Donald Trump foi reeleito nesta quarta-feira (6) a 47ª presidente dos Estados Unidos. O empresário, que governou o país de 2017 a 2020, retornará à Casa Branca para mais um mandato de 4 anos após uma vitória histórica contra a candidata democrata Kamala Harris. A volta do republicano, entretanto, pode significar um retrocesso também histórico e sem precedentes para os direitos LGBTQIA+.
Trump ganhou em todos os 7 “estados-pêndulo”, considerados cruciais na decisão eleitoral norte-americana. Sua vitória foi projetada por volta das 3h e oficializada no início desta manhã, quando ultrapassou a marca dos 270 delegados necessários para a eleição. Além do Colégio Eleitoral, o ex-presidente também garantiu a maioria do voto popular, tornando-se o primeiro candidato do Partido Republicano a realizar tal feito em 20 anos.
“Este é um movimento como nunca antes visto. Vamos ajudar nosso país a se curar. Temos um país que precisa de ajuda, e ele precisa de ajuda urgentemente. O EUA nos deu um mandato sem precedentes e poderoso”, declarou Trump durante discurso de vitória a apoiadores em Palm Beach, Flórida.
Além da Presidência, o Partido Republicano ainda obteve a maioria no Senado e provavelmente conseguirá o mesmo na Câmara dos Representantes, de acordo com a contagem feita até o momento.
Noite histórica para Donald Trump e o Partido Republicano
A noite começou com otimismo para Donald Trump e sua equipe, após vitórias declaradas nos estados do Texas, Dakota do Norte, Dakota do Sul e Wyoming. Por volta de 1h55 (horário de Brasília), o republicano já liderava sobre Kamala Harris em todos os 7 estados-pêndulo, embora a vitória só tenha sido confirmada na Carolina do Norte.
A projeção de que Trump voltaria à Casa Branca ganhou ainda mais fôlego quando ele conquistou a Pensilvânia, estado que, no início da contagem, havia dado vantagem a Kamala e que, em 2020, foi liderado por Joe Biden. Com a virada, a FOX News projetou o empresário de 78 anos como o próximo presidente dos EUA.
Diante de um cenário desfavorável, um dirigente da campanha democrata informou que Harris não faria um pronunciamento na madrugada.
Às 4h, Trump discursou para apoiadores na Flórida, ao lado do vice, JD Vance, e de sua esposa, Melania Trump. Nos bastidores, recebeu o apoio do bilionário Elon Musk, figura decisiva de sua campanha nos últimos meses.
O que a comunidade LGBTQIA+ pode esperar de Donald Trump?
O prognóstico de uma vitória de Trump já se mostrava desesperançoso para os movimentos sociais desde o anúncio de que ele seria o candidato republicano às eleições de 2024.
“Nós podemos esperar que, se Donald Trump for reeleito, suas nomeações para o judiciário serão ainda mais ideologicamente extremistas do que foram no seu primeiro mandato, e seriam pessoas muito mais alinhadas a uma agenda trumpista”, afirmou Michael Boucai, professor de direito da Universidade de Buffalo, no estado de Nova York, à Híbrida, ainda no início deste ano.
Entre 2017 e 2020, durante o primeiro mandato do empresário, sua administração implementou políticas que dificultaram a garantia de direitos para a população trans. Já no primeiro ano de governo, o jornal The New York Times revelou, com exclusividade, o conteúdo de um memorando do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, que propunha restringir o conceito de gênero a uma definição baseada exclusivamente em “uma base biológica clara, fundamentada na ciência, objetiva e administrável”.
Em 2023, fora da Casa Branca e já se preparando para a disputa deste ano, Trump chegou a afirmar que, caso eleito, usaria seus poderes para punir médicos que fornecessem cuidados de afirmação de gênero a menores e imporia consequências para professores que discutissem o assunto com os alunos.
Na corrida eleitoral propriamente dita, ele manteve a postura bélica, mesmo após ter sido vítima de um atentado no dia 13 de julho, quando um homem armado abriu fogo durante um comício em Butler, Pensilvânia. Com o tempo, esse episódio pareceu reforçar sua retórica polarizadora.
Na madrugada desta quarta (6), o republicano voltou a enfatizar sua posição, num discurso de rechaço à imigração. “Promessas feitas serão cumpridas”, declarou.
Com uma maioria consolidada no Senado e na Câmara, especialistas esperam que o governo Trump avance medidas restritivas em áreas como direitos reprodutivos e direitos LGBTQIA+.
Neste mês a Human Rights Campaign (HRC) emitiu um alerta sobre o aumento de propostas legislativas que atacam diretamente a comunidade LGBTQIA+. O levantamento da HRC aponta que, só neste ano, mais de 100 emendas foram apresentadas no Congresso para restringir esses direitos.
Entre os projetos de lei mencionados pela organização estão propostas que impactam o acesso à saúde para pessoas trans e a eliminação de programas públicos voltados para a diversidade e inclusão.
“A liderança republicana na Câmara dos Representantes decidiu usar os projetos de lei anuais de apropriações e o Ato de Autorização de Defesa Nacional para avançar diversas propostas anti-LGBTQIA+. Essas medidas ameaçam restringir os cuidados de saúde para pessoas trans, proibir a aplicação de proteções aos direitos civis, banir bandeiras do Orgulho e performances de drag, eliminar programas de diversidade, equidade e inclusão, e permitir licenças para discriminar pessoas LGBTQIA+”, escreveu Kelley Robinson, presidente da HRC, no relatório.
O que a vitória de Donald Trump significa para os LGBT+ dos EUA?