A deputada federal Erika Hilton (PSOL) entrou com uma representação no Ministério Público de Minas Gerais contra André Valadão por homotransfobia. Em um “culto” divulgado nas suas redes sociais no último domingo (4), o pastor disse que “Deus odeia o orgulho” e escreveu a frase com as cores do arco-íris.

“André Valadão historicamente busca projeção pessoal criando polêmicas e destilando violência LGBTfóbica, em especial em datas comemorativas da comunidade”, disse Erika. “Não daremos o palco que quer, não exporemos seu rosto e falas em nossas redes, pois é isso que ele quer. Da mesma maneira, não permitiremos que suas falas passem impunes.”

O culto foi transmitido online, mas teria acontecido em Orlando, nos Estados Unidos, segundo as publicações do pastor. Na representação enviada ao MPMG, Erika afirma que Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, “busca associar as vivências das pessoas da comunidade LGBTQIA+ a um comportamento ‘desviante’, ‘contrário às leis divinas’ e, portanto, algo a ser rechaçado e odiado”.

“Além disso, há constantes associações ao comportamento LGBTQIA+ como uma ‘imoralidade sexual’, que não deve ser tratado como ‘normalidade’, e sim como um pecado”, continua o documento, afirmando que “toda a pregação é composta por inúmeras incitações ao ódio” contra a comunidade. A deputada também reforça que em junho é celebrado internacionalmente como o Mês do Orgulho LGBTQIA+.

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Em um dos trechos, Valadão chega a dizer: “Eu preciso odiar o pecado, eu preciso odiar a impureza sexual, eu preciso ter ódio daquilo que deus não criou de forma natural, eu preciso ter nojo, eu preciso romper na minha vida, não deixar que isso entre na minha casa, na mente dos meus filhos, no meu casamento, eu não posso tratar com naturalidade aquilo que deus repugna”.

Além da remoção do vídeo de todas as plataformas online, Erika pede que o MP denuncie André Valadão pelo crime de homotransfobia, de acordo com a interpretação firmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019, que inclui o crime na Lei de Racismo (7.716/1989).

“Deus não odeia o orgulho”, escreve a parlamentar. “Quem odeia a diversidade são os farsantes e mercadores da fé, que não perdem a oportunidade de pregar o ódio contra populações vulneráveis, espalhando desinformação e estereótipos.”

Ainda em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a decisão e aumentou sua punição, decretando que crimes desse tipo são inafiançáveis, imprescritíveis e podem resultar em uma pena de 2 a 5 anos de reclusão.