As Eleições 2024 resultaram neste domingo (6) em um recorde de candidaturas LGBTQIA+ eleitas, com 225 representantes em 190 cidades por todo o Brasil., um total quase três vezes superior aos 78 representantes da comunidade eleitos no último pleito municipal.

Esses novos mandatos marcam um avanço significativo na representatividade política da comunidade para a promoção de direitos humanos, a luta contra a discriminação e a busca por políticas inclusivas, garantindo que as pautas de diversidade e igualdade ganhem mais espaço e relevância nos debates públicos e legislativos do país.

O levantamento foi feito pelo VoteLGBT para a campanha Cidades+LGBT, que busca ampliar a participação política e social da comunidade nos municípios brasileiros. Segundo mostra a pesquisa, dos 225 representantes, 222 foram eleitos para o cargo de vereador, e apenas 3 para as prefeituras.

Os números mostram que a maior parte dos eleitos são do gênero masculino, com 62% de homens contra 38% de mulheres. Vale lembrar que o Tribual Superior Eleitoral (TSE) não coleta informações sobre pessoas intersexo e não binárias. Dos 225 representantes, 100 se declaram gays, 40 lésbicas, 34 bissexuais e 18 assexuais. A maioria também é cisgênero (67,6%).

Amanda Paschoal (PSOL) foi a quinta vereadora mais votada em São Paulo nas eleições 2024 (Foto: Reprodução/Instagram)
Amanda Paschoal (PSOL) foi a quinta vereadora mais votada em São Paulo nas eleições 2024 (Foto: Reprodução/Instagram)

A distribuição por raça mostra uma maioria de brancos (46%), seguido por pardos (29%), pretos (23%), amarelos (1.5%) e indígenas (0,5%). O Sudeste foi a região que mais elegeu pessoas LGBTQIA+, com 42 candidatos eleitos; seguido pelo Nordeste, com 62; o Sul, com 45; o Norte, com 15; e o Centro-Oeste, com 11.

Eleições 2024: candidaturas LGBTQIA+ que se destacaram

A pessoa LGBTQIA+ mais votada foi Amanda Paschoal (PSOL), travesti eleita com mais de 108 mil votos na cidade de São Paulo, onde chegou na 5ª posição entre todas as candidaturas da capital paulista.

No Rio de Janeiro, a bissexual Tainá de Paula (PT) garantiu sua permanência na Câmara de Vereadores, com 50 mil votos. Monica Benício (PSOL), viúva de Marielle Franco, também foi reeleita como vereadora com mais de 25 mil votos na capital fluminense.

Já em Natal, Thabatta Pimenta (PSOL) foi eleita a primeira vereadora trans da história da capital do Rio Grande do Norte, com cerca de 7 mil votos, sendo a sexta mais votada.

Tainá de Paula (PT) foi reeleita no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Instagram)
Tainá de Paula (PT) foi reeleita no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Instagram)

Os dados também mostraram que as candidaturas de esquerda prevaleceram entre os LGBTQIA+ e representaram quase metade (49,8%) dos eleitos, seguidas pela do centro, com 29,8%; e da direita, com 20,4%. O Partido dos Trabalhadores foi a sigla que mais elegeu pessoas da comunidade (61), à frente do PSD (26) e do PSOL (18).

O crescimento da representatividade nas eleições de 2024 reflete um momento de transformação social e política no Brasil. O movimento já tinha começado nas eleições municipais de 2020 e continuou ganhando força no pleito seguinte, que também registrou um recorde de candidaturas LGBTQIA+ eleitas para o Congresso Nacional, inclusive com a chegada das primeiras parlamentares transexuais, Erika Hilton (PSOL) e Duda Salabert (PDT).

Com mandatos espalhados em diferentes regiões do país, os eleitos têm a oportunidade de reforçar o compromisso com a defesa dos direitos da comunidade, enfrentando desafios como a violência e a discriminação, além de ampliar o acesso da nossa população a serviços públicos que nos são garantidos por lei, mas muitas vezes negados na prática.

A ampliação dessa diversidade nas esferas de poder não só fortalece a democracia, mas também garante que vozes historicamente marginalizadas possam participar ativamente da construção de um futuro mais inclusivo e igualitário, no momento em que a extrema-direita ainda se mostra fortalecida, após eleger diversos prefeitos e vereadores apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que, hoje, conseguem inclusive compor a maioria dos parlamentares no Congresso e influenciar diretamente nos avanços e/ou retrocessos legislativos que o Brasil tem observado nos últimos anos.