As eleições 2020 já bateram um recorde de pré-candidatos autodeclarados LGBTs, de acordo com levantamento realizado pela Aliança Nacional LGBTI divulgado na íntegra nesta quinta-feira (30). Ao todo, foram mais de 450 pré-candidaturas entre pessoas da comunidade, das quais 444 pretendem disputar o cargo de vereador e as outras 12 para prefeito.

Divididos por orientação sexual, a maioria dos pré-candidatos são homens gays (53,7%), seguidos pelas mulheres lésbicas (14%). Transexuais, somando as pré-candidaturas de mulheres trans (58), homens trans (11) e travestis (14), representam 18,2% do total levantado pela ONG, enquanto bissexuais masculinos e femininos somam 9,2%.

No recorte regional, o Sudeste apresenta o maior número de pré-candidaturas, sendo responsável por 46% do total e com o Estado de São Paulo na liderança (110), seguido pelo Rio de Janeiro (45) e por Minas Gerais (48), Bahia (45) e Paraná (35). O único estado que não apresentou nenhum pré-candidato até o momento é o Acre, ao mesmo tempo em que a região Norte teve o menor registro de todas as regiões, com apenas 28 pré-candidaturas.

Helena Vieira (PSOL-CE), de Fortaleza, é a única travesti pré-candidata a uma prefeitura, enquanto Lívia Miranda (PCdoB-RJ) é a única mulher autodeclarada lésbica com uma pré-candidatura ao mesmo cargo, em Petrópolis. Paraná e Minas Gerais são os estados com maior número de pré-candidatos LGBTs ao cargo de prefeito, ambos com três homens declaradamente gays.

Em 2018, São Paulo foi o Estado responsável por duas das três deputadas estaduais transexuais eleitas naquele ano: Érica Malunguinho e Érika Hilton, da Bancada Ativista, ambas do PSOL. Ao lado de Robeyoncé Lima, do mandato coletivo Juntas (PSOL-PE), elas marcaram a primeira vez que mulheres trans foram eleitas para o cargo na história do Legislativo brasileiro.

Naquele ano, em entrevista à Híbrida, Érika previu que seu trabalho na Alesp seria dificultado pela maioria de candidatos de direita eleitos em 2018. “Como deputada e LGBT, vou ter um comportamento de manter decretos, leis e emendas – vou ser mais combativa contra os retrocessos do que propositiva”.

Robeyoncé, por sua vez, sinalizou que é preciso aproximar ainda mais a comunidade da discussão política: “O que temos hoje é um distanciamento muito grande, que virou um assunto desagradável. O fato de você se sentir insegura ao sair de casa é política, assim como a falta de medicamentos para trans e a retificação do nome. A galera tem que se empoderar desse debate e ter noção do poder de mobilização que ela tem”.

Erica Malunguinho, Érika Hilton e Robeyoncé Lima (Foto: Alesp | João Ker | Híbrida | André Nery)

Neste ano, a Aliança Nacional LGBTI mapeou um total de 14 mandatos coletivos com pré-candidaturas municipais, todos com orientação política dentro do espectro esquerdista, com quatro se declarando de centro-esquerda e os outros 10 de esquerda.

A esquerda, inclusive, agrega a grande maioria das pré-candidaturas, responsável por 51,5% do total, seguida pelos pré-candidatos de centro-esquerda, que representam 24,8%. Dentre os quatro pré-candidatos LGBTs que se autodeclararam como de extrema-direita, todos são homens cisgêneros, divididos entre dois gays e dois bissexuais, e buscam o cargo de vereador.

O Partido dos Trabalhadores (PT) apresenta até o momento o maior número de pré-candidaturas LGBTs, com um total de 84, seguido pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) com 77, pelo PSOL com 76, e pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), com 58. Já o NOVO e o Democracia Cristã (DC) têm o menor número registrado até aqui, com apenas um pré-candidato cada, ambos no Paraná.

O prazo final para registro das candidaturas termina em 26 de setembro. Após uma PEC aprovada pelo Congresso Nacional, as eleições deste ano foram adiadas por conta da pandemia do novo coronavírus e agora serão em 15 (1º turno) e 29 (2º turno) de novembro.