Nesta quarta-feira (21), mais uma importante conquista da população transgênera e LGBTQIA+ foi feita na história do Brasil: o PSOL-Rede elegeu a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) como a liderança do partido na Câmara, tornando-a a primeira mulher transexual e travesti a ocupar tal cargo no Congresso Nacional.

Aos 31 anos, Erika irá suceder Guilherme Boulos como líder da sigla na Casa, comandando um grupo de 14 parlamentares. O professor, por sua vez, passa a se dedicar à campanha à Prefeitura de São Paulo.

“Pela 1ª vez na história uma mulher trans liderará uma bancada no Congresso e negociará de igual para igual com todos os líderes partidarios, na defesa do projeto eleito em 2022 e na base do governo Lula. Agradeço ao meu partido pela confiança e ao querido Guilherme Boulos por passar esse bastão após a sua liderança exemplar em 2023, que muito nos orgulhou!”, escreveu nas redes sociais.


À GloboNews, a parlamentar comemorou a conquista histórica: “No primeiro país do mundo que ainda nos mata, nós hoje podemos comemorar a chegada de um corpo trans ao colégio de líderes da Câmara dos Deputados, um espaço que sem sombra de dúvida é conservador, díficil e reacionário, mas nós chegaremos ali para mostrar que nós também sabemos fazer política”.

“Esta será uma liderança marcada pela construção, pela positiva da propositiva de construirmos consensos em um Brasil tão dividido que sempre nos colocou da porta pra fora. Chegou o momento de sentarmos à mesa, a mesa de negociatas, a mesa do poder, com desafios que nós já conhecemos – desafios esses que nós já enfrentamos na nossa vida”, completou.

Erika também antecipou que sua liderança servirá como espelho para a população trans na sociedade: “Nossa vida não foi uma vida limada dos desafios, nós temos o desafio como premissa e esse é mais um dos desafios que nós, que eu representarei com muita alegria e satisfação e representarei não só em meu nome, não só em nome do PSOL, mas em nome das milhares e milhões de vozes que sempre foram silenciadas pelo poder público no nosso país.”

Em 2022, Erika foi eleita com mais de 256 mil votos para o primeiro mandato como deputada federal pelo estado de São Paulo. Ela e Duda Salabert (PDT-MG) se tornaram as primeiras parlamentares trans na história da Casa. Anteriormente, ela já havia atuado como vereadora, co-deputada estadual e presidido a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de SP.

Um ano depois, ela chegou a ser incluída, ao lado de Duda, como uma das “lideranças do futuro” em lista feita anualmente pela revista TIME. Essa foi a segunda aparição de Erika na revista em uma listagem do tipo.

“Acho que vamos começar a pautar, discutir e enxergar coisas que nunca foram nem avaliadas. Abrimos uma fenda sem volta do escancarar da presença trans e travesti nos espaços, como o parlamento. […] Conseguiremos reeducar a sociedade de alguma forma para nos enxergar com outros olhos, derrubar os estereótipos da nossa sociedade e nos humanizar ainda mais”, revelou com exclusividade à Híbrida à época de sua eleição como deputada federal.

Com felicidade, podemos dizer que suas promessas e ambições, sem dúvidas, parecem estar se tornando realidade!