A GLAAD, uma das principais organizações de defesa dos direitos e visibilidade LGBTI+ nos Estados Unidos, se uniu ao Athlete Ally e à Pride House Tokyo para criar um guia que ensina jornalistas como cobrir atletas LGBTI+ que participam dos Jogos Olímpicos 2021. Em comunicado conjunto, os grupos afirmam que os meios de comunicação têm uma “oportunidade incomparável de fornecer cobertura justa e precisa da imprensa” aos atletas LGBTI+ nas Olimpíadas de Tóquio.

Eles enfatizam que o manual será particularmente importante este ano, já que Laurel Hubbard, halterofilista da Nova Zelândia, se tornou a primeira pessoa trans a competir nas Olimpíadas, e os jornalistas podem “ajudar a conter a onda de desinformação e discurso transfóbico que atualmente cerca os esportes”.

Gon Matsunaka, presidente da Pride House Tokyo, apelou aos meios de comunicação para “cooperarem na divulgação de informação positiva baseada em fatos corretos”, acrescentando que eles devem fazer o seu trabalho sem recorrer à disseminação de fake news, notícias com meias verdades e à promoção de violações dos direitos humanos.

“Também esperamos que as pessoas que usam a internet e as mídias sociais entendam a seriedade dos problemas enfrentados pelas pessoas transgêneras, sejam eles abertamente transgêneras ou não, e a complexidade do assunto, e sigam mensagens que sejam respeitosas e conscientes de como criar uma sociedade onde todos possam viver em paz.”

“Um grande número de atletas olímpicos LGBTI + mostra que você pode ‘ser você mesmo'”

Sarah Kate Ellis, presidente da GLAAD, apontou que um número recorde de atletas LGBTI + vão disputar as Olimpíadas de Tóquio, descrevendo o feito como prova de que “competir como você mesmo pode e leva ao sucesso”.

Afirma Joanna Hoffman, diretora de comunicações da Athlete Ally, sobre os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2021: “Estamos testemunhando a história da construção desses incríveis e orgulhosos atletas olímpicos e paraolímpicos, que estão mostrando ao mundo que é possível ser você mesmo e celebrando seus esforços através do esporte que você ama”.

No início deste mês, o Daily Mail mostrou em uma manchete por que o guia da mídia é necessário ao falar sobre Laurel Hubbard. O jornal britânico expôs o nome morto da atleta e teve sua identidade questionada de forma altamente violenta e transfóbica.

Inúmeros outros meios de comunicação publicaram histórias tendenciosas e problemáticas sobre o gênero de Hubbard, convenientemente ignorando que ela se qualificou para as Olimpíadas de acordo com regras pré-aprovadas, como qualquer outra atleta.

Emily Campbell, levantadora de peso e rival olímpica de Laurel, demonstrou seu apoio à atleta neozelandesa, dizendo que “sua inclusão é positiva para o levantamento de peso – já que ninguém nunca deu atenção ao esporte. E que sua classificação não fere nenhuma regra”, acrescentando ainda: “Nós lutamos por tanto tempo para que as pessoas gostassem do levantamento de peso e agora você vai ganhar alguma luz sobre o esporte”.

Pressionada sobre a inclusão de Hubbard, Campbell respondeu: “Não sou responsável por criar as regras, não me sento nas grandes diretorias e tomo essas decisões. Esse não é o meu trabalho. Meu trabalho é ser atleta e competir”. E completou: “Ninguém quebrou nenhuma regra, todos aderiram a elas e se qualificaram de forma justa. Você apenas tem que ir e competir contra as garotas que estão por aí. Você não pode permitir que as distrações o afetem”.

O guia foi lançado poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos em Tóquio, nesta sexta-feira (23). Você pode conferir a íntegra aqui. Uma análise da Outsports descobriu que os jogos deste ano terão o maior número de atletas abertamente LGBTI+, com pelo menos 162 competidores participando.

*Com informações do The Mirror e do PinkNews