As cinebiografias estão com tudo em 2022! Para se ter uma ideia, só na categoria de Melhor Atriz da próxima cerimônia do Oscar, que acontece no próximo domingo (27), três das cinco indicadas fazem parte de um filme baseado em histórias reais – Jessica Chastain por viver a televangelista Tammy Faye em Os Olhos de Tammy Faye; Kristen Stewart na pele da Princesa Diana em Spencer; e Nicole Kidman como a atriz Lucille Ball em Apresentando Os Ricardos.

Aproveitando esse frenesi, montamos uma lista com 15 filmes, séries e minisséries inspirados em casos reais de pessoas relevantes, de algum modo, para a comunidade LGBTI+. E bom, para facilitar o seu lado, nos atemos aos títulos que estão disponíveis em alguma plataforma de streaming do Brasil ou, no máximo, em algum catálogo de locação digital por aqui. Tem dramalhão, documentário, filme nacional e até mesmo a história de uma serial killer. Confira:

THE ANDY WARHOL DIARIES (Netflix)

Esta nova minissérie documental da Netflix, dirigida por Andrew Rossi e com produção executiva de Ryan Murphy, é dividida em seis episódios e traz pequenas histórias de um dos mais renomados artistas plásticos da modernidade, incluindo casos sobre sua conturbada juventude; a fuga para Nova York, aos 20 anos; sua relação com a própria sexualidade; e a proximidade com Jean-Michael Basquiat, outro nome influente do cenário artístico. The Andy Warhol Diaries consegue misturar a intimidade de seu protagonista – já que os casos relatados são inspirados em escritos de seu próprio diário – com a impessoalidade tecnológica, ao trazer uma inteligência artificial recriando a voz do pintor para narrar o documentário. Uma produção interessante e que promete agradar os grandes fãs da arte pop.

BOHEMIAN RHAPSODY (Star+)

Nesta obra dramatizada da história de Freddie Mercury, acompanhamos alguns dos anos mais importantes de sua: da formação original do Queen até a apresentação no Live Aid de 1985 – seis anos antes de o vocalista morrer por complicações da AIDS. Apesar de entreter os fãs saudosistas da banda e servir para apresentar (mesmo que a grosso modo) à Geração Z um dos artistas mais representativos da comunidade LGBTI+, Bohemian Rhapsody peca por não explorar melhor a bissexualidade de Mercury e por cair nos clichês típicos das cinebiografias atuais. Ainda assim, o filme foi o mais premiado na cerimônia do Oscar 2019, vencendo as categorias de Melhor Montagem, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Ator (Rami Malek). Disponível para streaming no Star+.

FLORES RARAS (HBO Max)

Inspirado no livro Flores Raras e Banalíssimas, de Carmen L. Oliveira, Flores Raras (2013) conta a história do tumultuoso romance entre a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares e a poetisa americana Elizabeth Bishop, que se conheceram em 1951 durante uma vinda de Bishop ao Rio de Janeiro para se hospedar na casa da amiga Mary Morse. Embora não se conectem a princípio, logo as duas mulheres acabam se apaixonando uma pela outra. O filme é dirigido por Bruno Barreto e conta com Glória Pires e Miranda Otto nos papéis principais. Disponível na HBO Max.

A GAROTA DINAMARQUESA (Youtube e Apple TV)

Em A Garota Dinamarquesa, descobrimos mais sobre a relação entre Gerda Wegener (Alicia Vikander, num papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) e sua musa inspiradora, Lili Elbe – considerada uma das primeiras mulheres a passar pela cirurgia de designação sexual. Passados sete anos desde a sua estreia, o filme de Tom Hooper ainda rende controvérsias pela escalação de Eddie Redmayne, um ator cisgênero, para viver uma personagem trans. Ele inclusive revelou recentemente ter se arrependido do trabalho, dizendo que aceitar fazer o longa foi um erro. Saiba mais sobre a história de Lili Elbe em nossa coluna História Queer. A Garota Dinamarquesa está disponível para locação no Youtube e na Apple TV.

