A Copa do Mundo FIFA não precisou nem começar para que já rendesse a primeira prisão de um turista na Rússia por mostrar apoio à comunidade LGBT. Nesta quinta (14), horas antes da cerimônia de abertura, o ativista britânico Peter Tatchell foi detido após começar sozinho uma manifestação, na Red Square, próximo ao Kremlin, onde segurou um cartaz dizendo que o Presidente Vladimir “Putin falha ao agir contra as torturas de pessoas LGBTs na Chechênia”.
Tatchell foi escoltado por três policiais russos até uma delegacia e liberado horas depois. Durante o protesto, ele declarou: “Não é possível haver nenhuma relação esportiva normal com um regime anormal como o de Vladimir Putin”. Afrontando ainda mais, o ativista ainda encarou a polícia russa e declarou que “vários russos célebres são homossexuais”, citando o exemplo do compositor Pyotr Tchaikovsky (1840 – 1893).
Essa é a terceira vez que Tatchell é preso no país por protestar a favor dos direitos humanos infringidos na região do Cáucaso. Em 2007, ele foi espancado por ativistas da extrema-direita por comparecer à segunda Parada do Orgulho LGBT na história da Rússia.
Na última semana, o Itamaraty, apoiado pelo Ministério do Esporte, divulgou o Guia Consular do Torcedor Brasileiro, no qual aconselha que LGBTs não demonstrem afeto em público, como beijar ou andar de mãos dadas. De acordo com as autoridades russas, um comunicado oficial declarou que turistas LGBTs deveriam se sentir seguros para atender à Copa do Mundo FIFA no país. Ainda assim, alguns membros da comunidade já relataram à AFP que receberam ameaças de agressão e morte antes de o torneio começar.
Apesar de ter descriminalizado relações entre pessoas do mesmo sexo, a Rússia aprovou em 2013 uma lei polêmica de “anti-propaganda LGBT”, na qual proíbe que casais homossexuais demonstrem afeto em público, de qualquer maneira. Ainda assim, o surgimento de “campos de concentração” para homossexuais na Chechênia continuam a todo vapor, desde que foram expostos em abril do ano passado, em uma matéria investigativa do jornal independete Novaya Gazeta.
De acordo com o líder checheno, Ramzam Kadyrov, “não existem homossexuais na Chechênia. E, se eles existissem, seria uma responsabilidade das próprias famílias limparem a sua honra e manda-los para um lugar do qual eles não poderiam voltar”.
Leia abaixo uma matéria especial da nossa 1ª edição, onde falamos com a ONG Russia LGBT Network, responsável por resgatar os LGBTs presos nsses campos de concentração: