Nesta semana em RuPaul’s Drag Race Brasil, as 8 queens restantes na disputa pelo prêmio de R$ 150 mil participaram do antecipadíssimo Snatch Game e entregaram o melhor episódio da temporada, com a presença de Kéfera na bancada de jurades. Abaixo, confira o que achamos.

ATENÇÃO: SPOILERS ADIANTE!

É um novo dia no werkroom e as participantes, após a eliminação de Aquarela, tiveram de se preparar rapidamente para um ensaio maternal, inspirado numa das maiores personalidades da cultura pop brasileira: a Grávida de Taubaté.

Não há dúvidas de que o mini-challenge desta semana, vencido por Miranda Lebrão, tenha sido um dos mais divertidos até então. Utilizar a falsa mãe de quadrigêmeos como personagem para protagonizar um típico desafio de fotografia foi uma ótima ideia por parte dos produtores e ansiamos para que mais momentos abrasileirados como esse façam parte da temporada daqui em diante.

Se já não bastasse um bom começo, o maior destaque veio ainda pela frente com o desafio principal. Após muita espera, foi a vez dele: um Snatch Game para finalmente chamar de nosso!

O quadro, exibido pela primeira vez durante a 2ª temporada regular dos Estados Unidos, tornou-se um verdadeiro marco do reality e, antes mesmo de a versão brasileira ir ao ar, fãs já especulavam nomes de personalidades que poderiam divertir no popular jogo de imitação drag.

Quem é espectador assíduo de RPDR sabe que, para se dar bem no Snatch Game, não basta apenas escolher uma celebridade engraçada. É preciso ir além, incorporar o desafio, entender a dinâmica com os outros participantes e ter sagacidade suficiente para responder de improviso as perguntas feitas pelos apresentadores à frente do quadro.

Começamos com Hellena Malditta, que deu vida a Narcisa Tamborindeguy. Amada por seus excessos, Narcisa é uma figura bastante previsível para servir como imitação: há inúmeros bordões e trejeitos que partiram de seu repertório, afinal. Na mão de uma queen menos talentosa, a socialite poderia virar uma mera caricatura, mas Malditta soube incorporá-la por completo e usar seus chavões em momentos certeiros. Da caracterização até o timing cômico, não houve nenhum deslize por parte da queen, que mereceu vencer, mais uma vez, o broche da semana.

Inês Brasil é outra personalidade esperada para um quadro como esse – seu visual é memorável e suas frases nunca se tornaram datadas dentro da comunidade LGBTQIA+, que a abraça desde quando se tornou meme em 2013. Ela foi escolhida por Shannon Skarlett, que não teve a mesma destreza de Malditta em conduzir a personagem. Concordamos com Kéfera: foi uma ótima Inês Brasil enquanto esteve calada.

Dallas de Vil, que passou as últimas semanas figurando entre as piores, enfim ressuscitou. Sua Dilma Rousseff parece ter sido estudada e praticada previamente, mas não a ponto de se tornar engessada. Da saudação à mandioca até o discurso de que “vai todo mundo perder”, Dallas usou a ex-presidenta de forma cômica e nada desrespeitosa – um lugar pouco comum entre humoristas que decidem incorporar figuras da política nacional.

Rubi Ocean, no entanto, falhou como Marília Gabriela. A apresentadora é uma figura difícil de interpretar para além de sua voz característica e a queen, que não optou por muita inventividade e se alongou demais ao tentar responder as perguntas, não conseguiu se sobressair de forma positiva durante o desafio.

Este também parece ter sido um problema para Organzza, que escolheu a cantora Maria Bethânia. Há em Bethânia gestos clássicos, que chegaram a ser utilizados pela participante, mas nada além disso. Sua performance faltou dimensão e ficou parada no mesmo tom ao longo do episódio.

Márcia Sensitiva, outra reconhecida personalidade da internet brasileira, é uma figura fácil de replicar. Ainda assim, Naza não obteve sucesso. Ela parecia estar se divertindo, mas não o suficiente para transformar todos os ganchos de Grag Queen em piada.

O oposto aconteceu com Betina Polaroid, que aproveitou o próprio timbre para imitar Regina Rouca. Não foi uma performance extraordinária, mas a carioca soube usar bem todos os pequenos momentos que teve a seu favor.

Miranda Lebrão, que já elogiamos anteriormente por sua habilidade enquanto comediante, escolheu uma versão mais light da argentina Paola Carosella. Suas piadas, na maior parte do tempo, giraram em torno dos delírios lésbicos sobre a chef e apresentadora, e na mão de uma queen menos esperta, este certamente se tornaria um artifício cansativo. Mas Miranda sabe se dosar e, como bem foi dito pela jurada Bruna Braga, consegue dar espaço às suas adversárias sem ofuscar a própria luz.

Feito o Snatch Game, chegou a hora da passarela. Inspirada em Carmen Miranda, as participantes trouxeram recriações dos adereços de frutas utilizado pelo ícone brasileiro. Shannon Skarllet, com sua homenagem às lavadoras, e Miranda Lebrão, trazendo uma versão made in Saara do traje da artista, foram dois grandes destaques do episódio.

Porém, quando Malditta surgiu no palco, não houve dúvidas de que esta semana seria dela. Além de uma excelente Narcisa, a queen não apenas apareceu belíssima na runway, como fez um manifesto em prol do SUS e da disponibilização gratuita da PrEP. Sua conversa no werkroom, contando como descobriu ser soropositiva, foi um dos momentos mais emocionantes da temporada e esperamos que ajude a favorecer cada vez mais o acesso universal ao sistema público de saúde.

Rubi Ocean e Naza, que não se deram bem no Snatch Game e não comoveram na passarela, formaram o merecido bottom da semana e duelaram ao som de “Shine It On”, de Wanessa Camargo. Provavelmente, o melhor lipsync da temporada até o momento, com cada competidora apresentando seu próprio tipo de dublagem. O estilo frenético de Naza, com espacates e muito bate-cabelo apropriados à canção, garantiram-lhe mais uma semana na competição.

E chegamos ao fim de mais um episódio. Apesar de alguns tropeços sentidos anteriormente (especialmente no que diz respeito à edição), esta semana RuPaul’s Drag Race Brasil entregou aos fãs um capítulo redondo, divertido e com análises justas – exatamente no molde do que alguns dos melhores da franquia são capazes de oferecer.

Na próxima semana, as 7 queens restantes terão de criar looks duplos com participação da atriz Maria Casadevall na bancada de jurades. Axé!

RuPaul’s Drag Race Brasil está disponível para streaming no catálogo do Paramount+. No restante da América Latina, a exibição está por conta da WoW Presents Plus. Na televisão, a transmissão está por conta da MTV Brasil, todas as quartas-feiras, às 21h.