A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) tem uma nova presidenta para os próximos quatro anos: Bruna Benevides. A ativista de 44 anos assumiu a posição após assembleia geral realizada no último sábado (25), em que toda a diretoria passou por renovações, com Chopelly Santos como vice-presidenta, Pitty Barbosa como secretária geral, e Keila Simpson como tesoureira.

Bruna Benevides chega com um currículo respeitável na liderança da ANTRA, onde já atuou como Secretária de Articulação Política e é responsável pela coordenação de pesquisa anual sobre violência contra a população trans desde 2017. Também foi coordenadora adjunta da Clínica Jurídica LGBTQIA+ da Universidade Federal Fluminense (UFF) e é membro do Observatório de Direitos Humanos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“É com grande honra e responsabilidade que assumo a presidência da ANTRA. Tenho pensado em como podemos reforçar nossas defesas reafirmando que as proteções às pessoas trans existentes e consolidadas no país não podem ser violadas”, disse a nova presidenta. “O Estado brasileiro já reconhece que mulheres trans são mulheres e deve atuar para impedir ideais segregacionistas, assegurando e protegendo essa afirmação, além de promover reparação às vítimas de violências e suas famílias.”

Nos últimos anos, Benevides se destacou como uma das principais vozes da comunidade na luta pelos direitos humanos. Já colaborou por diversas vezes com a Revista Híbrida e recebeu prêmios por sua militância política e social, como o Prêmio Carolina Maria de Jesus da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), a Medalha Marielle Franco
de Direitos Humanos, o Prêmio Faz Diferença do Jornal O Globo, dentre outros.

No início de 2024, foi escolhida como uma das 30 pessoas transexuais mais relevantes do país pela Billboard Brasil. A cearense também já foi reconhecida internacionalmente, sendo eleita uma das 100 mulheres pioneiras na liderança política pela Woman of The World (WoW) no ano passado.

“Meu desafio neste momento é dar continuidade a essa caminhada de mais de 30 anos que nos trouxe até aqui e agregar ações no sentido de assegurar avanços e conquistas na busca por manter o que ainda não alcançamos. Nos ajustando aos desafios de um ativismo, que também passa pelo ambiente virtual, mas que não abre mão de estar nas ruas para resistir e manter o que temos conquistado”, completou Benevides.

Criada em 1993, no Rio de Janeiro, a ANTRA é uma rede nacional que articula em todo o Brasil 127 instituições que desenvolvem ações para promoção da cidadania da população de travestis e transexuais. Em seus mais de 30 anos de existência, a organização tem sido responsável pela geração de dados e informações importantes em relação à população trans, e os impactos da transfobia e das diversas formas de violência que colocam o país como o que mais assassina pessoas trans no mundo.