A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na última quarta-feira (14) que o surto de mpox na África representa uma “emergência de saúde global“. O motivo do alerta é uma nova variante do vírus, considerada mais grave e mais contagiosa, que começou a se espalhar por países da região central do continente. No Brasil, ainda não há nenhum registro de transmissão da nova cepa, mas a Híbrida ouviu mais de 20 especialistas sobre a doença no país e a maioria deles relata um aumento expressivo de casos no último mês, apesar de frisarem que o momento atual pede cautela “sem desespero”.

Essa é a segunda vez que a OMS emite seu nível mais alto de alerta para a mpox desde 2022, quando os primeiros casos surgiram também na África e rapidamente se espalharam pelo mundo entre junho e setembro. Pela gravidade da situação atual, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da entidade, emitiu um comunicado solicitando aos fabricantes de vacinas contra a doença que submetessem novas doses para aprovação de uso em caráter emergencial, uma vez que elas são escassas em todo o mundo.

A mpox voltou a chamar a atenção da OMS quando os casos da doença voltaram a aumentar de forma preocupante na África do Sul. Entre 8 de maio e 2 de julho, foram detectadas 20 ocorrências do Clado 2 do vírus, o mesmo tipo responsável pelo surto de dois anos atrás. O país, que até então havia registrado apenas cinco casos leves da doença, teve três mortes durante esse intervalo. Todos os pacientes eram homens, dos 17 aos 43 anos, com “extensas lesões na pele”. A maioria precisou de internação.

O principal sinal de alerta veio logo depois, quando a República Democrática do Congo registrou um aumento vertiginoso de pessoas infectadas pelo Clado 1b da mpox, responsável por casos mais graves e número maior de mortes. A variante foi identificada pela primeira vez em 2023, mas agora se espalhou rapidamente pelos países vizinhos e provocou um crescimento até então inédito de vítimas.

Segundo a Médico Sem Fronteiras (MSF), “uma mutação genética do vírus tem causado nos últimos meses uma transmissão ininterrupta entre humanos” na República Democrática do Congo e nos países vizinhos da África Central. Entre meados de junho e o início deste mês, 1.159 pessoas infectadas pela nova cepa da mpox foram tratados na região.

O contágio da mpox na África está associado principalmente ao contato sexual, assim como ocorreu no surto de 2022. Apesar de a doença não ser transmitida necessariamente pelo sexo e sim pelo contato direto com as feridas ou fluídos corporais de pessoas que estejam infectadas, a MSF aponta que existe uma grande rede de trabalhadores do sexo na região e índices elevados de violência sexual nas províncias em que o vírus foi detectado, o que torna a situação “crítica”.

Profissionais da Médicos Sem Fronteiras preparam leitos para pacientes da mpox na República Democrática do Congo (Foto: MSF | Reprodução)
Profissionais da Médicos Sem Fronteiras preparam leitos para pacientes da mpox na República Democrática do Congo (Foto: MSF | Reprodução)

“Está claro que uma resposta internacional coordenada é necessária para impedir esses surtos (de mpox) e salvar vidas”, disse Tedros, em coletiva de imprensa na última semana. No momento, a principal preocupação das autoridades é impedir que a nova cepa cruze as fronteiras da África e se espalhe por outros continentes, ao mesmo tempo em que tenta garantir um estoque de vacinas que atenda às possíveis emergências futuras.

O governo da Suécia anunciou na última semana o primeiro caso confirmado de infecção pela nova cepa da mpox no país. Esta é a primeira vez que a nova variante foi identificada fora da África. Segundo o ministério da saúde sueco, entretanto, o paciente teria voltado recentemente de uma viagem ao continente africano.

A origem da infecção no paciente sueco fez com que as autoridades descartassem inicialmente a hipótese de que haja uma transmissão dosmética da nova cepa no país. O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla original), entretanto, avaliou como “altamente provável” o risco de que novos casos importados do Clado 1b da mpox sejam confirmados na Europa ao longo das próximas semanas.

Nesta terça-feira (20), o governo da Argentina também isolou um navio no rio Panamá após um tripulante indiano apresentar sinais de infecção pela mpox, com lesões características no peito e no rosto. A embarcação, de origem liberiana, saiu do porto de Santos, no litoral de São Paulo.

Até o momento, as autoridades sanitárias da Argentina não identificaram onde o paciente teria contraído o vírus nem se ele pertenceria à cepa mais perigosa da mpox.

