19 abr 2024

ROTEIRO LGBTQ DO CARNAVAL 2020 EM BELO HORIZONTE

Não há mais como negar: o Carnaval de Belo Horizonte despontou entre os melhores do Brasil. Pra quem não se lembra, a cidade já viveu fevereiros em que as ruas ficavam vazias e só permanecia quem buscava sossego. Mas há pelo menos 8 anos o coração festeiro pulsa cada vez mais forte aqui pela capital mineira.

A história do nosso Carnaval se mistura com as lutas pela valorização da cultura, pela ocupação do espaço público e pela livre manifestação artística (dá pra ser mais atual?). Agora, Belo Horizonte bate recorde de público, ano após ano. Em 2019, foram 4,3m foliões pela cidade, um aumento de 13% em relação a 2018. Para 2020, a expectativa é ainda maior.

E mesmo hoje, tomada por grandes marcas e patrocínios milionários, nossa festa não perdeu sua essência política. Prova disso é o crescimento responsável de blocos consagrados, além de novos bloquinhos que não param de nascer. Nosso Carnaval está cada vez menos centralizado e com pautas claras por respeito e cidadania. E é claro que os LGBTQ arrasam nesse quesito, né?

Para quem vai curtir a folia na cidade, a dica é sair do centrão. Com o crescimento do Carnaval na capital mineira, os blocos estão fugindo do fluxo central e ocupando novos espaços na cidade. Outra dica é sair bem cedo de casa, pois o melhor do CarnaBH acontece durante o dia. Mais especificamente, a partir das 6h da manhã.

Preparamos uma lista com os bloquinhos que você precisa conhecer:

TRIO @BSURDA, dom (16/2)

A festa mais babadeira de BH sairá no Carnaval mais uma vez. Trazendo o melhor do pop, enaltecendo nossas divas e fazendo toda POC sair de casa. O Trio @bsurda fica melhor a cada ano e é simplesmente o maior ato pop LGBT+ de Minas Gerais. De Britney Spears a Anitta, os organizadores promovem anualmente um rebolaço colorido no Centrão de Belory.

Concentração: Praça da Estação, às 13h.

LUA DE CRIXTAL, dom (16/2)

O bloco que toda criança viada sonhou. Com o repertório inesquecível da Rainha dos Baixinhos, ele consegue reviver a nostalgia da infância sem as amarras que nos prendiam quando criança e nos impediam de dar pinta ao som de Xuxa. Tem circo, tem bateria afiada e tem Xu xu xu, xa xa xa. Simplesmente imperdível e muito mais que uma homenagem à Xuxa, é o momento de nostalgia pop dos anos 90 e 2000.

Concentração: Rua Gabro, 41, Bairro Santa Tereza (entre as ruas Salinas e Mármore), às 12h.

BLOCO DA BICICLETINHA, qui (20/2)

Um bloco pra quem gosta de pedalar. Apesar de não ser exclusivamente LGBT, é o ponto de encontro das gays ciclistas. O segredo é se montar pra chamar bastante atenção durante o trajeto, que é feito sob duas rodas e com a música no talo.

Concentração: às 20h, na Pça. Raul Soares; e às 23h30, no Bar Yanã.

BLOCO DA HORNY, sex (21/2)

A Horny é uma festa mineira que trata o sexo sem tabu e com muita informação. E dessa vez eles vão botar o bloco na rua. O Bloco da Horny chega sem pudor e vai além de muita diversão, promovendo em seu primeiro cortejo uma campanha de conscientização sobre o HIV/AIDS e outras ISTs, enquanto aborda também a prevenção combinada.

Está na programação ainda uma roda de conversa com profissionais da saúde na Casa Híbrido, exposição de fotos dos dois anos da festa pelo fotógrafo Rafael Sandim, performances e o lançamento oficial da campanha impressa.

Concentração: Rua Bonfim, 826, no Bairro Bonfim, às 17h.

SE FLOPAR NUNCA EXISTIU, sáb (22/2)

A ideia inicial era reunir os integrantes LDRV, grupo lendário do Facebook, em rolês e barzinhos, mas logo os encontros viraram um bloco de Carnaval. O Se Flopar reúne o melhor do pop, performances de drags locais e os melhores memes. Basicamente, é a materialização da internet num cortejo de Carnaval.

