Em 1992, o Brasil elegia a primeira travesti para um cargo político de sua história. Kátia Tapety, travesti, negra, residente no município de Colônia do Piauí, 388 quilômetros ao sul da capital Teresina, ingressou no Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM), pelo qual foi eleita vereadora em 1992, 1996 e 2000, sempre como a mais votada.

Foi também presidenta da Câmara Municipal no biênio 2001–2002. Em 2004, Tapety foi eleita vice-prefeita na chapa com Lúcia de Moura Sá. A candidatura de ambas contou com 62,13% dos votos dos 5.417 eleitores da pequena cidade. Kátia mais tarde se afiliaria ao Partido Popular Socialista (PPS), atual Cidadania, que então abrigava Ciro Gomes, seu ídolo político.

Katia tem um filme sobre a história de sua vida. O documentário “Kátia” (Karla Holanda, 2012) nos apresenta como travesti/mulher trans piauiense lidou com o preconceito ainda na infância para, hoje, ser reconhecida e respeitada entre seus conterrâneos e vereadora mais votada do município. Assista abaixo:

Kátia estudou apenas até a terceira série do ensino fundamental e, depois disso, foi mantida em casa por seus pais, de onde saiu aos 18 anos. Em 1995, ela apareceria no programa de Jô Soares, como parte de uma geração de pessoas trans que dedicaram suas vidas para nossa luta. “Apanhei sim, mas não dava jeito. Não era porque eu quisesse, Jô, entende?”, disse rapidamente.

Kátia Tapety hoje tem 71 anos e mora em Colônia do Piauí (Foto: Reprodução)
Kátia Tapety hoje tem 71 anos e mora em Colônia do Piauí (Foto: Reprodução)

Hoje com 71 anos, Kátia, uma mulher sertaneja simples, segue inspirando gerações e é uma pessoa muito querida por todes que a conhecem.

Em 2016, tivemos oito vereadoras trans eleitas. Já em 2018, três deputadas estaduais, negras e nordestinas. Até o momento, não há registro de homens trans eleitos. Esperamos que nas eleições 2020, que já quebrou o recorde de maior candidaturas LGBTQ da história brasileira, mais pessoas trans sigam o exemplo de Kátia e entrem nessa disputa por representatividade na política. Com compromisso pela defesa da democracia, dos direitos humanos, cidadania da população trans e na luta antifascista!

Obrigada por tudo Kátia!!!

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Em 1992, o Brasil elegia a primeira travesti para um cargo político de sua história. . Kátia Tapety, travesti, negra, residente no município de Colônia do Piauí, distante 388 quilômetros ao sul de Teresina, a capital piauiense, ingressou no PFL pelo qual foi eleita vereadora em 1992, 1996 e 2000 (sempre como a mais votada). Foi também presidenta da Câmara Municipal no biênio 2001–2002. Em 2004 foi eleita vice-prefeita na chapa de Lúcia de Moura Sá. A candidatura de ambas contou com 62,13% dos votos dos 5.417 eleitores da pequena cidade. Katia tem um filme sobre a história de sua vida. . O documentário Kátia (Disponível no youtube) conta a história da primeira travesti/mulher trans eleita para um cargo político no Brasil em 1992. . Além de mostrar como nasceu Kátia Tapety, o filme nos apresenta a trajetória política da travesti piauiense que lidou com o preconceito na infância, que hoje é reconhecida e respeitada entre seus conterrâneos. Ela foi a vereadora mais votada de seu município por três vezes consecutivas e chegou a vice-prefeitura da cidade de Colônia do Piaui, entre 2004 e 2008. Esteve no programa do Jô Soares e faz parte de uma geração de pessoas trans que dedicaram suas vidas para nossa luta. . Hoje com 71 anos, Kátia, uma mulher sertaneja simples, segue nos inspirando gerações e é uma pessoa muito querida por todes que a conhecem. . Obrigada por tudo Kátia!!! . Em 2016 tivemos 8 vereadoras trans eleitas. 2018, 3 deputadas estaduais, negras e nordestinas. Até o momento, não há registro de homens trans eleitos. Esperamos que em 2020, mais pessoas trans sigam o exemplo de Kátia e entrem nessa disputa por representatividade na política. Com compromisso pela defesa da democracia, dos direitos humanos, cidadania da população trans e na luta antifascista! . Por Bruna Benevides

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