A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aprovou no início deste mês a criação do Acervo LGBT+ Cintura Fina, que vai reunir os registros de memória da comunidade LGBTQIA+ em Belo Horizonte. Com isso, a UFMG se tornou a primeira instituição pública de ensino superior do Brasil a ter um acervo dedicado a essa população.

O acervo faz parte da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) e fica em uma sala especial da biblioteca da UFMG. O objetivo, de acordo com um comunicado divulgado pela instituição, é “resgatar, registrar, difundir e preservar o patrimônio, relacionado a práticas, memória e produções culturais da comunidade LGBT+, assim como lugares, imagens e documentos. Para tanto, o acervo se vale, também, de histórias de pessoas LGBT+ que marcaram os cenários local e nacional”.

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Além de imagens e documentos, estarão inclusos coletâneas da Página GLS, do caderno de cultura do jornal mineiro O Tempo; cartas trocadas entre leitores, correspondências institucionais e de pessoas de destaque do meio LGBTQIA+; exemplares da revista G Magazine, dentre outros.

O nome do projeto foi dado em homenagem à travesti Cintura Fina, importante figura da comunidade no cenário da capital mineira entre as décadas de 1950 e 70. “Mais do que uma homenagem, essa escolha também representa a busca pela reafirmação da importância dessa pessoa e das experiências queer, até hoje criminalizadas, patologizadas e incompreendidas pela sociedade”, diz Marco Aurélio Prado, professor e coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT+ (NUH/UFMG).

A travesti mineira Cintura Fina, homenageada no acervo de memória LGBTQIA+ da UFMG (Foto: Reprodução)
A travesti mineira Cintura Fina, homenageada no acervo de memória LGBTQIA+ da UFMG (Foto: Reprodução)

Prado também ressalta que a criação do acervo irá contribuir para o desenvolvimento da democracia no País. “A institucionalização, aprovada pela Congregação da Fafich, representa um reconhecimento institucional da sociabilidade LGBT+. É também um passo importante para o fortalecimento da democracia brasileira, porque o acervo traz visibilidade a trajetórias que nunca foram percebidas como parte da história da nossa sociedade”, diz.

Luiz Morando, especialista em memória LGBTQIA+ e autor do livro Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte, doou sua coleção pessoal ao projeto. Para ele, “recolher, guardar, preservar, manter e estudar essa memória é muito importante não só para fortalecer a memória passada, mas também a autoestima desse público”.

O Acervo LGBT+ Cintura Fina abre as portas em novembro deste ano, na biblioteca da UFMG.