Na manhã desta quarta-feira (5), Jair Bolsonaro se referiu a pessoas portadoras do vírus de HIV como “uma despesa para todos os brasileiros”. A declaração foi dita durante conversa com jornalistas no Palácio da Planalto, enquanto o presidente defendia a campanha recém-lançada pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, para combater a gravidez precoce com abstinência sexual.

“O Alexandre Garcia [jornalista da Globo] comentou que a esposa dele, que é obstetra, atendeu uma mulher que teve primeiro filho aos 12 anos, o segundo aos 15 e no terceiro já estava com HIV. Uma pessoa com HIV, além de ter um problema sério para ela, é uma despesa para todos aqui no Brasil“, disse Bolsonaro.

Em 10 de janeiro de 2019, o governo exonerou Adele Benzaken, ex-diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais, após o ministro da Saúde Luiz Henrique Mendetta defender que a pasta investiria em ações que não “ofendessem” as famílias. Ele também ordenou que fosse retirada do ar uma cartilha de saúde para o homem trans, alegando que o “pump”, usado para aumentar o clitóris, poderia oferecer riscos à saúde.

Exonerada em 10 de janeiro de 2019, Adele Benzaken foi responsável por políticas de prevenção ao HIV como a oferta do PrEP pelo SUS e a cartilha de saúde do homem trans (Foto: Elza Fiuza | Agência Brasil)
Exonerada em 10 de janeiro de 2019, Adele Benzaken foi responsável por políticas de prevenção ao HIV como a oferta do PrEP pelo SUS e a cartilha de saúde do homem trans (Foto: Elza Fiuza | Agência Brasil)

Nesta manhã, o presidente ainda defendeu a campanha lançada por Damares, que prega a iniciação tardia do sexo e foi duramente criticada por não apresentar embasamento científico que comprove sua eficácia. “Essa liberdade que pregaram ao longo [do governo] do PT todo, que vale tudo, se glamoriza certos comportamentos que um chefe de família não concorda, chega a esse ponto, uma depravação total. Não se respeita nem sala de aula mais”, declarou.

Vale lembrar que, em outubro do ano passado, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) defendeu que políticas voltadas para a comunidade LGBTI fossem inseridas na pasta de Direitos Humanos, que durante o governo Bolsonaro extinguiu essa responsabilidade do ministério. A proposta foi negada por 248 votos.

Leia abaixo matéria da nossa 1ª edição, “Levanta e Luta”, sobre chegada da Prep ao Brasil pelo SUS, seu um passo importante no combate ao HIV, e seu efeito na vida sexual de brasileiros:

COMO A PREP PODE MUDAR A VIDA SEXUAL DOS BRASILEIROS
COMO A PREP PODE MUDAR A VIDA SEXUAL DOS BRASILEIROS