O Vaticano anunciou na manhã desta segunda-feira (15) que a Igreja Católica não pode conceder a bênção a uniões homoafetivas, uma vez que Deus “não abençoa o pecado”. O decreto foi emitido pela Congregação pela Doutrina da Fé, escritório ortodoxo da Igreja, e assinado pelo Papa Francisco, em resposta à dúvida de um clérigo que pediu autorização para celebrar uniões de casais do mesmo sexo.

De acordo com o documento de duas páginas e publicado em sete idiomas, há uma diferença entre “acolher” na Igreja Católica e “abençoar” pessoas LGBTI+ ou casais gays ou homoafetivos. O texto defende que reconhecer uniões entre pessoas do mesmo sexo seria confuso e poderia equiparar essas relações ao casamento.

O Vaticano também defende que pessoas LGBTI+ devem ser tratadas com dignidade e respeito, mas que o sexo gay é “intrinsecamente desordenado”, com base no princípio de que o casamento é uma união entre homem e mulher, como parte de Deus para a criação da vida.

“A presença de elementos positivos nessas relações, que por si só devem ser valorizados e apreciados, não pode justificar essas relações e assegurar-lhes objetos legítimos de uma bênção eclesiástica, já que os elementos positivos existem no contexto de uma união não ordenada pelo plano do Criador”, afirma o documento.

Deus “não pode abençoar o pecado: Ele abençoa o homem pecador, para que ele possa reconhecer que é parte do Seu plano de amor e se permitir ser transformado por ele”, finaliza o texto.

O posicionamento é a última contradição em uma série de afirmações e decisões emitidas pela igreja Católica durante o papado de Francisco, que ainda no ano passado defendeu o reconhecimento civil de casais homoafetivos em um documentário exibido no Festival de Cinema de Roma. “As pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família, são filhos de Deus”, disse.

No início da pandemia do coronavírus, o Papa Francisco também ajudou um grupo de travestis brasileiras em Roma, com doações de itens básicos e dinheiro. Ainda assim, a Igreja emitiu um comunicado oficial em 2019, afirmando que “ideias como ‘intersexual’ ou ‘transgênero’ indicam uma ideia ambígua de masculino ou feminino” e “aniquilam o conceito da natureza”.

Na nossa 6ª edição, “Recomeços”, nós mostramos como uma pesquisa inédita da Todxs apontou que a fé cristã é a principal fé entre brasileiros LGBTI+, escolhida por 30,8% dessa população. Leia a matéria completa aqui.