Aos 19 anos, Bella Ramsey revelou que se identifica como não-binárie e de gênero fluído em janeiro deste ano, afirmando que não se importa em ser tratada no masculino ou no feminino. Agora, a artista que aos 11 anos integrou o elenco de Game of Thrones e, mais recentemente, deu vida à personagem Ellie, na primeira temporada de The Last of Us, tem ainda mais a dizer sobre a maneira como as grandes premiações prestigiam o talento de pessoas que recusam o binarismo de gênero.
Em entrevista à Vanity Fair, Bella comentou sobre a falta de espaço que artistas não-bináries têm nas premiações ao refletir sobre o desconforto que sentiu quando se inscreveu para as categorias “extremamente binárias” da próxima edição do Emmy.
“As categorias neste momento parecem extremamente divididas por gênero com a linguagem usada ao redor delas. Eu não quero que as limitações em termos de linguagem nas categorias sejam uma razão para que atores e atriz não-bináries como eu não possam ser celebrados… E isso pode abrir uma conversa sobre como é – pelo tanto que eu sei que (o que temos agora) não é o ideal, mas também que encontrar alternativas é realmente complexo”, disse.
Nas premiações como o Emmy, Oscar e Globo de Ouro, as performances são divididas entre “Melhor Atriz” e “Melhor Ator”, sobrando pouco espaço para quem não se identifica com uma decisão tão arbitrária de gênero. Porém, a maré parece estar virando.
Em 2022, o BRIT Awards revelou que iria fundir as principais categorias de atuação nos prêmios de Artista do Ano e Artista Internacional do Ano, com a intenção de “celebrar artistas exclusivamente por suas músicas e trabalhos, em vez de como decidem se identificar ou como outros os percebem”. No entanto, quando a última edição foi anunciada, nenhuma mulher e nenhum artiste não-binárie chegaram a ser nomeados, o que gerou crítica entre o público.
“Para (pessoas não-bináries), ter uma voz e ser parte dessas discussões e conversas é muito importante… Eu espero que haja mais espaço para pessoas não-bináries serem reconhecidas em (futuras) categorias”, disse.
Em entrevista ao New York Times, Bella já havia reclamado do binarismo presente nas categorias das grandes premiações de atuação: “Eu acho que meu gênero sempre foi fluido. […] Alguém me chama de ‘ela’ e eu não pensaria nisso, mas sei que se me chamassem de ‘ele’ seria mais atraente”.
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Atuando desde os 11 anos, quando começou a carreira no elenco de Game Of Thrones (HBO), Bella também já contou que se identifica “bastante como apenas uma pessoa”: “Ter gênero não é algo que eu particularmente goste, mas em termos de pronomes, eu realmente não poderia me importar menos”, disse.
A discussão provocada por Bella também já foi expressa por outros artistas. Justin David Sullivan, que estrelou a peça & Juliet, decidiu retirar seu nome das indicações do Tony por não se sentir incluse nas categorias. “Eu não irei me mudar para me confirmar ou caber dentro das regras de qualquer pessoa”, revelou. O mesmo aconteceu com Asia Kate Dillon, de Billions, que se recusou a ser nomeada na grande premiação do teatro.
No Dia da Visibilidade Trans, Bella compartilhou com seus seguidores uma foto antiga de quando ainda era crianças e escreveu: “Feliz Dia da Visibilidade Trans para esse rapazinho! Eu não conhecia a palavra ‘não-binárie’ nessa foto. Mas eu sabia o que ela queria dizer. Por dentro. Porque eu sempre fui e sempre serei”, disse na publicação, dedicada “com muito amor” aos “amigos trans, nb e dissidentes de gênero”.
Resta saber se daqui em diante ocorrerá alguma mudança efetiva nas principais premiações que possa contemplar devidamente o talento de pessoas não-bináries sem precisar excluir outras minorias ao longo do processo.