No 9º episódio de RuPaul’s Drag Race Brasil, com participação especial do humorista Júnior Chicó na bancada de jurades, o top 5 apresentou o primeiro roast de gongação desta edição e demonstrou que a disputa pelo prêmio principal de R$ 150 mil segue cada vez mais imprevisível. Confira abaixo o que achamos.

ATENÇÃO: SPOILERS ADIANTE!

Naza saiu, mas não foi esquecida: uma semana após sua eliminação, a participante ainda ressoa no werkroom, especialmente através de Miranda Lebrão, que aproveitou a ausência da concorrente para dizer o que pensava de fato sobre ela.

“Eu acho que foi tarde. Não ofereceu, não veio aí. Foi indo, indo e iu”, afirmou Lebrão, justificando que, desde o primeiro episódio, Naza não demonstrou a mesma empolgação das demais colegas por integrar o elenco do programa.

O desgosto da carioca é compreensível. RuPaul’s Drag Race é, afinal de contas, a maior plataforma de drag queens do mundo, e o possível “descaso” de uma participante é capaz de gerar insatisfação em qualquer uma que tenha batalhado para estar lá. Porém, não podemos deixar de achar que a atitude foi um tanto covarde. Mesmo ancorada no argumento de que tecer críticas diretamente a alguém pode gerar desconforto, Miranda poderia ter feito seus comentários enquanto Naza ainda estava na competição, ao menos para que ela tivesse seu direito de resposta. Torcemos para que futuramente haja uma reunion, onde elas esclareçam o atrito diretamente.

Em seguida, a sirene toca e Grag Queen aparece no werkroom com o mini-desafio desta semana: em 10 minutos e sem espelho, as participantes têm de se transformar em animais escolhidos aleatoriamente por elas. Shannon Skarllet, que incorpora uma arara cômica, sai vitoriosa. Além dos R$ 5 mil reais de prêmio, ela ganha a chance de escolher a ordem das apresentações no challenge principal – o primeiro roast da edição.

O roast é um desafio bastante comum na versão original da franquia e faz parte da cultura humorística dos Estados Unidos. Por aqui, no entanto, esse exercício saudável de gongação voluntária ainda é pouco difundido, especialmente pelo potencial que tem de cruzar a barreira do que é considerado o “limite do humor” para alguns, já que, afinal de contas, algumas piadas podem ser vistas como ofensivas. Grosso modo, este é um reading challenge mais pesado, em que nada, nem ninguém, está a salvo.

Além de criar piadas bem construídas, é importante também que as locutoras tenham eloquência na hora de dizê-las, sem parecer que estão lendo o material direto do papel, equilibrando o shade com certa leveza e cortesia. Tirar sarro de si é um bom caminho, pois evita que o discurso soe demasiadamente amargurado e ajuda o público a rir junto, sem levar a gongação tão a sério.

Betina Polaroid pareceu ciente disso. Embora suas piadas tenham girado em torno dos mesmos tópicos, a participante conseguiu executá-las de forma bem humorada, não esquecendo de incluir-se na brincadeira. Foi, merecidamente, a ganhadora do broche da semana, pela performance do maxi-challenge e pelo traje inspirado em David Bowie que usou na passarela, cujo tema era Glitter Glam.

Miranda Lebrão foi outro ponto alto do desafio. Seu roteiro parecia o mais completo, com piadas bem elaboradas e golpes certeiros. Porém, a secura da queen foi mal recebida pela apresentadora e até mesmo por parte dos espectadores – que têm cada vez mais pesado a mão na hora de demonstrar alguma insatisfação com o elenco. Se tivesse conseguido tirar sarro de si mesma, como fez Betina, sua entrega talvez soaria menos rude.

Hellena Malditta e Shannon Skarllet tiveram alguns momentos interessantes, mas não conseguiram ser exatamente memoráveis. As duas se ancoraram mais nas próprias personas, naturalmente engraçadas, mas não conseguiram ir além na proposta do desafio. Especialmente Shannon, que sequer preparou um roteiro. Como bem disse a jurada Bruna Braga, “ela caiu no conto do vigário de que comédia é improviso”.

Organzza também não se deu bem. Apesar de algumas boas piadas, a queen transpareceu insegurança e nervosismo, ao mesmo tempo em que sua runway foi um tanto decepcionante para seus próprios padrões elevados de fashion queen.

Antes das deliberações finais, Grag questionou às participantes quem elas achavam que deveria ir para a casa. O momento não poderia ter sido mais oportuno: as 5 queens restantes se tornaram o grupo mais unido da temporada e a pergunta ajudou a lembrá-las de que o programa, afinal de contas, é uma competição – e só uma sairá dali vencedora.

A situação, é claro, gerou climão nos bastidores do untucked, especialmente entre Miranda e Shannon – esta última visivelmente magoada pela opinião da primeira, que disse não vê-la carregando “o peso e o fardo” da coroa neste momento.

Em seguida, chegou a hora do bottom se enfrentar: Organzza e Shannon foram escolhidas como as piores da semana e duelaram suas dublagens ao som de “Festa”, cantada por Ivete Sangalo. Após semanas na expectativa de um lipsync icônico com uma música de DNA brasileiro e nacionalmente reconhecida, as cariocas finalmente entregaram o que queríamos, com sincronia e energia de quebra. A performance garantiu às duas mais uma semana na competição com um merecidíssimo e até aqui inédito double shantay, comemorado por nós e pelo júri.

Assim, chegou ao final mais um episódio de RuPaul’s Drag Race Brasil. Faltando pouco para o grand finale, a competição, felizmente, tem se tornado cada vez mais acirrada, com pluralidade de narrativas para cada participante e um track record que dificulta prever qualquer resposta exata sobre quem será a próxima drag superstar do Brasil. Não reclamamos: se quiséssemos previsibilidade, assistiríamos ao BBB.

Na próxima semana, as 5 queens restantes participarão do desafio de maquiagem com participação de Mauro Sousa, filho do cartunista Mauricio de Sousa, na bancada de jurades. Axé!

RuPaul’s Drag Race Brasil está disponível para streaming no catálogo do Paramount+. No restante da América Latina, a exibição está por conta da WoW Presents Plus. Na televisão, a transmissão está por conta da MTV Brasil, todas as quartas-feiras, às 21h.