O atleta Anderson Melo foi vítima de homofobia durante uma partida do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife, capital pernambucana. O ataque aconteceu na última quarta-feira (13), durante o primeiro jogo da fase principal do torneio organizado pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), enquanto o joador atuava ao lado do parceiro Lyan contra a dupla Luizão e Fabiano.

“Não sei se serei ouvido como gostaria, eu só sei que estou sem chão e pela primeira vez tiraram meu sorriso e as palavras, mas vou tentar”, escreveu Anderson em suas redes sociais. “No ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual.”

Anderson Melo publicou seis cortes da live que transmitiu o jogo da última quarta, no site oficial da CBV. Em vários momentos diferentes, um grupo de torcedores gritavam ofensas do tipo “É mulher ou não é? Usa calcinha ou não usa?”, “Saca na bicha” e “Deixa que a gente vai matar ela aqui”. A dupla de Anderson acabou perdendo a partida e, ao voltar para o Rio de Janeiro, o paulista de 32 anos registrou um boletim de ocorrência.


“Me senti completamente acuado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo. Um ambiente feito para as pessoas apreciarem os atletas, torcer para seus favoritos é claro, mas não necessariamente tentar diminuir, xingar, debochar ou tentar ridicularizar alguém”, desabafou o jogador.

Apesar dos ataques em Recife, Anderson tem recebido o carinho de várias figuras importantes dentro e fora da comunidade do vôlei, como as jogadoras Carol Gattaz, Gabi Guimarães e Tifanny Abreu, a cantora Teresa Cristina e a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco. O atleta ainda pediu que a CBV e as autoridades competentes deem a devida atenção ao caso.

“Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e assim como eu todos tem o direito de serem respeitados. Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém”, completou.

Anderson Melo foi vítima de homofobia em partida do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia (Foto: Reprodução | Instagram)
Anderson Melo foi vítima de homofobia em partida do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia (Foto: Reprodução | Instagram)

CBV repudia homofobia contra Anderson Melo

A Confederação Brasileira de Vôlei divulgou neste sábado (16) uma nota oficial em que repudia os ataques homofóbicos e afirma que encaminhou denúncias formais ao Ministério Público e a uma delegacia de Recife, além de se comprometer em prestar todo o apoio necessário a Anderson Melo.

Leia a nota abaixo.

A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamenta e repudia veementemente os ataques homofóbicos ao atleta Anderson Melo, feitos na quinta-feira por pessoas que assistiam aos jogos da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife.

A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado, protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos.

Desde sexta-feira, a mensagem abaixo é veiculada antes de cada partida da quadra central.

“Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!”

A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos.