O Brasil chegou a mais de 1 mil casos confirmados da mpox ao longo deste ano, segundo o boletim mais recente do Ministério da Saúde. No acumulado até o último sábado (7), o País teve 1.015 casos positivos ou prováveis da doença e outros 426 suspeitos.

Na última semana, o número de notificações da mpox no Brasil em 2024 já tinha superado o total de notificações ao longo de todo o ano passado. A maioria dos novos confirmados ou prováveis está em São Paulo (533, ou 52,5%), que também foi o estado com a maioria dos casos da doença durante o primeiro surto, em 2022.

Os outros estados que mais tiveram casos confirmados ou prováveis de mpox este ano são o Rio de Janeiro, com 224 (22,1%); Minas Gerais, com 56 (5,5%); e Bahia, com 40 (3,9%). Apenas duas unidades federativas ainda não tiveram nenhum diagnóstico positivo para a doença: Amapá e Piauí.

Entre as duas últimas semanas epidemiológicas, o Brasil teve um aumento de quase 20% dos casos confirmados, prováveis e suspeitos da mpox. Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a classificar a doença como uma “emergência de saúde global”, em 15 de agosto, as notificações por aqui cresceram mais de 82%.

O perfil dos pacientes continua o mesmo do surto de dois anos atrás: a maioria é do sexo masculino (94,2%), na faixa etárias dos 18 aos 39 anos (70,7%).

O Brasil ainda não registrou nenhuma morte por mpox neste ano, nem teve nenhuma notificação confirmada para a cepa 1b, que tem se alastrado pelo continente africano e provocou o alerta de “emergência global de saúde” emitido pela OMS.

Mpox é “emergência de saúde global” 

O surto atual de mpox começou a dar os primeiros sinais em maio deste ano, na África do Sul. No mês de junho, a República Democrática do Congo, país da região Central do continente, se tornou o epicentro da doença, com 96% de casos confirmados da cepa 1b, uma variante do vírus considerada “mais grave e transmissível”.

Essa é a segunda vez que a OMS emite seu nível mais alto de alerta para a mpox desde 2022, quando os primeiros casos surgiram também na África e rapidamente se espalharam pelo mundo entre junho e setembro.

Pela gravidade da situação atual, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, também emitiu um comunicado solicitando aos fabricantes de vacinas contra a doença que submetessem novas doses para aprovação de uso em caráter emergencial, uma vez que elas são escassas em todo o mundo.

Tedros Adhanom declarou a mpox como "emergência de saúde global" em 14 de agosto (Foto: OMS)
Tedros Adhanom declarou a mpox como “emergência de saúde global” em 14 de agosto (Foto: OMS)

“Este é, sim, um motivo de alerta, monitoramento e preocupação. Contudo, é importante reforçar que não há motivo para alarme”, afirmou a ministra da Saúde Nísia Trindade há duas semanas, quando houve o anúncio da OMS. “Devemos permanecer vigilantes e seguir as recomendações disponíveis para lidar com essa emergência de importância internacional, considerando a presença do vírus no Brasil.”

Como se transmite a mpox?

A mpox (chamada anteriormente de varíola dos macacos ou monkeypox) é uma doença viral transmitida por contato próximo e prolongado com o vírus. Isso pode acontecer através da saliva, de gotículas respiratórias ou das lesões de pele. Desde 2022, a principal forma de transmissão tem sido por contato sexual. Partilhar itens pessoais com pessoas infectadas também pode aumentar a possibilidade de disseminação da doença.

Como começa a mpox? Quais os principais sintomas?

No quadro clínico típico, a pessoa começa a ter febre, dor de cabeça, na garganta e nas costas 2 a 4 semanas após se infectar com o vírus. Dias depois, começam a aparecer lesões de pele, que podem ser apenas uma ou várias, parecidas com a catapora.

No entanto, existem variações. Algumas pessoas têm lesão de pele, mas não têm febre. Outras têm febre, mas não tem gânglio aumentado. E há também quem manifeste apenas uma lesão específica.

O Brasil tem vacina contra a mpox?

Segundo a OMS, apenas pessoas que tiveram contato próximo com um paciente infectado ou que integram algum grupo de alto risco, como ter algum tipo de imunossupressão ou trabalhar em laboratórios que analisam amostras do vírus, devem ser consideradas para a vacinação neste momento.

Até o momento, a OMS também tem concentrado seus esforços em conseguir doses do imunizante para o continente africano, onde o surto da cepa 1b tem causado casos mais graves e um número maior de mortes.

No Brasil, o Ministério da Saúde informou logo após o alerta da entidade que negociava com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) a aquisição emergencial de 25 mil doses da vacina, que demanda duas aplicações. A ministra da Saúde também já afirmou que o País não terá vacinação em massa contra a doença.