GIA – FAMA E DESTRUIÇÃO (HBO Max)

Baseado na história de Gia Carangi, reconhecida como a primeira supermodelo da história queridinha de marcas como Versace, Saint Laurent e Diane von Fürstenberg, Gia – Fama e Destruição mostra sua ascensão meteórica no final da década de 1970 e a posterior queda, envolvendo seu vício por cocaína e heroína, o que coincidiu com a sua morte prematura em decorrência da AIDS. Gia é interpretada por Angelina Jolie, que venceu o Emmy de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV por este papel. Disponível na HBO Max.

HALSTON (Netflix)

https://www.youtube.com/watch?v=ObaYtkq3DVo

Mais uma canetada de Ryan Murphy, a minissérie é inspirada na história real do estilista Roy Halston (vivido aqui por Ewan McGregor), nome que ganhou destaque na indústria da moda a partir da década de 1960. Acompanhando sua ascensão meteórica, Halston traz alguns dos momentos mais marcantes de sua vida, como a amizade com Liza Minnelli (Krysta Rodriguez), o relacionamento com Victor Hugo (Gian Franco Rodriguez) e as noites no emblemático Studio 54.

Além da caracterização e atuação impressionantes de McGregor, o figurino e produção de arte são verdadeiros destaques da série, que de tão dedicados e precisos, nos transportam imediatamente para os anos 60 e 70. Disponível na Netflix.

O JOGO DA IMITAÇÃO (HBO Max e Amazon Prime)

https://www.youtube.com/watch?v=NM4GZ3NQvxQ

Inspirado na história do “pai da computação”, o matemático Alan Turing, O Jogo da Imitação aborda sua história durante a Segunda Guerra Mundial e sua imprescindível ajuda para realizar a quebra do Enigma, o código usado usado pela Alemanha Nazista para enviar mensagens aos submarinos. Embora tenha ajudado a apresentar a genialidade ímpar de Turing ao público, o filme foi criticado por não ter se aprofundado num aspecto importantíssimo de sua vida: o fato de que ele era LGBTI+. Saiba mais sobre a história de Turing em nossa coluna História Queer. O Jogo da Imitação está disponível na HBO Max e no Amazon Prime.

JUDY: MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS (Star+)

Dentre os vários legados de Judy Garland, está o de ter sido alçada ao posto de ícone pela comunidade LGBTQ+, seja por sua interpretação de Over the Rainbow, pela trajetória marcada por dificuldades e vícios ou por seu papel como Dorothy ter rendido um código secreto para o reconhecimento de homens gays. Na biografia estrelada por Renée Zellweger – em papel que lhe rendeu seu segundo Oscar -, os altos e baixos de sua carreira e de sua vida pessoal são narrados por Ruper Goold, que foca na última turnê realizada pela artista antes de sua morte. Disponível no Star+.

MARIELLE: O DOCUMENTÁRIO (Globoplay)

Apesar de reconhecermos todos os problemas em torno da direção de José Padilha nesse documentário, precisamos também levar em consideração que a série recebeu o aval da família de Marielle Franco. E problemáticas de lado, é inegável que nas mãos da Globo a história e mensagem da vereadora carioca, laureada ícone da resistência e luta por direitos humanos no Brasil, atingem um público maior do que em outras plataformas. Para quem só conheceu seu nome após a trágica execução sua e de Anderson Gomes, essa é uma ótima oportunidade para se aprofundar em tudo o que ela fez e defendeu ao longo de sua breve, porém inspiradora trajetória. Disponível na GloboPlay.

MILK: A VOZ DA IGUALDADE (Telecine, Star+ e Amazon Prime)

Milk: A Voz da Igualdade é baseado na história do ativista Harvey Milk, o primeiro homem assumidamente gay eleito para um cargo público no Estado da Califórnia, como membro da Câmara de Supervisores de São Francisco. Dirigido por Gus Van Sant (Elefante, Gênio Indomável, Garotos de Programa), o filme permite que entendamos as dinâmicas da luta de Milk e acompanhemos sua trajetória política sem, em nenhum momento, se tornar maçante. Sean Penn, que acabou vencendo o Oscar de Melhor Ator pelo papel principal, entrega uma performance carismática e é bem acompanhado pelo restante do elenco, que inclui nomes como Alison Pill, Diego Luna, Emile Hirsch, James Franco e Josh Brolin. Disponível para streaming no Telecine e Star+ e locação no Amazon Prime.

