Morreu na madrugada desta segunda-feira (30) a drag queen e transformista Lorna Washington, aos 61 anos. Ícone da cena LGBTQIA+, a artista sofreu um infarto e chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, mas não resistiu, segundo informações do G1.

Conhecida como “a Fernanda Montenegro das drags brasileiras”, Lorna era uma figura carimbada e respeitada desde que surgiu nos palcos cariocas, ainda na virada da década de 1980. Ainda este ano, ela foi homenageada pela Pink Flamingo, no Rio, durante a Semana do Orgulho.

“Muito obrigada por toda reverência que recebi na casa LGBTQIAPN+ mais importante na cena carioca. Me emocionei muito e estou muito feliz por receber essas flores em vida!”, escreveu a artista em uma de suas últimas publicações no Instagram.

Lorna foi uma importante ativista tanto pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ quanto pela defesa de pessoas portadoras do vírus HIV, através do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (GAPA). Nos palcos, ela se apresentou em algumas das mais importantes casas noturnas da cena carioca, como Papagaio, Incontrus e Le Boy.

Lorna Washington em cena do documentário que retrata a sua vida (Foto: Reprodução)
Lorna Washington em cena do documentário que retrata a sua vida (Foto: Reprodução)

Nascida em 1961 como Celso Maciel, a artista passou a ser conhecida pelo nome drag mesmo quando estava fora dos palcos. Em 2016, ela foi tema do documentário Lorna Washington – sobrevivendo a supostas perdas, longa dirigido por Rian Córdova e Leonardo Menezes que mostrou como seu bom humor foi eficaz na luta contra as dificuldades impostas pela diabetes, que quase lhe levou uma das pernas.

“Porque eu defendia a causa do HIV, as pessoas já me matavam. Eu não podia ter uma gripe que as pessoas: ‘Ih.. Agora lá vai ele'”, disse Lorna em uma das cenas do documentário.

O nome Lorna Washington surgiu da mistura de sua paixão por Judy Garland e da homenagem a uma amiga de mesmo nome que morava na capital dos Estados Unidos. “O nome veio de duas razões: a primeira é uma grande amiga que eu tenho em Washington, nos Estados Unidos, chamada Lorna. A segunda é que sempre fui apaixonado por Judy Garland, a mãe de Liza Minelli [atriz e cantora norte-americana]. No segundo casamento a Judy teve uma menina chamada Lorna, que é cantora e tem a estrelinha dela na calçada da fama em Hollywood. Quando me pediram um nome artístico, botei ‘Lorna Washington’. Gosto muito, acho forte. Mas vivem me chamando de Losna, Borna e até Norma [risos]”, contou em entrevista à revista Trip.

No ano passado, ela sofreu uma parada cardíaca que deixou sequelas. Ela passou a usar cadeira de rodas e teve perda parcial da audição. Nas redes sociais, ativistas e artistas lamentaram a morte de Lorna Washington.

“Era tão grande que faltam palavras. E ela também sempre dizia: ‘Se quiserem me fazer homenagem, que seja em vida. Se esperarem eu morrer, volto e mando tudo tomar no c*’. E assim irreverente nos fazia rir. Uma lutadora”, escreveu Indianare Siqueira.

A cantora Simone Mazzer também fez uma publicação em homenagem à artista: “O dia amanheceu opaco e mais careta ainda hoje… perdemos Lorna. Essa maravilhosa que amava a arte, o canto, as pessoas e a vida”.

Amiga e colega de palco, a drag queen Karina Karão postou uma foto com Lorna e escreveu na legenda: “Aprendi muito com você e tivemos momentos incríveis juntos. Não vou esquecer nunca do último áudio que mandou e de uma que aprendi com você: FLORES EM VIDA!”.

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