Em mais um episódio de sua campanha online contra a presença de transexuais no vôlei, a ex-jogadora Ana Paula Henkel foi ao Twitter para dizer que recebeu denúncia anônima sobre o suposto aumento de inscrições trans na Superliga Feminina. O evento seria um efeito colateral após a presença de Tifanny Abreu no Vôlei Bauru. Em um comunicado oficial enviado ao UOL, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) negou o ocorrido, e ainda frisou que todo nome inscrito no torneio é entregue pelos clubes.

“Me chega (sic) a informação, através de uma jogadora da Superliga (com medo de ataques me pediu para não divulgar o nome e jamais o farei) de que já existem NOVE pedidos na CBV de atletas transexuais que querem jogar a Superliga Feminina. Vocês podem confirmar ou negar isso, CBV?”, escreveu Ana Paula, na tarde desta segunda (01).

Pouco tempo depois, ela voltou à rede social para reafirmar a declaração, com um novo número de supostas candidaturas: “Acabo de confirmar com uma pessoa da própria CBV que existem pedidos, sim, de transexuais para atuarem na Superliga Feminina e que atualmente TRÊS casos estão sobre a mesa para análise e possível aprovação”, publicou.

Em apuração feita pelo blog Olhar Olímpico, do UOL, a CBV classificou ambas as declarações como falsas. “O período de inscrições de atletas na Superliga Cimed terminou em janeiro de 2019 e a instituição não recebeu nenhum novo pedido após essa data”, informou o órgão.

Através de uma nota oficial, o órgão voltou a negar que tenha recebido qualquer inscrição de jogadora trans para a Superliga Feminina: “”Em relação a segunda pergunta, a Confederação Brasileira de Voleibol não recebeu nenhum novo pedido de registro de alguma atleta mulher que tenha nascido/tido registro social como homem”.

Ana Paula Henkel (dir.) afirma que Tifanny Abreu provocou aumento de presença trans no vôlei feminino e é desmentida pela CBV (Foto: Reprodução)
Ana Paula Henkel (dir.) afirma que Tifanny Abreu provocou aumento de presença trans no vôlei feminino e é desmentida pela CBV (Foto: Reprodução)

Projeto de lei para proibir jogadoras trans

Enquanto Ana Paula Henkel inflamava o ânimo de seus seguidores no Twitter, o deputado Altair Moraes (PRB) apresentou um projeto de lei que pretende usar “o sexo biológico como único critério de definição de gênero para partidas esportivas no Estado de São Paulo”. O objetivo do PL 346/19 é proibir a entrada de transexuais nas equipes do gênero com o qual se identificam, mesmo que seja contra as regras do Comitê Olímpico Internacional.

Em entrevista ao Estadão, o deputado disse que o objetivo da lei é trazer de volta a “moralidade” ao esporte. O projeto ainda deve passar por tramitação na Câmara Legislativa de São Paulo, onde será votado.