Com o final do primeiro turno das eleições 2020 no domingo (16), o Brasil elegeu um recorde histórico de candidatos LGBTI+ em todas as regiões do País. A população transexual elegeu 25 candidaturas para as Câmaras Municipais, de acordo com levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuias (Antra), muitas que são as primeiras a se eleger para o cargo ou foram as mais votadas das suas respectivas cidades. Ao todo, a Aliança Nacional LGBTI já estima que todas as candidaturas da comunidade já ultrapassaram os 450 mil votos, elegendo 78 representantes pelo País.
Apenas entre a população trans, as 30 candidaturas eleitas já representam um aumento de 275% em relação às eleições municipais de 2016, quando um total de oito pessoas transexuais se elegeram. Nos casos de Duda Salabert (PDT), Linda Brasil (PSOL), Lorim de Valéria (PDT), Titia Chiba (PSB), Dandara (MDB) e Tieta Melo (MDB), elas não foram apenas as primeiras mulheres trans eleitas em Belo Horizonte (MG), Aracaju (SE), Pompeu (MG), Pontal (SP), Patrocínio Paulista (SP) e São Joaquim da Barra (SP), respectivamente, mas também as candidatas com maior número de votos no ranking geral.
Em Rio Grande (RS), Maria Regina (PT) se torna a primeira trans eleita para a Câmara Municipal, após ter assumido o cargo como suplente quando dois vereadores do partido foram afastados em 2016. Juntam-se a ela Thabatta Pimenta (PROS), em Carnaúba dos Dantas (RN), e Filipa Brunelli (PT), em Araraquara (SP), como pioneiras do cargo.
Em São Paulo, esse ineditismo foi quebrado simultaneamente por quatro candidaturas, com Thammy Miranda (PL), Érika Hilton (PSOL), Carolina Iara (PSOL), do mandato coletivo Bancada Feminista, e Samara Sósthenes, do Quilombo Periférico (PSOL), conseguindo uma vaga na Câmara. Érika, por sinal, acumula um pioneirismo duplo, considerando que em 2018 ela também dividiu com Érica Malunguinho o título de primeiras mulheres trans eleitas como deputadas estaduais em São Paulo. Depois de abandonar o mandato coletivo da Bancada Ativista na Alesp, ela se lançou agora como a vereadora mulher mais votada da capital paulista.
Também foram as mulheres mais votadas de suas respectivas cidades a vereadora Benny Briolly (PSOL), em Niterói (RJ); Lins Robalo (PT), em São Borja (RS); Brenda Ferrari, em Lapa (PR); Yasmin Prestes (MDB), em Entre-Ijuís (RS); e Paulinha da Saúde (MDB), em Eldorado dos Carajás (PA). Além do recorde em números, o Brasil também elegeu em São Paulo a primeira candidatura abertamente intersexo, com Carolina Iara (PSOL).
Ao todo, foram 73 representantes eleitos, de acordo com levantamento feito pela Híbrida em parceria com a Antra e com base em dados da Aliança Nacional, que contabilizou também um total de 450.853 votos espalhados pelo País. Outro 93 candidatos LGBTI+ ainda conseguiram cadeira como suplentes.
Dentre as siglas, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o Partido dos Trabalhadores (PT) elegeram a maioria de candidatos LGBTI+, sendo responsáveis por 21,9% e 19% do total, respectivamente. Eles são seguidos pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), com 12,3%; pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com 6,8%; e o Partido Verde (PV), com 5,4%.
O Sudeste é a região que abriga os dois estados com maior número de candidatos LGBTI+ eleitos este ano, com São Paulo responsável por 30% do total e Minas Gerais por 22%. Entre os cinco resultados principais ainda estão o Rio de Janeiro, com 8,2%; o Rio Grande do Sul, com 7%; e, empatados com quatro candidatos eleitos cada, o Pará, o Paraná e o Rio Grande do Norte, ambos com 5,4%.
Dentre as 73 candidaturas, por enquanto só foi identificado um candidato LGBTI que conseguiu se eleger a prefeito: Paulinho Alves (PSL), em Mariluz, no Paraná.