O papa Francisco fez um novo aceno de respeito à comunidade LGBTQIA+ nesta semana ao acolher uma mulher transexual e dizer que “Deus nos ama como somos”. O comentário foi divulgado pela mídia oficial do Vaticano na última terça-feira (25) e ocorreu durante a participação do pontífice em um podcast.

No programa, o papa Francisco, de 86 anos, respondeu mensagens de áudio enviadas por jovens antes de um festival da juventude católica que acontecerá em Portugal na próxima semana. Uma das pessoas era Giona, italiana de 20 e poucos anos que confessou se sentir “dividida pela dicotomia entre a fé [católica] e a identidade transgênero”.

Francisco respondeu: “O Senhor sempre caminha conosco… Mesmo que sejamos pecadores, Ele se aproxima para nos ajudar. O Senhor nos ama como somos, este é o amor louco de Deus”. O papa também disse a famosa frase “quem sou eu para julgar” ao responder uma pergunta específica sobre homossexuais.

O que o papa Francisco diz sobre pessoas LGBTQIA+?

Esta é a última em uma série de declarações contraditórias que o papa Francisco já fez em relação à comunidade LGBTQIA+ desde que iniciou seu papado, em 2013. Ainda no ano passado, o pontífice recomendou aos pais de jovens da comunidade: “Apoiem seus filhos se eles forem gays“.

O comentário foi feita durante uma audiência semanal no Vaticano, na qual ele falou sobre as dificuldades de criar uma família. À época, os comentários vieram menos de uma semana após o surgimento das acusações de que seu antecessor, papa Bento XVI, teria acobertado crimes de pedofilia na Igreja Católica, quando ainda era arcebispo na Alemanha.

Em relação ao casamento homoafetivo, entretanto, Francisco já defendeu a união civil sob a alegação de que os casais “são filhos de Deus“, mas um ano depois disse que “Deus não abençoa o pecado“.

Em um documento assinado pelo papa em 2021, a Igreja Católica estabelece uma diferença entre “acolher” e “abençoar” pessoas LGBTQIA+ ou casais homoafetivos. O texto defende que reconhecer uniões entre pessoas do mesmo sexo seria confuso e poderia equiparar essas relações ao casamento.

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Durante a pandemia, nós contamos aqui que o papa Francisco também ajudou uma comunidade de transexuais e trabalhadoras sexuais com doações de alimentos, produtos essenciais e dinheiro durante a quarentena do coronavírus.

Antes, o Vaticano havia emitido um documento oficial defendendo que a liberdade de gênero “aniquila as noções da natureza” e “o que constitui masculino ou feminino” é definido pela biologia. Já em 2015, Francisco durante uma entrevista que a “teoria de gênero” não “reconhece a ordem da criação”, comparando-a com manipulação genética e armas nucleares.

Os posicionamentos de Francisco em relação à comunidade, por mais contraditórios que sejam, têm sido contestados por membros conservadores da Igreja Católica, mesmo que o pontífice se refira consistentemente ao ensino tradicional da doutrina, de acordo com o qual a atração pelo mesmo sexo não é pecaminosa, mas os atos com mesmo sexo são.

Espera-se que uma próxima cúpula mundial de bispos, marcada para outubro de 2024, discuta a posição da Igreja em relação às pessoas LGBTQIA+, mulheres e católicos que se divorciaram e se casaram novamente fora da Igreja.