Avanço da Mpox no Brasil

Desde 2022, o Brasil se mantém como o segundo país com mais casos de mpox no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo o último boletim da OMS, no acumulado de janeiro daquele ano até 30 de junho deste ano, foram notificados 11.212 casos por aqui, com 16 mortes, a mais recente em abril do ano passado.

O Ministério da Saúde convocou uma reunião para atualizar as recomendações e o plano de contingência para a doença no país. De acordo com os dados mais recentes divulgados pela pasta, 709 novos casos da mpox foram registrados por aqui apenas este ano.

Na avaliação do ministério, o vírus ainda “apresenta risco baixo” no Brasil. Um dia após a OMS classificar a mpox como uma “emergência de saúde global”, a ministra Nísia Trindade anunciou a criação de um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE-Mpox) para coordenar as ações de resposta à doença.

“Este é, sim, um motivo de alerta, monitoramento e preocupação. Contudo, é importante reforçar que não há motivo para alarme”, afirmou a ministra da Saúde sobre o anúncio da OMS. “Devemos permanecer vigilantes e seguir as recomendações disponíveis para lidar com essa emergência de importância internacional, considerando a presença do vírus no Brasil.”

Nova cepa da MPox é mais letal, segundo a OMS (Foto: Reprodução)
Nova cepa da MPox é mais letal, segundo a OMS (Foto: Reprodução)

Nos últimos dias, a Híbrida ouviu mais de 20 profissionais da saúde entre virologistas, infectologistas, dermatologistas, biólogos e especialistas no atendimento, tratamento, prevenção e pesquisa da mpox. Todos eles concordam que a situação atual do Brasil não requer pânico, mas sim atenção redobrada e, principalmente, uma vigilância genômica robusta o suficiente para determinar se há novas variantes do vírus por aqui. A maioria deles também admite que houve um crescimento inegável de casos no último mês.

Até o momento, a maioria dos novos casos relatados está em São Paulo, que registrou os primeiros diagnósticos positivos e foi epicentro da doença no país durante o surto de 2022. Nas semanas epidemiológicas entre 1º de julho e 19 de agosto, foram 122 novos casos confirmados e outros 120 suspeitos.

Notificações de mpox registradas no Estado de São Paulo ao longo de 2024 (Fonte: Governo de SP)
Notificações de mpox registradas no Estado de São Paulo ao longo de 2024 (Fonte: Governo de SP)

Um dos principais centros de referência em pesquisa e tratamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) no Brasil, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas tem recebido nos últimos meses um fluxo baixo, mas constante de pacientes com mpox.

“Ainda são casos relacionados ao surto de 2022, não houve um novo aumento de demanda fora do que estamos atendendo nos últimos meses”, afirma Ralcyon Teixeira, diretor da Divisão Médica do Emílio Ribas, à Híbrida. Ele diz que por enquanto a equipe foi orientada a permanecer “alerta”.

Danilo Chiaradia Finamor, médico dermatologista que trabalha no ambulatório do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP (CRT-SP), afirma que tem percebido um “aumento expressivo de casos” da mpox recentemente e que, na semana anterior ao alerta da OMS, a unidade teve 11 diagnósticos confirmados, incluindo o de um paciente com sintomas graves que precisou ser internado para manejo da dor.

“Está nítido que, nas últimas semanas, temos um aumento. Mas não dá para comparar com o pico de 2022”, diz o infectologista Álvaro Furtado, que também atende no CRT-SP e no Hospital das Clínicas. “Por enquanto é uma marolinha, mas já temos mais casos do que houve em 2023. Não é um aumento estratosférico, mas nos preocupa.”

No consultório do infectologista Rico Vasconcelos, a onda de 2022 também nunca acabou de fato, os casos apenas diminuíram de frequência e gravidade. Ele também relata que atendeu um número maior de pacientes com mpox ao longo dos últimos dias, mas frisa que “não é o momento para se desesperar”.

“Não sabemos como esse novo subtipo de mpox vai se comportar. Agora é hora de observar e vigiar o comportamento epidemiológico dos casos no Brasil.”

Nos últimos meses, o infectologista Fábio Ghilardi tem liderado na Universidade de São Paulo (USP) um estudo que, em parceria com outros países, busca testar a eficácia do antiviral tecovirimat no combate à mpox. O medicamento foi desenvolvido originalmente para combater a varíola “comum”, mas, pela falta de outra opção, acabou sendo aprovado e utilizado em caráter emergencial no tratamento de casos graves em 2022.

