O Ministério da Saúde anunciou na última semana a distribuição de 5,6 milhões de unidades de um “novo” medicamento para tratar o HIV. O tratamento, que será oferecido através do Sistema Único de Saúde (SUS), é na verdade a combinação de dois antirretrovirais já utilizados no Brasil, que agora podem ser tomados em um único comprimido, de dose única.

Hoje, o principal tratamento para impedir o avanço do HIV é uma combinação de três remédios: lamivudina, dolutegravir e tenofovir. O novo medicamento adquirido pelo governo federal é uma coformulação dos dois primeiros, em doses respectivas de 50mg e 300mg.

“Para os pacientes que não podem tomar o tenofovir por alteração óssea ou renal, hoje a gente faz o tratamento com dois comprimidos, dois de lamivudina e um de dolutegravir. Então, ele tomava três comprimidos. Agora, com a chegada dessa medicação coformulada, ele toma um comprimido só”, afirma o infectologista Rodrigo Molina, professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Para o paciente, a melhora é poder fazer o tratamento com apenas um comprimido, em dose única, e não três.”

Por causa da baixa quantidade de doses disponíveis até o momento, o novo tratamento só está liberado para pacientes que atendem aos seguintes critérios:

  • Idade igual ou superior a 50 anos;
  • Adesão regular;
  • Carga viral menor que 50 cópias no último exame;
  • Ter iniciado a terapia dupla até 30/11/2023.

“Os novos pacientes que precisarem migrar para esse tratamento ainda não vão conseguir, pelo quantitativo disponível. Mas ele facilita só por ser um comprimido único, não tem tanta novidade assim que não utilizássemos antes”, avalia Molina.

Segundo o Ministério da Saúde, as 5,6 milhões de doses já foram distribuídas aos estados e ao Distrito Federal. A pasta também informa que pretende rever os critérios de adesão ao tratamento daqui a seis meses, observando, por exemplo, a tendência de crescimento das prescrições e a disponibilidade em estoque.

A aquisição do medicamento, uma parceria entre a Fiocruz e as farmacêuticas ViiV Healthcare Company e GlaxoSmithKline, faz parte da estratégia do governo federal de eliminar o HIV e a Aids como problemas de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado houve um investimento de R$ 1,8 bilhão para combater a doença no país.

Ainda em outubro de 2023, o governo federal anunciou que pretendia receber 10,8 milhões de unidades do remédio até o fim do ano e outras 30 milhões ao longo de 2024.

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“Além de ter dosagem mais simples e redução da carga de comprimidos, diminui o potencial para interações medicamentosas e efeitos colaterais”, afirmou à época Jorge Mendonça, diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz). “Ao final desta transferência de tecnologia, Farmanguinhos/Fiocruz estará com autonomia para realizar todas as etapas produtivas do medicamento, garantindo qualidade e praticidade para os pacientes do SUS.”