MONSTER: DESEJO ASSASSINO (HBO Max e Amazon Prime)

Aileen Wuornos se tornou uma das serial killers mais famosas da história, especialmente por um fato intrigante quando observamos outros nomes que a acompanham em listas do tipo: era uma mulher. Sua triste trajetória, envolvendo os assassinatos que cometeu e seu romance com Tyria Moore (Selby Wall no filme, interpretada por Christina Ricci), rendeu um Oscar de Melhor Atriz à Charlize Theron, que aqui, entrega uma das melhores performances de sua carreira. Um dos principais acertos de Monster: Desejo Assassino, além da escalação de Theron, é compreender sua personagem principal, tratando-a como uma vítima da sociedade e da misoginia, em vez de uma simples vilã. O filme foi dirigido por Patty Jenkins (responsável pelas novas versões da Mulher Maravilha) e está disponível na HBO Max e Amazon Prime.

MRS. AMERICA (Star+)

Em Mrs. America, seguimos o embate entre algumas das principais mulheres da segunda onda feminista, como Gloria Steinem (interpretada por Rose Byrne), Betty Friedan (Tracey Ullman), Shirley Chisholm (Uzo Aduba, vencedora do Emmy de Melhor Atriz Coadjuvante em Minissérie ou Filme), Bella Abzug (Margo Martindale) e Brenda Feigen-Fasteau (Ari Graynor) contra uma nova onda reacionária, encabeçada pela conservadora Phyllis Schlafly (Cate Blanchett). O embate tem como pano de fundo a disputa pela Emenda dos Direitos Iguais durante a década de 1970 nos Estados Unidos.

Ao longo de nove episódios, é possível enxergar os temidos paralelos entre passado e presente, num roteiro inteligente, que evita subestimar a inteligência do espectador, além de atuações impressionantes por todo o elenco. A minissérie está disponível no Star+.

ROCKETMAN (Netflix)

O longa de Dexter Fletcher narra a trajetória de Elton John desde suas primeiras aulas de piano como o pequeno e tímido Reggie Dwight (vivido pelo ótimo Matthew Illesley) até sua ascensão meteórica como um dos artistas britânicos de maior sucesso da história (interpretado por Taron Egerton). Ao contrário de outras cinebiografias, Rocketman foca nos demônios pessoais do artista, narrando suas lutas com a dependência em álcool, drogas e sexo, ao mesmo tempo em que mostra a raiz desses problemas. Confira nossa crítica completa sobre o filme aqui. Disponível na Netflix.

VENENO (HBO Max)

A minissérie da HBO Max é baseada no livro Not A Whore, Not A Saint, de Valeria Vega, que conta a história da maior artista transsexual da Espanha: a cantora, atriz e prostituta Cristina Ortiz (1964-2016). La Veneno, como Ortiz se tornou popularmente conhecida no país, é interpretada na série de Javier Calvo e Javier Ambrossi por três atrizes diferentes, cada uma representando uma fase de sua vida.

Veneno é mais um grande exemplar da safra atual de obras audiovisuais que retratam o universo LGBTI+ de forma tocante sem precisar apelar para a violência gratuita, além de servir como uma bela homenagem à sua musa inspiradora.

VITA E VIRGÍNIA (Youtube e Apple TV)

Elizabeth Debicki e Gemma Arteton vivem Virginia Woolf e Vita Sackville-West, respectivamente, neste filme que narra a história pouco conhecida do romance entre as duas personalidades durante a década de 1920. Vita, vivaz e livre, rejeitou os padrões heteronormativos de sua época, tendo se relacionado com outras mulheres e até mesmo se envolvido com um homem gay. Já Virginia, mais intelectual e reservada, não demonstrava interesse em nenhum tipo de relacionamento sexual, mas, ainda assim, acabou seduzindo a socialite. Saiba mais sobre a história de Vita Sackville-West em nossa coluna História Queer. Vita e Virgínia está disponível para locação no Youtube e Apple TV.