Naquela época, durante a reta final do governo de Jair Bolsonaro, a oferta do tecovirimat era escassa no mundo inteiro e o Brasil foi um dos últimos a conseguir o medicamento, que chegava sob encomenda apenas para casos graves. A espera pelo tratamento podia em torno de dois meses, um tempo mais que suficiente para o vírus evoluir e agravar o quadro de alguns pacientes, principalmente aqueles cujo sistema imunológico tem alguma defasagem.

Tecovirimat: medicamento contra a mpox ainda é restrito aos casos graves (Foto: Reprodução | Siga)
Tecovirimat: medicamento contra a mpox ainda é restrito aos casos graves (Foto: Reprodução | Siga)

Em alguns desses pacientes, as lesões no corpo se multiplicaram em centenas e a única saída era o cuidado paliativo da dor, com doses regulares de morfina injetadas na veia; outros tiveram sintomas oftalmológicos e desenvolveram cegueira parcial; e ainda houve aqueles que não resistiram e morreram à espera do tecovirimat.

Ainda hoje, o estoque e a indicação do medicamento continuam reservados apenas para quadros graves e sem um registro definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já criou na última semana um Grupo de Emergência em Saúde Pública para conduzir e monitorar a possível chegada da nova cepa por aqui. O paciente que apresentou sintomas graves de mpox e foi atendido semana passada no CRT de São Paulo, por exemplo, só conseguiu acesso ao remédio através da quantia que Ghilardi tem reservada para o estudo.

Outro fator preocupante neste momento é a falta de uma vigilância genômica robusta e regular que analise se o vírus da mpox tem sofrido mutações no Brasil. No contexto atual, a intensificação desse trabalho é essencial para saber se a nova cepa já chegou por aqui.

“Sempre tem um atraso na análise epidemiológica”, aponta Ghilardi, explicando que a própria dinâmica da doença dificulta uma resposta rápida. “O paciente demora uns três dias para procurar ajuda. Depois, o resultado do teste demora mais três dias para sair.”

Há mais de 30 anos dedicada a estudar exclusivamente o comportamento e os diferentes aspectos dos poxvírus, família de vírus da mpox, a virologista Clarissa Damaso foi covidada para integrar os Comitês de Emergência do Ministério da Saúde e da OMS sobre o novo surto da doença. Pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela explica que o nível de análises necessárias para fazer o sequenciamento genético do mpox chega a ser vinte vezes maior do que para a dengue, por exemplo. “É impossível fazer isso em larga escala.”

A Híbrida questionou a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e o Ministério da Saúde sobre a frequência com que o sequenciamento genômico e a análise de mutações da mpox são feitos e se isso tem aumentado frente à ameaça da nova cepa no país, mas não obteve resposta até o momento.

Mpox e a discriminação contra LGBTs

Em um dos primeiros relatórios que publicou no último mês sobre o surto de mpox na África, a OMS afirmou que o risco da doença para “o público geral” permanece baixo. Já o risco para “homens gays, bissexuais, outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, de gênero diverso e trabalhadores sexuais” era moderado até então. A entidade observou ainda que o novo surto pode causar um aumento na “discriminação contra esses e outros grupos vulneráveis”.

A afirmação recente da OMS ecoa o mesmo posicionamento já feito por Tedros em 2022, quando o diretor-geral da entidade pediu que os “homens que fazem sexo com homens (HSH)” diminuíssem suas atividades sexuais para frear o avanço da doença.

Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, disse que "estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus" da mpox (Salvatore Di Nolfi | Keystone via AP)
Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, disse que “estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus” da mpox (Salvatore Di Nolfi | Keystone via AP)

“Esse é um surto que pode ser parado se os países e regiões se informarem, levarem o risco a sério e derem os passos necessários para impedir a transmissão e proteger os grupos vulneráveis”, disse há dois anos, durante o ápice do aumento de casos no mundo. “A melhor forma de fazer isso é diminuir o risco de exposições. Para ‘homens que fazem sexo com homens’, isso inclui, no momento, diminuir o número de parceiros sexuais, reconsiderar o sexo com novos parceiros e trocar detalhes de contato com os parceiros para possibilitar o acompanhamento, se necessário.”

Apesar de controversa, a declaração de Tedros não foi à toa. Naquele momento, os HSH correspondiam a 98% de todos os casos de mpox registrados no mundo. Agora, dentre os 16 pacientes inicialmente identificados este ano na África do Sul, 11 se autodeclararam como “homens que fazem sexo com homens” e ao menos 15 viviam com HIV, sem tratamento e em estágio avançado da doença ou recém-diagnosticados. Em todos eles, a forma de transmissão identificada foi por “contato sexual”.

