A ativista travesti Symmy Larrat foi oficialmente nomeada como gestora da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ nesta quarta-feira (25). A pasta é inédita na história do Brasil e pertence à estrutura do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania neste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela foi anunciada ainda em dezembro do último ano pelo professor Silvio Almeida, que assumiu o cargo antes comandado pela senadora Damares Alves (Republicanos) na gestão de Jair Bolsonaro.

Antes de assumir a chefia da Secretaria, Symmy já havia percorrido um caminho mais do que respeitável pela defesa dos direitos LGBTI+ na política institucional. Ao longo do segundo governo da presidenta Dilma Rousseff (2013-2016), ela se tornou a primeira mulher trans a ocupar a função de coordenadora-geral de Promoção dos Direitos LGBT, na extinta Secretaria de Direitos Humanos.

Durante a gestão do ex-prefeito de São Paulo e atual Ministro da Fazenda Fernando Haddad, ela também gerenciou o Transcidadania, referência internacional no incentivo e inclusão da população trans à escolarização e no mercado de trabalho formal. O programa, mantido pela gestão atual da capital paulista, oferece hoje um auxílio de R$ 1.272,60 para travestis e pessoas trans.

“Symmy agrega todos os predicados essenciais para o exercício desta histórica função: capacidade de gestão, ativismo e propensão ao diálogo, sem jamais abdicar da intransigente defesa dos direitos da população LGBTQIA+”, escreveu Almeida nas redes sociais quando anunciou a ativista para o cargo.

Além de ter cumprido funções importantes durante o segundo governo Dilma e no mandato de Haddad na capital paulista, ela também concorreu como deputada federal pelo PT em São Paulo e foi a primeira travesti à frente da presidência da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).

Durante o 1º Encontro de LGBT+ Eleites, realizado na última sexta-feira (20) pela Vote LGBT+, Symmy, em uma clara referência à fala de Damares Alves enquanto ministra (“Menino veste azul e menina veste rosa”), afirmou: “Nessa gestão, nesse ministério, meninos, meninas e menines podem vestir rosa, azul, branco, preto, lilás. Agora está liberado”.

Symmy Larrat tem 44 anos e é natural de Cametá, no Pará. Aos 17 anos, ela ingressou no curso de Comunicação Social na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde iniciou sua vida política.