ENTÃO, BRILHA!, sáb (22/2)

O Então, brilha! é um dos maiores e mais tradicionais blocos  de Belory, sempre arrastando uma multidão. Em 2018, sua bateria (gigante!) desfilou com as cores do arco-íris, como forma de celebrar a cultura LGBTQ.

Concentração: Avenida do Contorno com Rua Curitiba, às 5h.

ALÔ ABACAXI, dom (23/2)

Quem é LGBTQ sabe dos abacaxis que a vida nos obriga a descascar. E é pra deixar esse exercício mais leve e coletivo que o Alô, abacaxi nasceu, lá em 2016, com toda a energia da Tropicália e muita MPB. Sempre um dos blocos LGBTQ mais aguardados e com uma bateria contagiante, o bloco convida os foliões ao diálogo e à escuta para as lutas individuais. O Carnaval é curtição mas também é manifesto.

Concentração: Avenida Amazonas esquina com Rua São Paulo, às 9h.

Al+¦

CORTE DEVASSA, seg (24/2)

A família imperial nunca foi tão babadeira. Com muito pancake, perucas e nenhuma vergonha, o Corte Devassa é bafônico e luxo é sua palavra de ordem, desafiando os bons costumes e expondo a hipocrisia da “tradicional família mineira”. Com marchinhas de tirar o fôlego, performance teatral e figurino imperial, o bloco promete balançar a cidade pelo 9º carnaval, enquanto os foliões desfilam sempre na Rua Sapucaí, esquina com a Av. Assis Chateaubriand, às 11h.

É disparado o bloco mais elegante e charmoso de Belory.

GAROTAS SOLTEIRAS, seg (24/2)

Todo ano o Garotas homenageia uma diva pop. Em 2020, a musa escolhida é nossa Mulher do Fim do Mundo, Elza Soares. O bloco promete resgatar os melhores hits dessa deusa e mesclar com que não sai do nosso Spotify. Um dos maiores blocos LGBTQs da cidade.

Concentração: Av. Brasil, esquina com R. dos Timbiras, às 14h.

TRUCK DO DESEJO, ter (25/2)

Um bloco para mulheres que amam mulheres, surgiu em abril de 2018 com a proposta de ser um espaço de visibilidade. Sem falocentrismo, a Truck do Desejo é um espaço de liberdade para as bi e sapatonas gritarem seus desejos sem ninguém para invalidá-las. O repertório é focado em canções interpretadas por cantoras LesBi da MPB. Todo LGBTQ precisa conhecer e se apaixonar por um dos blocos mais bonitos do Carnaval mineiro.

Concentração: Avenida Augusto de Lima, esquina com a Rua Mato Grosso, às 8h.

BÔNUS: MÃES PELA DIVERSIDADE

Não podemos esquecer de colocar na lista um coletivo super importante: o Mães Pela Diversidade MG. Um time de mães (e pais também!) que lutam pela inclusão e aceitação de filhxs LGBTQ+. O grupo estará presente em vários desses blocos, cantando, dançando e principalmente com palavras de conforto aos foliões, muitos dos quais ainda vivem sem apoio familiar.

A Coordenadora do Mães pela Diversidade em Minas, Celina Batista, conta sobre a relação do coletivo com o Carnaval, que só vem crescendo desde 2017. “Estar nos blocos LGBT é mais que uma ação política, é uma forma de dizer para a sociedade que estaremos com nossos filhos onde quer que eles estejam”. Conheça mais sobre o coletivo AQUI.

Anderson Araújo

ANDERSON ARAÚJO

Publicitário, Anderson nasceu no interior de Minas e se apaixonou por BH, onde vive há 9 anos. Se interessa por comportamento, fotografia e toda forma genuína de expressão.

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Zotha

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Eu sou o Zotha, jornalista, produtor de conteúdo digital e social media do Portal Uai e Estado de Minas. Desde 2015 estou à frente do canal ‘Xôtifalá’.

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