A 3ª edição do Festival do Orgulho está reunindo alguns dos maiores artistas LGBTI+ do País em São Paulo ao longo deste fim de semana. Pela primeira vez em formato presencial, o evento agitou a Fabrinkedos, na Barra Funda, durante a sexta-feira (1º), com shows de Thiago Pantaleão, que abriu a noite e foi seguido por Danny Bond, Lia Clark, Aretuza Lovi, Pocah e Karol Conká.

A Híbrida acompanhou a primeira noite do evento e bateu um papo com os artistas sobre a importância de celebrarmos o Orgulho LGBTI+ mesmo após o fim junho, uma vez que a comunidade também existe nos outros 11 meses do ano. Aretuza Lovi, uma das principais drag queens do País e capa da nossa 5ª edição (leia aqui), lembrou como foi difícil se aceitar do jeito que é, muito por causa da forma com que foi criada.

“Foi muito difícil sentir orgulho de quem eu sou, porque venho de uma criação extremamente machista e de uma sociedade extremamente machista. Por muito tempo, tentei me adequar aos padrões do que a sociedade queria e percebi que tenho que ser quem eu sou, na hora que eu quero ser e da forma que eu quero ser. Isso me fez entender que tenho orgulho de mim”, disse.

Um dos momentos que mais tocaram Aretuza nesse sentido veio do Noah, seu filho de 8 anos. “Uma vez, eu estava chorando por causa de uma situação e ele falou: ‘Papai, eu tenho muito orgulho de você’. Então, se meu filho tem orgulho de mim, basta.”

Rodando o Brasil com a turnê do seu disco LIA (pt.1), Lia Clark mostrou que sua irreverência não é só nas músicas, clipes e shows. Antes de subir ao palco, a drag contou estar animada pra entregar tudo o que o público LGBTI+ quer: “Funk, Lia Clark, bunda, carnaval…”.

“Acho que aqui, nesse lugar que celebramos tanto o orgulho, só queremos ser felizes e celebrar quem a gente é”, brincou. “Tenho uma personalidade e uma arte muito únicas, fui a primeira drag a lançar funk. Acho que isso traz as pessoas que se identificam comigo e com a minha arte. É isso que faz as LGBTs olharem e falarem: é ela que vai ser a minha diva, eu me identifico. Alokaaa”, riu.

Lia Clark momentos antes de subir ao palco do 3º Festival do Orgulho (Foto: Victor Ohana | Revista Hibrida)
Lia Clark momentos antes de subir ao palco do 3º Festival do Orgulho (Foto: Victor Ohana | Revista Hibrida)

Natural de Maceió, o fenômeno Danny Bond contou que já saiu de casa “pensando que precisava colocar a galera lá em cima”.  Sentir orgulho de si mesma, entretanto, foi algo mais complicado e trabalhoso, principalmente por sua identidade como mulher transexual. “Sendo uma travesti, pra mim sempre foi muito mais difícil. Tive que lutar duas, dez vezes mais. Mas, gente, não desistam dos seus sonhos e tenham orgulho de quem vocês são”, aconselhou. “É isso, não tem babado. Uma hora acontece, uma hora vai dar certo.”

Danny Bond no backstage do 3º Festival do Orgulho (Foto: Victor Ohana | Revista Híbrida)
Danny Bond no backstage do 3º Festival do Orgulho (Foto: Victor Ohana | Revista Híbrida)

Mãe da pequena Vitória, de 6 anos, Pocah dividiu como aborda os temas LGBTI+ na criação da filha, uma vez que ela própria se identifica como bissexual. “Na verdade, nem precisou fazer tanto, tá? Ensinei pra minha filha que amor é amor e você pode ser o que quiser, não o que te impõem”, declarou.

“Minha filha cresceu vendo meus amigos se relacionando com outros homens, mulheres com outras mulheres. O cotidiano dela é isso. Ela sabe, respeita, acha normal e nunca perguntou ‘mãe, por que aquele menino tá beijando outro menino?’. Porque ela já sabe que é normal”, disse Pocah. “Tratamos com naturalidade, porque é natural. Nunca passei com ela algum momento de ter falado ‘não é assim que se pensa’, graças a deus. Tenho muito orgulho dela e da minha criação. Minha filha é muito especial, ela é avançada demais.”

Karol Conká antes de subir ao palco do 3º Festival do Orgulho, em SP (Foto: Victor Ohana | Revista Híbrida)
Karol Conká antes de subir ao palco do 3º Festival do Orgulho, em SP (Foto: Victor Ohana | Revista Híbrida)

Também falando em educação sobre diversidade dentro de casa, Karol Conká, bissexual e mãe de Jorge, com 16 anos, reforçou que a melhor forma de abordar o tema é com naturalidade. “Precisamos tratar essas questões de forma natural, como se fosse algo tranquilo e natural do ser humano. Eu faço assim com o meu filho”, contou. “Então, ter no convívio pessoas da comunidade LGBTI+. Lá em casa, por exemplo, o Jorge tem amigos gays, convive com pessoas dessa comunidade que, pra ele, nem deveria ser separada. Na cabecinha dele, tá todo mundo ali, todo mundo tranquilo.”

Uma das ferramentas que a mamacita usa para essa educação são as redes sociais: “Hoje, com o Instagram, consigo compartilhar perfis de pessoas que trazem informações de forma divertida, porque ele é um adolescente, e ele passa esses perfis pra outros amigos. Essa é uma das maneiras que busco de educar o Jorge de uma forma tranquila.”

O Festival do Orgulho segue neste sábado (2) e a Híbrida estará lá para mostrar novamente os bastidores e os shows do lineup, que terá Urias, Mateus Carrilho, Pepita, Pabllo Vittar e Heey Cat. Você pode acompanhar tudo em tempo real pelo nosso Instagram.