Com 2021 chegando ao fim, nós aqui da Híbrida recapitulamos o que chegou de mais interessante nos catálogos do streaming e na TV e que envolveu temas e personagens LGBTI+, aumentando a representatividade da nossa comunidade nas telas. A lista inclui produções inéditas, retornos marcantes e despedidas das quais sentiremos saudades. Abaixo, confira os 10 destaques do ano, mas não se preocupe porque se você já viu todas, temos um guia de séries ainda maior bem aqui.

CRUEL SUMMER

Criada por Bert V. Royal e com a produção executiva da atriz Jessica Biel, esta produção da Amazon Prime ganhou o público pela evocação nostálgica dos anos 1990 – que vai do figurino até a trilha sonora – e por suas deliciosas reviravoltas. Mais ainda: ela explora a vivência LGBTI+ no interior dos Estados Unidos, mas sem apelar para a já habitual violência gratuita.

Na história, Kate Wallis (Olivia Holt), a garota mais popular de uma pequena cidade do Texas, desaparece, enquanto a tímida Jeanette Turner (Chiara Aurelia) começa a ganhar destaque, sendo então acusada de estar ligada ao incidente. Episódio por episódio, descobrimos mais sobre cada personagem, abordando suas personalidades e pontos de vista. Cruel Summer fez tanto sucesso que já tem uma segunda temporada confirmada, com previsão de estreia para 2022.

FEEL GOOD 

Escrita e protagonizada pela comediante não-binária e bissexual Mae Martin, Feel Good retornou em 2021 para sua temporada final, disponível no catálogo da Netflix.

A série foi amplamente celebrada por sua visão empática sobre relacionamentos, identidade e vícios,  comparada a obras premiadas como I May Destroy You e Fleabag, trazendo leveza e drama na medida certa ao explorar os traumas de Mae e seu turbulento relacionamento com George (Charlotte Ritchie). Excelente pedida para uma maratona rápida, já que a primeira e segunda temporadas possuem apenas 6 episódios, com cerca de 24 minutos cada.

GENERA+ION

Composta por múltiplos protagonistas, a ambiciosa aposta da HBO Max trouxe 16 episódios explorando as personalidades de seus personagens numa história frenética e cômica, repleta de referências à cultura pop para a Geração Z.

Escrita por Zelda Barnz e Daniel Barnz, com supervisão de Lena Dunham (Girls), Genera+ion promete agradar os fãs de Euphoria e os órfãos da saudosa Skins, por conciliar a ansiedade da juventude com um elenco talentoso e uma trilha cativante. No elenco, Nathanya Alexander, Chloe East, Nava Mau, Lukita Maxwell, Haley Sanchez, Uly Schlesinger, Nathan Stewart-Jarrett, Chase Sui Wonders, Justice Smith e Martha Plimpton.

GOSSIP GIRL

Embora tenha dividido o público, saudosista pelas intrigas de Serena Van der Woodsen (Blake Lively) e Blair Waldorf (Leighton Meester), é inegável que o reboot de Gossip Girl conseguiu dar mais espaço para histórias menos brancas e heterossexuais, com uma roupagem mais adulta e ousada graças à produção de ponta da HBO Max. Ainda assim, dá para matar a saudade da versão original, com menções e aparições de personagens antigos, a narração de Kristen Bell e o já característico figurino deslumbrante.

Nesta nova geração, descobrimos logo no primeiro episódio quem está por trás das fofocas da garota que dá título à série e quais seus motivos para infernizar a vida dos jovens de Manhattan, encabeçados por Julien (Jordan Alexander), Zoya (Whitney Peak), Otto (Eli Brown), Max (Thomas Doherty), Audrey (Emily Alyn Lind), Akeno (Evan Mock), Luna (Zión Moreno) e Monet (Savannah Lee Smith). A primeira temporada foi dividida em dois arcos, que já estão disponíveis para streaming.

HALSTON

Inspirada na história real de Roy Halston (vivido aqui por Ewan McGregor), a série acompanha a ascensão meteórica do estilista, trazendo alguns dos momentos mais marcantes de sua vida, como a amizade com Liza Minnelli (Krysta Rodriguez), o relacionamento com Victor Hugo (Gian Franco Rodriguez) e as noites no emblemático Studio 54.

Além da caracterização e atuação impressionantes de McGregor, o figurino e produção de arte são verdadeiros destaques, que nos transportam imediatamente para os anos 60 e 70. Há também cenas bem explícitas do personagem principal explorando suas aventuras sexuais “às escondidas”. Halston foi indicada ao Emmy e ao Globo de Ouro e está disponível na Netflix.

IT’S A SIN

Abordando o efeito da epidemia da AIDS na geração dos anos 1980, com doses de drama, humor e crítica social, It’s a Sin é mais uma obra imperdível no catálogo da HBO Max.

