Um dos maiores clássicos do cinema LGBTI+, Priscilla, A Rainha do Deserto é um road movie lançado em 1994, dirigido e escrito por Stephan Elliott, que segue duas drag queens e uma mulher trans em uma viagem de ônibus pelo interior da Austrália. Ainda hoje, é difícil imaginar um filme australiano com essa premissa lucrando muito no cinema comercial. Mas, em sua estreia, o longa faturou o equivalente a mais de U$24 milhões apenas no primeiro fim de semana nas telonas, levando personagens, situações e problemas LGBTQIA+ para um público mainstream.

O filme conta a história da transexual Bernadette (Terrence Stamp), que decide embarcar em uma viagem para o interior da Austrália a convite das amigas e drag queens Adam (Guy Pearce) e Anthony (Hugo Weaving), contratadas para levarem seu show drag até um cassino. O trajeto é feito a bordo do Priscilla, ônibus que dá nome ao longa e serve de palco para o embates, as discussões e diversões dos protagonistas.

Continuação de Priscilla, a Rainha do Deserto

Com prêmios, aclamações e adaptações para os palcos, o filme firmou-se como título imprescindível na lista do cinema queer e tem rodado festivais de todo o mundo na comemoração dos seus 30 anos. Ainda em abril, Stephan Elliott anunciou que uma continuação de Priscilla, a Rainha do Deserto. O novo longa, ainda sem data de estreia, contará com o retorno dos trio de atores protagonistas e com o próprio Elliott a cargo do roteiro e da direção.

“Nós iremos começar o novo filme na Austrália, mas por Deus, vamos embarcar numa jornada incrível. O elenco original está de volta, eu tenho um roteiro que todo mundo gosta. Nós ainda estamos trabalhando em alguns detalhes, mas está acontecendo”, revelou Elliott ao Deadline.

Abaixo, listamos cinco motivos por quê o filme se tornou um clássico do cinema LGBTQ e atravessou gerações:

"Priscilla, a Rainha do Deserto" será exibido nesta quinta (19), no Shell Open Air (Foto: Divulgação)
“Priscilla, a Rainha do Deserto” será exibido nesta quinta (19), no Shell Open Air (Foto: Divulgação)

A trilha sonora

Algumas das músicas presentes na trilha sonora de Priscilla já eram clássicos das pistas LGBTQ bem antes de o filme nascer, mas é inegável que o sucesso comercial do longa ajudou a cimentá-las no imaginário popular até hoje. Nomes como Vanessa Williams, Peaches e Village People têm seus devidos momentos na história, assim como a imortal “I Will Survive”, de Gloria Gaynor. O remix de “Finally”, um hino da house music cantado por CeCe Peniston, não só rendeu uma das cenas mais memoráveis do filme, como também ajuda a animar muita festa em 2019. E se você não reconheceu pelo nome, é só dar play no vídeo abaixo.

O figurino

Além de referências a Givenchy nos diálogos, o filme traz uma sequência de vestidos (como o que aparece no pôster do filme e no destaque desse texto), macacões de boca larga e adereços de flores que transbordam a cultura queer da época. O brilho das lantejoulas conquistou tanta gente que rendeu um Oscar de Melhor Figurino para Lizzy Gardiner e Tim Chappel na cerimônia de 1995.

O apelo popular

A estatueta de ouro pelo figurino não foi o único reconhecimento de “Priscilla” pela comunidade cinematográfica. No mesmo ano, o filme ainda foi indicado a dois prêmios do Globo de Ouro e cinco do BAFTA, faturando os troféus de Melhor Figurino e Melhor Maquiagem. Hoje, com 95% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme conseguiu conquistar até a parte da imprensa que tentou taxá-lo como uma “comédia transexual”, mas não conseguiu resistir à acidez dos diálogos, às performances do elenco ou às lantejoulas dos figurinos.

O figurino de "Priscilla, a Rainha do Deserto" foi premiado no Oscar, no BAFTA e no Tony Awards (Foto: Divulgação)
O figurino de “Priscilla, a Rainha do Deserto” foi premiado no Oscar, no BAFTA e no Tony Awards (Foto: Divulgação)

Aids e o preconceito

O clássico triunfa ao mostrar protagonistas que não se deixam abater quando são encarados por “situações adversas”, como o preconceito latente pelos personagens, que sofrem ataques até em decorrência do pânico contra o HIV/Aids. Um dos méritos de Elliott é ter dado espaço para que seus protagonistas se desenvolvessem em um mundo fictício onde três drag queens conseguem cruzar o deserto, se divertirem livres no caminho e saírem vivas no final.

Cena de "Priscilla, a Rainha do Deserto" (foto: Divulgação)
Cena de “Priscilla, a Rainha do Deserto” (foto: Divulgação)

O Musical

Em 2006, pouco depois do seu aniversário de uma década, o filme foi adaptado para os palcos com roteiro de Stephan Elliott e Adam Scott. Na trilha, a mesma coletânea de músicas pop que ajudaram a impulsionar o sucesso do filme. Em sua versão para a Broadway (2011), o espetáculo foi indicado a duas categorias do Tony Awards, rendendo novamente o de Melhor Figurino para Tim Chappel and Lizzy Gardiner. O sucesso foi tanto que a montagem chegou ao Brasil no ano seguinte.

O filme Priscilla, a Rainha do Deserto está disponível no catálogo da ApppleTV e do Prime Video.