O deputado republicado John Fillmore, do estado do Arizona, nos Estados Unidos, comparou pessoas transexuais a animais de fazenda durante sua defesa de um projeto de lei para identificação de gênero. O episódio foi registrado na Câmara dos Deputados norte-americana, na última quarta-feira (10).
Com o objetivo de restringir a identificação de gênero apenas como “masculina” ou “feminina”, a medida número 2725 se aplicaria ao preenchimento de documentos do Estado e excluindo assim pessoas não-bináries. Segundo Fillmore, a tentativa de promover opções não-binárias de gênero “por parte da esquerda política” seria problemática e daria margem para homens utilizarem banheiros feitos para garotas, criando situações que não são benéficas para a sociedade e para o núcleo familiar, de forma geral.
“Eu não acredito que nós, como uma sociedade, devemos ter todas as opções de gênero identificadas, afinal, o que irá acontecer quando alguém acordar algum dia e quiser ir para um extremo se identificando como uma galinha ou algo do tipo? Onde devemos estabelecer o limite?”, disse.
Megan Mogan, mãe de um adolescente de 15 anos não-binárie que testemunhou na audiência contra a medida, disse em entrevista para a NBC norte-americana que o comentário foi desumanizador. Além dela, outros civis e membros do próprio Legislativo norte-americano se manifestaram contra o republicano e abriram uma denúncia ética contra o parlamentar.
“O representante Fillmore continuamente fez comentários discriminatórios e prejudiciais durante audiência pública e, em sua resposta, comparou membros da comunidade LGBTQ+ com animais de fazenda. Por suas ações, o representante Fillmore se envolveu em uma conduta que compromete o seu próprio caráter, a integridade da Casa de Representantes do Estado do Arizona e mostra uma falta de respeito por membros da comunidade LGBTQ+”, diz o texto da denúncia.
No Brasil, a inclusão e o acesso de pessoas LGBTQ+ a locais públicos, como o banheiro, já fez bastante barulho, como em outubro do ano passado, quando a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com um pedido para que o Supremo Tribunal Federal mudasse o entendimento do julgamento que equiparou os crimes de LGBTfobia na lei de racismo.
À época, a AGU alegou que esses ambientes teriam “acesso controlado a partir do critério fisio-biológico de gênero” e o suposto objetivo do pedido seria para “resguardar a intimidade de frequentadores considerados vulneráveis”.