O papa Francisco reconheceu em um documentário apresentado nesta quarta-feira (21), no Festival de Cinema de Roma, que casais homoafetivos sejam protegidos por leis civis. “As pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família, são filhos de Deus, possuem direito a uma família”, afirmou.

“Não se pode expulsar ninguém de uma família, nem tornar sua vida impossível por isso. O que temos que fazer é uma lei de convivência civil, eles têm direito a estarem legalmente protegidos. Eu defendi isso”, explica o papa, no documentário dirigido por Evgeny Afineevsky.

“Desde o início do pontificado, o papa fala de respeito aos homossexuais e que é contra sua discriminação. A novidade hoje é que defende como papa uma lei para as uniões civis”, explicou a vaticanista Vania de Luca à Rainews.

O documentário, de duas horas de duração, percorre os sete anos de pontificado e suas viagens com depoimentos e entrevistas. Um dos momentos de destaque do filme mostra quando o papa faz uma ligação para um casal homossexual, com três filhos pequenos, em resposta a uma carta que recebeu deles na qual contam a vergonha que sentem por levarem seus filhos à paróquia. Francisco os convida a continuar comparecendo à igreja, independentemente dos julgamentos dos demais.

Outro depoimento comovente é o do chileno Juan Carlos Cruz, vítima e ativista contra os abusos sexuais, que acompanhou nesta quarta-feira o diretor na exibição do filme em Roma. “Quando conheci o papa Francisco, ele me disse que sentia muito pelo ocorrido. Juan, foi Deus quem te fez gay e em todo caso te ama. Deus te ama e o papa também te ama”, conta Cruz no filme.

Como contamos antes, o papa também ajudou um grupo de transexuais e travestis na Itália, durante a pandemia do coronavírus, enviando doações às imigrantes, dentre as quais estavam algumas brasileiras.

“Como eram quase todos brasileiros, colombianos e argentinos, sugeri que enviassem uma mensagem ao Papa. Eles enviaram e eu entreguei ao cardeal Konrad Krajewski, que conheço há algum tempo. Obviamente, avisei-o dizendo que eram pequenas cartas protocolares, em espanhol, assinadas com pequenos corações. A Esmolaria Apostólica apareceu alguns dias depois com a ajuda do Papa Francisco, que apreciou a mensagem”, contou Dom Andrea Conocchia.