Criada por Russell T. Davies, responsável por uma das mais importantes séries LGBTIs da TV (Queer as Folk), a minissérie acompanha a trajetória de um grupo de jovens amigos que, em 1981, se muda para Londres na busca por liberdade e autodescoberta. Ao longo de uma década, eles enfrentam as dificuldades impostas por um vírus que parte do mundo decide simplesmente ignorar. No elenco, nomes como Olly Alexander (do grupo Years & Years), Omari Douglas, Callum Scott Howells e Lydia West, com participações especiais de Neil Patrick Harris e Stephen Fry. Na trilha, uma composição inédita e exclusiva de Elton John com Olly também impulsionou o hype da produção.

POSE

Em seu terceiro e último ano, Pose se despediu dos fãs mantendo o status de marco histórico para a televisão por sua representação pioneira e protagonismo trans. Embora não tenha alcançado os pontos altos da temporada anterior – considerada a melhor da série -, a saga de Blanca (MJ Rodriguez), Prey Tell (Billy Porter) e Elektra (Dominique Jackson) continuou comovendo e entretendo o público, mesmo ao lidar com tópicos difíceis, como abuso de substâncias e a epidemia da AIDS.

Desta vez, a série viaja para 1994, enquanto Blanca luta para manter o equilíbrio entre seu novo relacionamento, ser uma mãe e o trabalho como enfermeira. Perto dali, Pray Tell tem de lidar com questões inesperadas de sua saúde, enquanto uma nova casa força os Evangelistas a competirem para manter o legado no ballroom. A terceira temporada está disponível no Star+.

QUEEN OF THE UNIVERSE

Atração recente da Paramount+, este reality musical é quase uma mistura entre RuPaul’s Drag Race e The X-Factor, unindo a arte da montação com performances vocais impressionantes, além de um orçamento digno de dar inveja a produções semelhantes.

No elenco, 14 drag queens internacionais, incluindo personalidades como Jujubee (“Drag Race”), Ada Vox (“American Idol“) e a brasileira Grag Queen – que já desponta como uma das favoritas pelo seu timbre e carisma -, cantam na busca pelo prêmio principal de 250 mil dólares e o título de “Ultimate Queen of the Universe”. O programa é apresentado por Graham Norton e conta com Leona Lewis, Michelle Visage, Trixie Mattel e Vanessa Williams no time de jurados.

SEX EDUCATION

Engraçada, inteligente e emocionante, a série britânica da Netflix retornou neste ano para sua terceira temporada sem perder o charme que a transformou numa das melhores obras audiovisuais sobre a adolescência atual. Agora, a escola Moordale passa pela supervisão de uma nova diretora, Hope (Jemima Kirke), que taca o terror como uma espécime de Damares Alves da ficção.

Destaque para os relacionamentos entre Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells), mostrando a luta de cada um contra suas próprias armadilhas pessoais, Maeve (Emma Mackey) e Isaac (George Robinson) e a introdução de Cal Bowman (Dua Saleh),  personagem não-binárie que rouba as cenas em que aparece.

Por sinal, você pode ler aqui a nossa entrevista exclusiva com Sami Outalbali, que dá vida ao Rahim e falou com a gente sobre a importância da série para a juventude.

YOUNG ROYALS

Após se envolver numa briga em uma boate, o príncipe Wilhelm (Edvin Ryding), filho mais novo da Rainha da Suécia (Pernilla August), é enviado para o prestigioso internato Hillerska, onde seu irmão Erik (Ivar Forsling), príncipe herdeiro, estudou. Lá, o jovem se apaixona por um colega e começa a questionar suas responsabilidades reais enquanto almeja uma vida com mais liberdade.

Young Royals ganhou o carinho do público por trazer um romance LGBTI+ no centro de uma história teen da realeza, ampliando o caminho de sucessos como The Crown e Bridgerton. A produção sueca está disponível no catálogo da Netflix, que já confirmou uma segunda temporada para 2022.

 

BÔNUS: VERDADES SECRETAS

Uma das produções da Globo de maior sucesso popular nos últimos anos, a segunda temporada de Verdades Secretas era aguardada com ansiedade pelo público. Logo no primeiro episódio, já ficou claro que a emissora aproveitou a exibição exclusiva pelo Globoplay para pesar a mão nas cenas picantes, o que nos presenteou com o primeiro beijo grego gay e explícito da nossa teledramaturgia (inclusive, nossas lembranças a The White Lotus). O visual estonteante do mundo fashion que marcou a primeira temporada também voltou com tudo aqui, pelas mãos de Amora Mautner, responsável por direção artística e geral.

Mas nem o apelo visual, as cenas picantes ou o bem recebido romance entre as protagonista Giovanna (Agatha Moreira) e Angel (Camila Queiroz) conseguiram mascarar o desleixo do roteiro supervisionado por Walcyr Carrasco. Entre cenas sem noção, reviravoltas irreais e diálogos risíveis, o resultado chegou a criar vergonha alheia no público em certos momentos. Como o interesse da audiência permanece e uma terceira temporada parece estar no forninho da Globo, fica o nosso desejo e torcida para que a história tente parecer mais verossímil nos capítulos futuros. / João Ker