Depois de vários ataques do presidente Andrzej Duda e uma campanha recente pedindo que o país adote “zonas livres” de LGBTs, o bispos da Polônia emitiu no último sábado (29) uma posição oficial “sobre a questão LGBT”. Na Conferência Episcopal Polonesa (KEP, na sigla original), eles defenderam que pessoas da comunidade apresenta, comportamento “moralmente repreensível” e deveriam se submeter a “clínicas” de conversão para recuperarem suas “orientações sexuais naturais” com o auxílio da Igreja Católica.
“É necessário criar clínicas (inclusive com a assistência da igreja) para ajudar pessoas que queiram recuperar a saúde sexual e a orientação sexual natural”, diz um documento de 27 páginas emitido ao final do evento, que marcou a primeira reunião do grupo desde o início da pandemia do coronavírus. No texto, eles admitem que o posicionamento é contrário àquele “considerado científico” e ao “politicamente correto”.
As “clínicas” defendidas pelo episcopado seriam como acampamentos onde as pessoas poderiam entender que ser LGBTQ+ é “um sintoma de feridas em vários níveis da sua personalidade”. Em junho deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu que terapias de conversão fossem mundialmente banidas e que a comunidade internacional precisa reconhecer o “profundo impacto corrosivo” e “desumanizador” da prática.
É importante frisar, entretanto, que a homossexualidade não é considerada uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 17 de maio de 1990. Ainda em 2019, a transexualidade também deixou de ser considerada um transtorno mental pelo órgão internacional e foi retirada da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde (CID).
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Ao todo, o texto da KEP enumera 105 dogmas da Igreja Católica sobre a comunidade LGBT+, sua participação na religião e a educação sexual, divididos em quatro eixos principais. Nele, os bispos ainda afirmam que ser LGBT é uma “prática contrária à natureza e à dignidade humana”, de acordo com os ensinamentos da Igreja Católica sobre “ideologia de gênero”.
O documento afirma que a comunidade LGBT quer promover seus “problemas com orientação sexual” e impor uma “revolução sexual” para priorizar o “sexo cultural” sobre o “sexo biológico”. O “problema”, alegam, não é novo, mas agora o movimento quer equiparar seus direitos aos de casais heterossexuais e ter “suas muitas demandas atendidas”, com a ajuda de “estruturas malignas como a pornografia ou a prostituição”.
Apesar dos absurdos, o episcopado reconhece que os direitos fundamentais de pessoas LGBTs não podem ser feridos em uma democracia e qualquer ataque verbal ou físico é “inaceitável”. Ainda assim, o documento foi criticado por membros poloneses da Igreja Católica. De acordo com a Gay Times, o padre Jacek Prusak teria distorcido a Bíblia e foi publicado para atingir os políticos do país.