Um relatório independente, divulgado na última quinta-feira (20), apontou que o papa emérito Bento XVI, afastado da vida pública desde sua renuncia há nove anos, teria acobertado quatro casos de pedofilia na Alemanha entre os anos de 1977 e 1982, quando ainda era arcebispo na arquidiocese de Munique. As informações foram apresentadas pelos advogados do escritório jurídico Westpfahl Spilker Wastl (WSW), responsável por investigar acusações de abuso sexual na Arquidiocese de Munique e Freising entre 1945 e 2019.

De acordo com a publicação, Bento XVI, que à época dos crimes era conhecido como Cardeal Joseph Aloisius Ratzinger, encobriu quatro clérigos suspeitos de casos de abuso sexual de menores, além de não ter dado apoio às vítimas. O papa se aposentou em 2013 e foi substituído pelo Papa Francisco no mesmo ano.

Martin Pusch, advogado da WSW e um dos responsáveis pela investigação, disse que o papa emérito pode sim ser acusado de má conduta nos casos suspeitos. Segundo o advogado, dois dos quatro episódios ocorreram durante seu mandato e, além de terem sido julgados, os acusados se mantiveram ativos dentro da Igreja.

Nesta segunda (24), Ratzinger admitiu ter estado presente numa reunião ocorrida em 15 de janeiro de 1980 sobre a situação do padre Peter Hullerman – como apontava a investigação. Hullermann, acusado de abusar sexualmente de crianças, foi julgado em 1986, mas se aposentou apenas em 2010.

Após a publicação do relatório, o Vaticano manifestou “vergonha” e “remorso” pelo abuso sexual de crianças na Igreja, em comunicado oficial.