“O foco para todos os países deve ser engajar e empoderar as comunidades de homens que fazem sexo com homens para reduzir o risco de infecção e a transmissão contínua, oferecer cuidado aos infectados e resguardar os direitos humanos e a dignidade”, alertou Tedros naquela época, afirmando ainda que “o estigma e a discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus”.

Apesar das ressalvas, a predominância da mpox entre “homens que fazem sexo com homens”, uma denominação antiquada que se refere tanto a gays e bissexuais quanto a profissionais do sexo e mulheres transexuais, acabou tendo o efeito previsto e aumentado o discurso de ódio contra pessoas LGBTQIA+. Nas redes sociais, os ataques contra a comunidade cresceram exponencialmente. Mesmo que não tenha causado tantas vítimas fatais, a mpox acabou sendo comparado por muitos à epidemia da Aids, tanto pela incidência desproporcional nessa população quanto pela forma como reforçou estereótipos e incentivou ataques.

O infectologista André Citroni Palma trabalha em uma clínica particular de São Paulo focada no atendimento ao público LGBTQIA+. Ele também relata um aumento recente de pacientes diagnosticadas com mpox, algo que não via desde janeiro. Palma teme que o crescimento de novos casos provoque novamente um mais ataques contra a comunidade, ao mesmo tempo em que aponta como é necessário alertar essa população.

“Essa é uma população que está mais associada aos casos, mas precisamos ter cuidado em não estigmatizar. Isso aumenta as chances de violência, de intolerância, e também afasta a população-chave das ações de saúde”, observa. Ele reforça que é importante não pensar em “público de risco“, mas “prática de risco“. “O vírus não vê se a pessoa é gay ou heterossexual.”

O estado do Rio de Janeiro registrou desde o primeiro surto quase 6 mil casos confirmados da doença, dos quais mais de 70% correspondem aos “homens que fazem sexo com homens”. À frente do Núcleo de Enfretamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (NEEDIER) da UFRJ, o infectologista Rafael Galliez também aponta que houve um aumento de pacientes neste ano similar ao que ocorreu em meados de 2023.

“É muito importante trabalhar a própria percepção da comunidade”, aponta, citando comportamentos de risco como o uso dos aplicativos de encontro, festas de sexo e o “chemsex”, prática de transar sob efeito de drogas que tem crescido nos últimos anos principalmente nos centros urbanos. “Precisamos olhar também a população LGBTQIA+ periférica”, frisa.

Para Clarissa, a comunidade continua demandando uma atenção especial nos alertas, ainda que as transmissões do Clado 1b na República Democrática do Congo estejam afetando igualmente homens e mulheres, inclusive crianças e gestantes. “Não há um foco de infecção na população LGBTQIA+. Mas, ao mesmo tempo, deixar de passar a informação também é uma forma de discriminação.”

Ela aponta que, durante o primeiro surto, muitos países demoraram a alertar as populações mais afetadas pelo vírus, o que contribuiu para a situação sair de controle. “É como se você achasse que uma determinada comunidade não merece ser bem informada do que está se passando.”

Vacinação contra mpox no Brasil

Além da redução no comportamento de risco, a principal forma de se proteger da mpox, e de qualquer vírus, continua sendo a vacinação. Mas ainda que o Brasil não tenha mais um presidente declarando abertamente que pessoas vivendo com HIV são uma “despesa para todos os brasileiros”, a corrida pelo imunizante continua difícil e o acesso por aqui não deve melhorar.

No primeiro surto da doença, os Estados Unidos e o Canadá concentraram a maior parte das doses de vacinas disponíveis no mundo. Em 2023, o Brasil teve uma campanha tímida de imunização, direcionando cerca de 46 mil doses para grupos prioritários, como pessoas que vivem com HIV, profissionais de laboratório e pessoas que tiveram contato direto com alguém diagnosticado com mpox.

A farmacêutica Bavarian Nordic, responsável pela única vacina disponível até o momento contra a mpox, ainda está decidindo se vai ampliar ou não a produção do imunizante, uma vez que precisaria redirecionar o investimento em outros insumos. “Teremos que esperar e ver como a discussão se desenvolve nesta semana e então vamos decidir o que faremos”, disse Paul Chaplin, diretor executivo da empresa, segundo a Reuters.

A ministra Nísia Trindade disse novamente que a nova cepa do vírus ainda não circula por aqui e anunciou que “a vacinação nunca será uma estratégia em massa para a mpox” no Brasil. Por enquanto, ela negocia com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) a aquisição de 25 mil doses do imunizante, quantidade menor do que a adquirida no ano passado, quando a OMS declarou que a primeira emergência de saúde global pelo vírus havia acabado.