mulher trans a vencer o prêmio de Modelo do Ano pelo British Fashion Council, um marco para a indústria.

O protagonismo também incluiu a brasileira Valentina Sampaio, que brilhou ao desfilar no aguardado retorno do Victoria’s Secret Fashion Show – onde dividiu a passarela com Alex – e ao estampar a capa da edição de janeiro da Vogue Brasil. Em um ano de tantos retrocessos na moda, como o retorno da supervalorização da magreza e outras pressões estéticas, o sucesso de modelos trans como Alex e Valentina é um verdadeiro respiro, reafirmando a força da representatividade.


Lulu Santos é homenageado no Grammy Latino

A 25ª edição do Grammy Latino foi especial para Lulu Santos, que conquistou seu primeiro gramofone de ouro ao vencer a categoria Melhor Interpretação de Música Urbana em Português, ao lado de Gabriel O Pensador e Xamã, pela canção “Cachimbo da Paz 2”. Antes disso, entretanto, o cantor foi homenageado na cerimônia de premiações especiais com o Prêmio à Excelência Musical, concedido pela Academia do Grammy Latino a artistas com contribuições excepcionais para a música latina. O gramofone de ouro deu o devido reconhecimento a uma carreira sempre inovadora, marcada por mais de cinco décadas de sucesso e experimentação de diferentes estilos musicais​.

Lulu Santos foi premiado por parceria com Gabriel o Pensador e Xamã (Foto: John Parra/Getty Images for The Latin Recording Academy)

O retorno da Lady Gaga “raiz”

Depois de arrastar sua base de little monsters por residências em Las Vegas, discos de jazz, investidas como atriz (algumas notoriamente melhores que outras), linhas de maquiagem e até um disco que flertou com o country, Lady Gaga finalmente voltou às suas raízes, as mesmas que fizeram o mundo se escandalizar e se apaixonar por ela há mais de uma década: música pop de qualidade.

Mas a jornada até aqui não foi fácil nem rápida. Em 2024, Gaga mostrou de novo que é uma camaleoa e mostrou ao público toda a sua versatilidade. Ela arranjou tempo para lançar “Die With a Smile”, seu dueto romântico com Bruno Mars que foi uma das maiores músicas do ano; estrelar o grandioso Coringa: Delírio a Dois, como Arlequina; gravar um disco inteiro inspirado no filme e na personagem; e, finalmente, se reinventar de novo com “Disease”, carro-chefe da divulgação do seu antecipado sétimo álbum de inéditas.

A produção da música equilibra vocais potentes entre tons de rock, pop e techno, enquanto Gaga canta sobre aceitar seu lado mais obscuro e fazer as pazes com os próprios erros e falhas. No clipe, ela aparece lutando contra si mesma e totalmente investida na estética dark. Assim,“Disease” foi logo interpretada como o anúncio de uma muito aguardada volta da Mother Monster às suas raízes excêntricas, com as quais redefiniu o que é ser uma popstar. E esse parece ser só o começo.

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