O Esporte Clube Bahia fez história no último sábado (2) ao eleger Emerson Ferretti como seu novo presidente. É a primeira vez que um homem abertamente homossexual comandará um clube de primeira divisão do futebol no mundo.

Aos 52 anos, Ferretti foi o mais votado entre cinco candidatos no pleito realizado na Arena Fonte Nova, em Salvador. Ele é ex-goleiro e ídolo do tricolor baiano, onde conquistou dois títulos da Copa do Nordeste, em 2001 e 2002, antes de se mudar para o Grêmio.

“Ao longo da minha carreira profissional foram tantas conquistas. Defender o Bahia como presidente agora é um desafio gigantesco. Primeiro atleta da história do Bahia a se tornar presidente do clube. Pretendo honrar todos os outros atletas que passaram e conquistaram história tão linda, assim como o torcedor que me cativou”, disse ele.

Formado em Administração e com pós-graduação em Gestão Esportiva, Ferretti terá a missão de presidir o Bahia até 2026. Desde maio, o clube se tornou uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol) e tem a parte futebolística administrada pelo Grupo City, que fornece cerca de R$ 2,5 milhões por ano.

Após a apuração, o novo presidente pregou união entre os adversários das outras chapas e mostrou que o futebol é a sua prioridade no Bahia, um clube que ainda luta contra o rebaixamento no Brasileirão.

“São muitas coisas que precisam ser feitas. Muitas áreas que começam do zero. É sentar com o pessoal do Bahia SAF, entender a situação que o clube se encontra para delinear as primeiras decisões”, avaliou Ferretti.

“O principal desafio é cuidar do nosso futebol. Nós somos donos do futebol junto com o Grupo City. Cuidar do nosso torcedor, cuidar de perto, acompanhar. E também fazer com que o Bahia decole em outras frentes de trabalho”, completou.

Em uma entrevista concedida no ano passado ao podcast Nos Armários Dos Vestiários, Ferretti contou como foi sua experiência enquanto um jogador gay que ainda não havia tornado sua orientação sexual pública: “A minha vida pessoal, a cada defesa que eu fazia, cada vez que eu me destacava mais dentro de campo, o buraco vazio aumentava também inversamente proporcional. Quanto mais famoso eu ficava, mais difícil se tornava ser gay dentro desse ambiente”, disse.

“O ambiente do futebol é muito hostil para um gay, muito mesmo. Eu fico imaginando quantos garotos desistiram de se tornar jogador de futebol por conta disso, por perceberem essa situação. Quantos talentos foram perdidos? O futebol perdeu, os clubes perderam, porque o ambiente realmente não ajuda”, continuou. “Eu segui com tudo isso, mas sofri com as consequências de seguir, era o meu sonho. Eu queria ser goleiro do Grêmio. Eu queria ser um jogador de futebol. Eu eu conquistei isso, só tive que que enfrentar um outro lado que é muito difícil.”

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